Uma pesquisa divulgada nesta semana mostrou o triste dado de que o Brasil desperdi�a 40% do talento de suas crian�as, ou seja, apenas 60% do capital humano potencial, nascido em 2019, ser� alcan�ado ao completar 18 anos. Os c�lculos integram um estudo in�dito do Banco Mundial – o Human Capital Project –, iniciativa lan�ada para servir de alerta aos governos quanto � import�ncia do investimento em pessoas.
Nesta semana, coincidentemente, tamb�m foi disseminada a not�cia de que o mineiro Arthur Abrantes, natural de Paracatu (MG), tornou-se, h� pouco mais de um m�s, o primeiro brasileiro negro formado na Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas institui��es de ensino do mundo. E isso em 2022.
O relat�rio mais recente do Plano Nacional de Educa��o (PNE), divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), em 24 de junho, revela que 35 indicadores apresentados no documento est�o com n�vel de execu��o menor do que 80%. Este � o 8º ano do PNE, proposto em 2014 com vistas a 2024 como par�metro de como a educa��o brasileira est� em um prazo de 10 anos.
A dois anos de chegar ao fim, seria plaus�vel que todos ou quase todos os indicadores tivessem alcan�ado o percentual. De 56 indicadores, a estimativa � de que apenas 43 conseguiram chegar a pelo menos 50% do esperado – o que � considerado pelo coordenador-geral de instrumentos e medidas educacionais do Inep, Gustavo Henrique Moraes, como um "avan�o limitado" da educa��o brasileira durante a vig�ncia do PNE.
Outro dado que chama a aten��o s�o as taxas de profici�ncia escolar, medidas pelo Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica (Saeb) do Inep. Essa avalia��o � feita no 2º ano do ensino fundamental. E o dado que se tem � de que apenas 34,2% dos estudantes nesse est�gio podem ser conside- rados alfabetizados na l�ngua p�tria – no caso, na l�ngua portuguesa, e somente 31,7% est�o no n�vel desejado de compreens�o matem�tica.
N�o bastando o item anterior, o atendimento escolar de crian�as entre 6 e 14 anos retrocedeu para o n�vel anterior ao PNE, isto �, a taxa de cobertura caiu abaixo de 96% pela primeira vez em 10 anos, sendo que a meta do Plano � de que todas as crian�as nessa faixa et�ria estejam na escola, sem exce��o.
De acordo com a Unesco, quatro em cada cinco pa�ses do mundo destinam menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para investimentos em pesquisas cient�ficas, com destaque para a China e os Estados Unidos, que concentram 60% da produ��o. No Brasil, a porcentagem � de 1,26%, contra 1,79% da m�dia mundial. O valor investido pelo governo federal em 2020 em ci�ncia e tecnologia – R$ 17,2 bilh�es – foi menor do que o montante aplicado em 2009 – R$ 19 bilh�es.
E, por fim, o Brasil ainda tem pela frente uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) destinada a investigar den�ncias de corrup��o no Minist�rio da Educa��o. Embora as apura��es devam ficar para depois das elei��es, a oposi��o amea�a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que os trabalhos do colegiado sejam iniciados o mais prontamente poss�vel.
O que todos esses fatos t�m em comum? A educa��o brasileira pede socorro. E isso inclui uma grande parcela de pessoas – professores, instrutores, disciplin�rios, diretores, supervisores… enfim, servidores de toda a cadeia educacional deste pa�s est�o agonizando. A caminhada � longa e depende da cria��o de bases s�lidas, do ensino b�sico ao superior, seja ele p�blico ou privado. E isso em 2022.