O Brasil atingiu mais uma triste marca de mortes em decorr�ncia da COVID-19. Foram registrados ontem 3.251 �bitos em todo o pa�s. Um n�mero tr�gico no dia da estreia de Marcelo Queiroga como ministro da Sa�de. Se ele j� tinha consci�ncia do enorme desafio ao assumir a pasta, n�o resta d�vida de que a miss�o de gerir a maior crise da sa�de de todos os tempos ser� tarefa herc�lea. E isso num momento em que as expectativas s�o de piora.
At� h� algumas semanas, a situa��o de Belo Horizonte, comparada com outras capitais, era menos alarmante, reflexo das medidas de isolamento tomadas ao longo de todo o ano passado e in�cio deste, e tamb�m da posi��o firme do prefeito Alexandre Kalil.
O que era motivo de algum alento, no entanto, virou passado. A capital dos mineiros – assim como todas as capitais do pa�s, cidades grandes, m�dias e pequenas – virou um cen�rio para um filme de terror na porta dos hospitais, onde pacientes e suas fam�lias s�o as v�timas indefesas e sem ter a quem pedir socorro.
Como mostrou o Estado de Minas, os hospitais particulares e p�blicos de BH passaram de seu limite. Mais de 100% dos leitos para COVID-19 estavam ocupados na segunda-feira e ontem tiveram pequeno al�vio, com refor�o de 27 leitos na rede SUS.
Mas nada indica que a situa��o v� melhorar em curto prazo. Basta ver o que vem ocorrendo nas cidades do interior do estado, inclusive da regi�o metropolitana, onde os leitos tamb�m se esgotaram e a �nica op��o das fam�lias � trazer o doente para hospitais da capital.
Em entrevista ao EM, o infectologista Una� Tupinamb�s fez um diagn�stico preciso da situa��o. Em algumas frases do m�dico, o resumo da gravidade do que estamos vivendo: “Belo Horizonte tem um risco real de entrar em colapso”; “Estamos no pior momento da pandemia”; “A gente n�o achava que ia chegar nessa situa��o”; “� um cen�rio de filme de terror. N�o tem para onde correr”.
� compreens�vel que boa parte da popula��o relute em aceitar as medidas de fechamento de segmentos do com�rcio n�o essencial. Um lojista, ao justificar ter desrespeitado as regras, disse que “preferia morrer de COVID a morrer de fome”.
O desespero do comerciante tem de ser levado em conta, claro, e medidas precisam ser tomadas pelos governos, em todas as esferas – municipal, estadual e fede- ral –, para mitigar as perdas daqueles que n�o t�m outros meios de garantir o seu sustento.
Mas isso n�o pode se sobrepor �s a��es necess�rias para conter a pandemia. E, entre elas, o isolamento � essencial, principalmente porque n�o temos ainda vacinas suficientes para imunizar a po- pula��o. Se n�o for assim, Belo Horizonte corre s�rio risco, como outras capitais, de viver o que aconteceu em Manaus, com pacientes morrendo na porta de hospitais, sem atendimento e sem oxig�nio.
