O embate das for�as de seguran�a p�blica com supostos criminosos em S�o Paulo, Rio de Janeiro e Bahia encerram a semana com 45 mortos. No Guaruj�, localizado na regi�o Metropolitana da Baixada Santista (SP), o n�mero de �bitos passou de 10 para 16. No Rio, terminou com 10 v�timas e tr�s feridos, no Complexo da Penha, Zona Norte da capital fluminense. Na Bahia, as interven��es da Pol�cia Militar, iniciadas no fim de julho, em Salvador e nos munic�pios de Cama�ari e Itatim, deixaram 19 mortos, entre eles, uma adolescente de 13 anos.
Neste ano, no Rio de Janeiro, foram mapeados 33 confrontos, que resultaram em 125 mortos. Deste total, 20 a��es policiais deixaram 83 mortos. Os sete maiores confrontos foram na Zona Norte, com 108 pessoas mortas. Na Bahia, em Salvador e na regi�o metropolitana ocorreram 27 chacinas, nos primeiros seis meses de 2023, com um saldo de 97 mortos. Dezoito delas ocorreram durante as opera��es policiais, levando a �bito 65 civis, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Em 2022, a letalidade policial produziu 6.430 v�timas – 17 por dia. Os negros representaram 76,9%, 50,2% dos mortos tinha entre 12 e 29 anos, e 91,4% eram do sexo masculino, segundo os dados do Anu�rio Bras�liero de Seguran�a P�blica. Ainda no ano passado, 173 policiais foram assassinados, sendo que sete em cada 10 estavam de folga.
A cada ano, os n�meros da viol�ncia no pa�s crescem. Eles indicam que as estrat�gias constru�das pela seguran�a p�blica, voltadas para as periferias das grandes cidades, n�o t�m surtido efeito esperado. No entanto, � a popula��o perif�rica, formada por pessoas de baixa renda, menos escolaridade, desprovida de acesso aos servi�os p�blicos, que mais sofre tanto pelas a��es do Estado quanto dos criminosos. Muitos jovens, homens e mulheres s�o executados por agentes da pol�cia mesmo sendo inocentes, mas culpabilizados por residirem pr�ximos aos marginais ou deles serem ref�ns.
Em alguns momentos, as investidas policiais na periferia passam a ideia de uma a��o de vingan�a ou justi�amento. Ocorrem, como no Guaruj�, nesta semana, ap�s a morte de um agente da PM. O mesmo comportamento � observado no Rio e em outras cidades do pa�s. A busca por um criminoso se transforma em chacina. Os grandes chefes do crime – traficantes de drogas e armas –, na maioria das vezes, n�o s�o encontrados e seguem em liberdade, coordenando a barb�rie no pa�s. Essa pr�tica recorrente leva � indaga��o: como funciona a intelig�ncia das for�as de seguran�a? Ou as a��es s�o movidas por impulsos?
A legisla��o criminal brasileira n�o contempla a pena de morte. Cabe aos �rg�os policiais investigar, prender os infratores penais e submet�-lo ao julgamento do Judici�rio, que tem a miss�o e a responsabilidade de definir a puni��o adequada. Obviamente, os policiais t�m direito a se defender de um ataque dos bandidos, muitas vezes, detentores de armas superiores �s da pol�cia. Por�m, n�o est�o autorizados a chegar atirando contra as comunidades, como denunciam moradores afetados pelas a��es das for�as de seguran�a, que levam � morte muitos inocentes e deixam escapar os criminosos. Torna-se fundamental ter uma t�tica pr�-definida, com base em informa��es concretas das equipes de intelig�ncia, para que as atividades tenham efeito positivo e justo.
Bom senso, modera��o e estrat�gia s�o elementos essenciais em quaisquer opera��es policiais. N�o � toa, h� quem tenha medo dos integrantes da pol�cia. Sabe-se que a trucul�ncia n�o � dominante no perfil das corpora��es, treinadas para atuar em defesa da vida, do patrim�nio p�blico e privado. Mas epis�dios como os desta semana, e de outras anteriores, est�o distantes do que espera a sociedade brasileira.