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Estado de Minas artigo

Braille: responsabilidade de todos


03/02/2022 04:00


Regina Oliveira
Coordenadora de editorial e revis�o da Funda��o Dorina Nowill para Cegos, integrante do Conselho Ibero-Americano do Braille

Desde os prim�rdios, a humanidade busca por recursos tecnol�gicos para facilitar a sua vida na Terra. Isso o levou � descoberta do fogo, � inven��o da roda e ao desenvolvimento da linguagem. H� cerca de 5 mil anos, caracteres gr�ficos come�aram a ser utilizados pelas mais diversas civiliza��es como um meio de comunica��o.

Para as pessoas cegas, por�m, a comunica��o escrita s� teve in�cio mil�nios depois, em 1825, quando um sistema revolucionou a vida dessas pessoas: o braille. Com seis pontos, que combinados entre si permitem a representa��o do alfabeto, n�meros e simbologias, a t�cnica leva o sobrenome de seu criador, Louis Braille, e se tornou pioneira ao permitir mais autonomia e independ�ncia das pessoas com defici�ncia visual.

Em 4 de janeiro se celebra o Dia Mundial do Braille. E, mesmo com todos os avan�os tecnol�gicos, esse continua sendo o �nico m�todo eficaz de alfabetiza��o de crian�as e adultos cegos.

Considerado um sistema universal e natural de leitura e escrita, o braille pode ser adaptado a todos os alfabetos do mundo – recentemente, ganhou escrita guarani, no Paraguai. Al�m disso, � o �nico meio que permite o contato direto das pessoas cegas com os textos escritos, acionando a mesma �rea do c�rtex cerebral que � utilizada com a leitura visual.

Ou seja: a alfabetiza��o de uma crian�a cega por meio do Sistema Braille � imprescind�vel para o seu desenvolvimento neuropsicomotor. � somente lendo textos impressos ou por meio de uma linha braille que essa crian�a vai aprender ortografia e toda a simbologia das diferentes �reas do conhecimento (portugu�s, matem�tica, f�sica etc.).

Nos �ltimos anos, contudo, o advento de novas tecnologias tem se sobreposto a esse m�todo. Recursos como tablets e computadores, livros falados e digitais, leitores de tela, internet, smartphones e tantos outros, ao mesmo tempo em que ajudam na educa��o e profissionaliza��o das pessoas com defici�ncia visual, se tornam um risco para a extin��o do sistema.

H� algum tempo, Fredric K. Schroeder, vice-presidente da Federa��o Nacional dos Cegos dos EUA, vem alertando para o fato de que cerca de 90% das crian�as cegas americanas j� est�o crescendo sem aprender a ler e escrever. Para o especialista, isso acontece justamente porque elas est�o optando por recursos digitais em detrimento ao braille, preferindo uma leitura passiva, e n�o estimulante. � um fen�meno que muitos chamam de desbrailliza��o.

Se essa realidade n�o for mudada, em breve todas as crian�as que nascerem cegas ou que perderem a vis�o na primeira inf�ncia ser�o consideradas analfabetas funcionais.

E a quem cabe a responsabilidade de impedir essa grande trag�dia? A todos.

As fam�lias devem conhecer e se orgulhar do sistema natural de escrita e leitura utilizado por seus filhos cegos, participando e incentivando a sua alfabetiza��o. Os professores precisam conhecer o Sistema Braille, estar conscientes da sua import�ncia e buscar recursos para prover a educa��o inclusiva. A comunidade escolar deve entender que o esse sistema n�o � algo folcl�rico, e sim um recurso capaz de oferecer �s crian�as cegas as mesmas oportunidades de aprendizado oferecidas �s videntes.

E mais: as institui��es especializadas devem conscientizar os pais ou respons�veis sobre essa import�ncia, incluindo-os nas atividades relacionadas ao braille de maneira l�dica, e destruindo atitudes negativas e preconceituosas. Os governantes devem garantir a oferta de livros did�ticos de qualidade, adaptando-os de acordo com as necessidades de cada um. As editoras de livros, ao elaborar o texto de obras did�ticas, devem ter plena consci�ncia de que esse conte�do ser� compartilhado por p�blicos com diferentes necessidades. Enfim, todos t�m um papel fundamental.

Se cada um desses segmentos assumir de fato a sua responsabilidade, o braille poder� ser oferecido e aproveitado em toda a sua genialidade, como um sistema que por quase 200 anos vem permitindo que milhares de pessoas cegas vivam com independ�ncia e autonomia.


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