R�mulo Belfort
Presidente da Associa��o de Moradores do Bairro Buritis (ABB)

"Mesmo ap�s um ano do fim do inqu�rito policial, fam�lias das v�timas da Backer aguardam respostas, tanto em �mbito c�vel como no criminal. E o que elas t�m? Processos praticamente parados "
Quarenta e duas pessoas intoxicadas, 11 mortas. H� quase dois anos, familiares das v�timas da cerveja Backer aguardam a decis�o judicial. A a��o foi distribu�da em janeiro 2020. Em 8 de junho do ano passado, o inqu�rito foi conclu�do, ou seja, h� mais de um ano. Tr�s meses depois, em 8 de setembro, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) ofereceu den�ncia. As fam�lias das v�timas continuam sem respostas.
Os investigadores da Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG), brilhantemente direcionados pelo delegado que presidiu o inqu�rito, analisaram, estudaram e produziram os mais de oito volumes que foram entregues � Justi�a, com todas as provas que ningu�m jamais havia coletado, indicando diretamente os respons�veis. Afinal, morte de pessoas por intoxica��o com dietilenoglicol em cerveja foi algo in�dito no Brasil.
Infelizmente, foi-se o tempo em que as pessoas n�o morriam envenenadas ao tomar cerveja. No final do m�s passado, um policial militar da reserva morreu, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, ap�s ingerir cerveja. Dessa vez, a intoxica��o pode ter sido provocada por dimetilglicol. Um inqu�rito foi instaurado.
Em abril deste ano, um homem foi preso em Juatuba, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, acusado de tentar matar a pr�pria esposa. Como ele agiu? Colocando dietilenoglicol na cerveja que ela bebeu.
A morte do policial militar e a intoxica��o da mulher seriam resultados da certeza da impunidade?
Mesmo ap�s um ano do fim do inqu�rito policial, fam�lias das v�timas da Backer aguardam respostas, tanto em �mbito c�vel como no criminal. E o que elas t�m? Processos praticamente parados, cujas movimenta��es se resumem em precat�rias e mandados que v�o de um lado para o outro.
Em consulta ao site do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG), por meio do n�mero do processo, percebe-se que em 27 de outubro do ano passado houve movimenta��o concluindo para julgamento. E depois disso? Mandado vai, mandado vem. Conclui-se para despacho e mais mandados.
E a�, podem tentar explicar que a demora esteja relacionada ao n�mero de v�timas. N�o justifica. Todas morreram pelo mesmo veneno, jorrado no tanque de produ��o por irresponsabilidade, imper�cia, descaso dos produtores e donos da mesma empresa.
Inqu�rito conclu�do h� um ano. Processo parado h� oito meses. E mais nada. O resultado disso? A certeza da impunidade e a multiplica��o da dor dos que perderam seus entes queridos.
A Justi�a mineira n�o pode virar as costas para esse caso, que abalou as estruturas econ�micas e sociais do povo belo-horizontino.
N�s, da Associa��o do Bairro Buritis, acompanhamos todos os acontecimentos, sentimos a dor dos envolvidos – nossos vizinhos e amigos. Vamos vigiar e cobrar uma solu��o justa para as v�timas, com a devida puni��o dos respons�veis.