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Estado de Minas editorial

A desconfian�a e o risco Brasil

Paulo Guedes tenta mostrar um otimismo que cada vez tem menos cr�dito para investidores


25/07/2022 04:00





O pa�s hoje � visto com ressalvas por investidores estrangeiros, seja pelo avan�o do desmatamento da Amaz�nia e den�ncias envolvendo popula��es ind�genas, seja pela tens�o pol�tica, seja pelo aumento dos gastos p�blicos. Uma combina��o que eleva o chamado risco Brasil, afasta investidores da bolsa de valores e leva ao aumento da taxa de juros, al�m pressionar a cota��o do d�lar, que ,depois de flertar com um patamar abaixo de R$ 5, voltou a subir.

Tudo isso mesmo com a Receita Federal divulgando uma arrecada��o total de R$ 181 bilh�es em junho, o que representa alta de 17,96% em rela��o ao mesmo m�s do ano passado. Com isso, o total arrecadado nos seis primeiros meses do ano chegou a R$ 1,1 trilh�o. Mas esses recursos, o maior montante para o m�s e para um semestre, n�o ser�o suficientes para cobrir os gastos do governo, com o d�ficit fiscal este ano devendo chegar a R$ 65 bilh�es.

Indicador da desconfian�a dos investidores em rela��o � sa�de fiscal do pa�s, o risco Brasil est� acima de 300 pontos desde 5 de maio , e no �ltimo dia 18 fechou em 364 pontos. Em dezembro de 2021, o indicador estava em 220,9 pontos, o que mostra o avan�o da falta de confian�a no Brasil este ano. � por tr�s desse movimento que a bolsa de valores (B3) opera abaixo de 100 mil pontos e n�o deve superar esse patamar novamente at� o fim do ano, com o capital internacional migrando para os Estados Unidos e a Europa, que oferecem menor risco e est�o elevando seus juros – o Banco Central Europeu (BCE) subiu a taxa em 0,5 ponto semana passada, na primeira eleva��o em 11 anos. E tanto nos EUA quanto no Velho Continente, a tend�ncia � de que a alta se mantenha.

Com o mundo temendo uma recess�o global e os juros refletindo o aumento das incertezas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta mais uma vez mostrar um otimismo que cada vez tem menos cr�dito para investidores. Ao divulgar os n�meros da arrecada��o, Guedes afirmou que o Brasil est� em um novo ciclo de crescimento prolongado. Detalhe: o governo prev� avan�o do PIB em 2% este ano, mas para o mercado o crescimento ser� de 1,75%. Ou seja, a taxa de expans�o da gera��o de riqueza est� muito aqu�m do necess�rio para dinamizar a economia brasileira, que deve se expandir apenas 0,5% no pr�ximo ano.

Guedes pode considerar que crescer por crescer � o plano, mas nem de longe o desempenho da economia brasileira favorece a redu��o do imenso contingente de pessoas passando fome no pa�s e o grande n�mero de brasileiros sem trabalho. E esse baixo crescimento ocorrer� com a infla��o em alta, pressionada pela eleva��o do custo das commodities em todo o mundo.

Um corte de impostos baixou os pre�os dos combust�veis, da energia, das comunica��es e do transporte p�blico a f�rceps, e vai promover uma redu��o moment�nea desses servi�os, mas n�o o suficiente para trazer a infla��o para a meta fixada pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN), de 3,5% para este ano, com toler�ncia de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. E o pr�prio governo j� admite que n�o cumprir� tamb�m a meta de 2023, de 3,25%, com a mesma toler�ncia. Para este ano, a previs�o � de que o IPCA feche acima de 7%, enquanto no ano que vem o mercado prev� alta de 5%.

Em meio ao baixo crescimento econ�mico e � infla��o elevada, o otimismo de Guedes desconsidera os riscos fiscais para os quais ele fechou os olhos ultimamente, contrariando inclusive princ�pios do liberalismo que diz seguir. Nesse contexto, seria mais proveitoso que o governo se esfor�asse para mostrar aos investidores estrangeiros o potencial de investimentos em infraestrutura e do mercado brasileiro, com mais de 210 milh�es de habitantes.

Uma boa iniciativa seria mostrar aos embaixadores de na��es com representa��o diplom�tica no Brasil as possibilidades e potencialidades do pa�s. Mas essa oportunidade foi desperdi�ada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que optou por repetir ao corpo diplom�tico ataques e suspeitas sobre as urnas e elei��es, contribuindo n�o para trazer os estrangeiros para investir no pa�s, mas sim aumentando a percep��o de risco sobre o Brasil.


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