Kleber Santos
Escritor do livro “Entre muros e morros”
e refer�ncia em assuntos LGBTQIAP+
O pink money, dinheiro rosa em tradu��o livre, remete � comercializa��o de produtos para o p�blico LGBTQIAP , isto �, o poder de compra de gays, l�sbicas, bissexuais, transexuais, travestis, intersexo, queer, assexuais e pansexuais. Pesquisa da Associa��o Internacional Out Now Leadership apontou que esse p�blico representa 7% do PIB brasileiro. Mas, o que essa tend�ncia de mercado indica?
Assim como o capital rosa, o black money e o green money tamb�m representam oportunidades com p�blicos espec�ficos, no caso, pessoas pretas e causas ambientais, respectivamente. As express�es, mais do que palavras, ressaltam a import�ncia do consumo ideol�gico – tanto de consumidores, que ditam h�bitos, quanto dos diversos setores de mercado, posicionados diante de causas sociais diversas.
O consumo ideol�gico � um verdadeiro ato pol�tico, pois, ao contr�rio de uma massa alienada, defendida por teorias comunicacionais ultrapassadas, como da agulha hipod�rmica, o consumidor moderno se preocupa com os discursos de representantes das marcas, os projetos financiados e, at� mesmo, os fornecedores.
J� fugindo da l�gica capitalista seca, quem est� dentro de um consumo ideol�gico exerce a cidadania, � medida que usa seu poder de maneira consciente e construtiva, leia-se aqui, mais que comprar, o poder de escolher. A diversidade � uma realidade e, no caso do p�blico LGBTQIAP , evidencia como uma comunidade com participa��o expressiva na economia nacional requer maior igualdade e pol�ticas p�blicas espec�ficas.
Os exemplos relacionados � economia s�o diversos, desde tratamentos diferenciados no mercado de trabalho � falta de representatividade no cinema e na televis�o. Um caso famoso foi o da Netflix, que, em 2017, lan�ou o document�rio “Laerte-se” sobre o cartunista Laerte Coutinho. Em um coment�rio de uma rede social, um internauta disse que a pessoa deve ser homem ou mulher conforme o que nasce, e acrescentou que opini�o n�o se discute. O perfil oficial da empresa respondeu, exemplificando a diferen�a entre opini�o e opress�o. Parece simples, mas incont�veis membros da comunidade se sentiram representados diante das respostas aos coment�rios preconceituosos.
J� um estudo do IBGE revelou que, entre os casais que moram juntos, os homoafetivos apresentam 65% de renda maior que uma fam�lia composta por heterossexuais. Com movimenta��o de R$150 bilh�es por ano, somente no Brasil, esse p�blico ainda enfrenta dificuldades incoerentes com sua representatividade, levando � reflex�o sobre o fato de a diversidade ser fundamental e necess�ria para um paulatino crescimento brasileiro.