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UMA SEDUTORA F�BULA DE ROCK

Uma das atra��es em Paraty, a jornalista e escritora argentina Mariana Enriquez fala ao Pensar sobre o seu novo romance, inspirado em �dolos da m�sica e estrelado por seres mitol�gicos femininos


postado em 12/07/2019 04:08

A m�sica move Mariana Enriquez (foto). Uma das atra��es da 17ª edi��o da Festa Liter�ria Internacional de Paraty (Flip), a jornalista e escritora argentina conta que escutou “muito rock feminino” enquanto escrevia o novo romance, Este � o mar (Intr�nseca). Can��es de Sharon van Etten, PJ Harvey, Cat Power, Lana Del Rey e do Hole de Courtney Love (citado em ep�grafe) impulsionaram a escrita de “uma pequena f�bula de rock estrelando mulheres em um mundo imagin�rio, com ambientes reconhec�veis, mas irrealistas”, como define a autora em entrevista ao Pensar. O t�tulo do livro tamb�m guarda conex�o musical. Trata-se de uma cita��o de This is the sea, �lbum da banda escocesa The Waterboys, objeto de culto com m�sicas como The whole of the moon e Fisherman's blues. Bem distante da atmosfera de terror realista dos contos de seu livro anterior, As coisas que perdemos no fogo, o fant�stico Este � o mar representa a confirma��o da versatilidade e do talento narrativo de Enriquez. Sobre a Festa Liter�ria Internacional de Paraty (Flip), onde dividir� mesa, no pr�ximo domingo, com o compositor e tradutor Br�ulio Tavares, ela diz: “Sei que a cidade � muito bonita. Espero me divertir, conhecer escritores e livros”.

Como surgiu o novo romance?
Eu escrevi, ao mesmo tempo que as hist�rias, como uma fuga ou jogo. Estou especialmente interessada em escrever sobre terror e estou interessada em pol�tica, mas n�o � tudo o que fa�o ou o que me fascina, nem como escritora nem como pessoa. Eu li muitos quadrinhos, especialmente Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison, e sou f� do rock e de sua mitologia. Eu queria, para sair do clima denso das hist�rias, escrever uma pequena f�bula de rock estrelando mulheres em um mundo imagin�rio, com ambientes reconhec�veis, mas irrealistas. Nem sequer acontece na Am�rica Latina.

Al�m do formato, quais as diferen�as mais evidentes entre As coisas que perdemos no fogo e Este � o mar?
O mais claro � o tom e, claro, o g�nero. As coisas s�o hist�rias do que eu chamaria de terror realista, marcado pelo g�tico, pela pol�tica e pela realidade social, especificamente a Argentina. Este � o mar � um romance fant�stico, menos sombrio, sem elementos de terror e influenciado pela mitologia, rock e mitos antigos.

Como escritora, o que a atrai no universo do rock? Quais os nomes que mais a fascinam? Algum argentino entre eles?
M�sica acima de tudo. Eu escrevo com m�sica, � uma grande influ�ncia na minha escrita e na minha literatura. E tamb�m mitologia: acho que o rock � o �ltimo mito do s�culo 20, com suas narrativas �picas, seus m�rtires, seus her�is, sua est�tica. Eu sou fascinada por Nick Cave, Dirty Three, The Jesus & Mary Chain, Prince, Rolling Stones, Suede, Manic Street Preachers, Bruce Sprinsteen, Dylan, Iggy Pop, Cat Power, David Bowie, The Slits, Joan Jett, Sharon van Etten, PJ Havey, Kate Bush, Debbie Harry, Courtney Love, Nina Simone... Muitos. Em geral, n�o escuto rock em espanhol. Parece um pouco esnobe, mas � verdade. Portanto, n�o argentino em particular, embora eu goste de Spinetta, She Devils e Los 7 Delfines.

A expectativa dos f�s para um encontro com o �dolo James Evans rende uma das passagens mais impressionantes do livro. Descrever as rea��es das f�s, sem julg�-las, foi um dos objetivos de Este � o mar?
N�o julgo os f�s. Eu entendo eles. Parte da escrita foi guiada pelo desejo de reivindic�-los, inclu�-los no fen�meno como parte fundamental e dar-lhes um lugar que nada tinha a ver com zombaria ou desprezo.

Consegue enxergar conex�es entre Este � o mar e a literatura fant�stica latinoamericana?
Acho que h� uma influ�ncia de Borges nas manipula��es do mito – quando eu estava escrevendo, pensei em uma hist�ria como A casa de Asteri�n – ent�o acho que � na tradi��o do Rio da Prata, mas com elementos pop contempor�neos.

Voc� seria a pessoa mais indicada para criar a lenda de Mike Scott? Teria interesse em escrever a biografia do l�der dos Waterboys?
Eu era f� dos Waterboys e ele parece um personagem fascinante. This is the sea � um dos meus �lbuns favoritos e � por isso que escolhi o t�tulo uma vez que decidi que Helena e as Luminosas eram criaturas marinhas. Mike Scott tem que ser escrito por algu�m escoc�s, eu n�o sou a pessoa certa, ele � um artista muito local e muito influenciado pelo seu ambiente e pela hist�ria e m�sica do seu pa�s.

Como a atividade jornal�stica alimenta a sua fic��o?
Nem tanto, eu acho. Talvez pelo est�mulo constante de ter acesso a informa��es e objetos culturais; sou muito curiosa. Em geral, tomo elementos da realidade na minha fic��o, mas depois os distor�o. Acho que o jornalismo exige responsabilidade: com a verdade, com os leitores. A literatura de fic��o, por outro lado, � – deve ser – irrespons�vel e eu gosto dela assim.

O que conhece e aprecia na literatura brasileira?
Conhe�o menos do que gostaria. Gosto de cl�ssicos como Guimar�es Rosa e Graciliano Ramos, gosto muito de Ad�lia Prado, (Ronaldo) Correia de Brito, Ana Paula Maia, Luiz Ruffato. Eu quero ler (mas n�o sei se eles j� foram traduzidos) Ant�nio Xerxenesky e Santiago Nazarian. Acho que vou gostar muito.

Onde est� o terror na Am�rica do Sul nos dias de hoje? No sobrenatural, no cotidiano ou em todas as partes?
Especialmente no cotidiano.


Trecho do livro
“Era verdade que James estava cansado. Por�m, sem a interven��o de Helena, chegaria � velhice, apesar da asma e da coca�na. Ela havia pensado bastante e decidira que transform�-lo em viciado seria bastante tedioso. Pouco a pouco, seguindo os conselhos de Violeta – que provocara com tanto sucesso a �lcera fantasma de Kurt Cobain – fazia James perder o f�lego. As garotas adoravam. Era espantoso ver o quanto queriam v�-lo doente ou morto, tendo em vista que, a princ�pio, elas o amavam mais que tudo. Em uma semana, Helena planejava que James fosse parar no hospital. Estariam em S�o Paulo, o que garantiria uma boa cobertura de imprensa.”


ESTE � O MAR
De Mariana Enriquez
 Intr�nseca
176 p�ginas
R$ 29,90


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