O Brasil ocupa a quinta posi��o mundial em mortes violentas de mulheres. A taxa chega a 4,8 homic�dios em cada 100 mil. Nos primeiros oito meses de 2019, s� em S�o Paulo, o n�mero de feminic�dios aumentou 44%. Em Bras�lia, ocorreram 34 assassinatos por quest�o de g�nero no ano passado, e come�ou 2020 amargando o luto pelo assassinato de quatro mulheres, motivado pelo machismo.
A legisla��o penal se tornou mais rigorosa para esses crimes, elevando a pena m�nima de seis anos para 12 anos, e a m�xima de 20 para 30 anos. Mas isso n�o inibiu a f�ria masculina. Os homens seguem desafiando a lei. Agridem e matam. Contam com o benef�cio da progress�o de pena por bom comportamento para ter a redu��o do tempo de priva��o de liberdade. Ningu�m poder� garantir que n�o repetir�o o ato letal fora do pres�dio.
O machismo � a for�a propulsora da covardia dos assassinos. Em pleno s�culo 21, os homens ainda se sentem propriet�rios ou da companheira, ou da namorada, ou da ex-esposa. � a coisifica��o da mulher. Para eles, � inadmiss�vel ser deixado por ela, e a puni��o para esse tipo de insurg�ncia � a morte. Um racioc�nio torpe e f�til.
As autoridades reconhecem que h� muita dificuldade em prevenir esse tipo de crime, que ocorre, na maioria das vezes, entre quatro paredes. Mas os pedidos de socorro das v�timas da viol�ncia dom�stica ou as den�ncias de amea�as do ex-companheiro n�o s�o considerados como deveriam, seja pela pol�cia, seja pelo Judici�rio. No ano passado, uma mulher foi morta, no meio da rua, diante do filho, ap�s sair de uma delegacia, no Distrito Federal, onde foi pedir prote��o policial devido �s amea�as do ex-marido.
H� grande desleixo das autoridades quanto �s demandas das mulheres em situa��o de risco. Perdeu sentido o velho ad�gio popular “em briga de marido e mulher, n�o se mete a colher”. Os movimentos feministas e a maturidade natural das sociedades inverteram a m�xima. Agora, em conflito de casal, n�o s� se mete a colher, mas se denunciam as agress�es morais, psicol�gicas e f�sicas, antes que ocorra o assassinato. A legisla��o prev� e resguarda o anonimato de quem alerta a pol�cia para uma briga violenta de casal.
O aumento dos casos de feminic�dio est� associado � falta de educa��o para equidade de g�nero, tema que deveria ser tratado desde a inf�ncia, em casa, e se estender ao ambiente escolar. A quest�o tem que merecer do poder p�blico uma aten��o especial. Os jovens precisam ser educados dentro dos par�metros da cultura de paz, com destaque para a igualdade de direitos de homens e mulheres, mas, sobretudo, no que tange ao respeito a qualquer pessoa.
Os agressores tamb�m necessitam ser reeducados e submetidos a tratamento voltado � sa�de mental. S�o provid�ncias urgentes, que deveriam constar da pauta das pol�ticas p�blicas voltadas ao universo feminino. Deveriam, ainda, ser temas de campanhas educacionais. N�o se trata de sublima��o das bandeiras de luta dos movimentos feministas, mas quest�o urgente, pois � a vida de mulheres e o futuro de crian�as e jovens que ficam �rf�os de m�e devido ao desatino de um machista.