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Estado de Minas TEATRO

Livro de dramaturgia organizado por professoras da UFMG ganha lan�amento em BH

Com tradu��es de trag�dia do grego Eur�pides e de mon�logos in�ditos em portugu�s, "Teatro e tradu��o de teatro- Volume II" ser� lan�ado este s�bado (28), na Casa Relic�rio


postado em 27/09/2019 04:00 / atualizado em 27/09/2019 14:20

Compleanno, de Enzo Moscato, em apresentação no Festival Internacional de Teatro (FIT): escrita rapsódica e fragmentada(foto: Enzo Moscato/FIT/Divulgação )
Compleanno, de Enzo Moscato, em apresenta��o no Festival Internacional de Teatro (FIT): escrita raps�dica e fragmentada (foto: Enzo Moscato/FIT/Divulga��o )

“O massacre dos seres humanos por seus iguais n�o mudou desde a Antiguidade.” Assim Tereza Virg�nia Ribeiro Barbosa, professora de grego e teatro da Faculdade de Letras e da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica a decis�o de encerrar, com a tradu��o da trag�dia grega H�cuba, de Eur�pides (484-406 a.C.), o livro de dramaturgia Teatro e tradu��o de teatro – Volume II, com mon�logos pela primeira vez traduzidos para  o portugu�s de Enzo Moscato, Isidora Stevenson, Dario Fo, Franca Rame e Stefano Benni. S�o dramaturgos de nacionalidades e gera��es distintas – textos em italiano, espanhol e grego – pouco divulgados no Brasil, com tem�ticas universais e arquet�picas, que versam sobre a natureza e a mis�ria humana.

“A hist�ria de H�cuba � emblem�tica. Rainha de Troia, ela encontrou seu filho morto, trazido pelo mar, no mesmo local em que o menino Alan Kurdi foi encontrado, e por motivos bem parecidos. Como m�e, H�cuba, ainda que rainha, n�o difere muito das mulheres dos aglomerados que perdem seus filhos nas desovas de assassinos”, afirma Tereza Virg�nia. Eur�pides coloca em cena trag�dia que se passou h� 2.500 anos, mas segue cotidiana das periferias brasileiras: a completa desola��o das guerras, em que a desumaniza��o do cidad�o � o primeiro passa para que se torne alvo da crueldade do estado, em atos que dissipam fronteiras entre civiliza��o e barb�rie.

Teatro e tradu��o de teatro – Volume II, da Relic�rio Edi��es, � organizado por Tereza Virg�nia Ribeiro Barbosa, pela professora de literatura italiana e tradu��o Anna Palma e pela professora de l�ngua e literatura italianas Ana Maria Chiarini, ambas da Faculdade de Letras da UFMG. Tem como caracter�stica relevante um processo de tradu��o colaborativa de alguns textos in�ditos no Brasil, por meio de uma estrat�gia que, em busca do melhor registro, permite aos envolvidos vivenciar e experimentar sonoridades e sentidos dos voc�bulos traduzidos.

A tradu��o da obra de Eur�pides foi feita pela Trupe de Teatro Antigo, dirigida por Tereza Virg�nia. “O processo � um diferencial. Traduzimos de forma coletiva, debatendo com estudiosos da l�ngua a ser traduzida (tanto dos n�veis iniciais como do avan�ado) e com artistas (atores, m�sicos, diretores, cen�grafos etc). Ficamos horas discutindo o l�xico, a sintaxe e a cena mais conveniente”, explica a professora. “O texto n�o � a �nica refer�ncia. Para proporcionar uma comunica��o mais imediata com o p�blico, usamos de intertextualidades e 'aconchegos culturais': por exemplo, inserimos na trag�dia grega ditados populares ou versos da MPB que podem equivaler a trechos do texto de partida”, considera ela.

Ao lado de seis estudantes do curso de l�ngua italiana da UFMG, a professora Anna Palma foi respons�vel pela tradu��o do mon�logo do italiano Stefano Benni, Beatriz, uma vers�o moderna da personagem Beatriz Portinari, musa inspiradora do poeta Dante Alighieri. “� um texto c�mico que conversa com um p�blico jovem e com refer�ncias sat�ricas � pol�tica e � vida contempor�nea. A nossa Beatriz est� na Idade M�dia, mas � uma adolescente esperta e que quer se divertir, n�o ser apenas uma musa de um poeta feio e narigudo”, sustenta ela. Para Anna Palma, � com esse jogo da s�tira e da ironia que Benni inverte o car�ter angelical da Beatriz, conferindo uma voz, um lugar de fala, ao arqu�tipo po�tico da perfei��o feminina.
Coautora da tradu��o de Una donna sola (Uma mulher s�), de Dario Fo e Franca Rame, Anna Maria Chiarini lembra que Dario foi Pr�mio Nobel em 1997 e, em seu discurso, ofereceu “uma boa metade da medalha � companheira de arte e de vida” Franca Rame. Escrito, portanto, a quatro m�os, desde 1970 o mon�logo j� foi encenado mais de tr�s mil vezes por Franca em teatros, escolas, f�bricas, tamb�m com o prop�sito de arrecadar fundos para as lutas feministas. “� exatamente o grito de revolta, que a ‘mulher s�’ do mon�logo tem a ensinar para o Brasil de hoje”, acrescenta a professora.

Um ato de dor sobre a aus�ncia

Anita Mosca, dramaturga, pesquisadora e atriz da Cia Moscato, trabalhou ao lado de Tereza Virg�nia Barbosa e Manuela Barbosa a tradu��o de Compleanno (Anivers�rio) do autor napolitano Enzo Moscato (Pr�mio Ubu � carreira em 2018). Trata-se de iniciativa in�dita no Brasil e na It�lia, porque, diferentemente das edi��es precedentes, baseou-se n�o no texto inicial publicado em 1994, mas na dramaturgia moldada � cena, pelo pr�prio autor, ap�s 33 anos de apresenta��es. “Compleanno � sem d�vida a proposta mais representativa do teatro moscatiano. Escrita raps�dica, fragmentada, estilha�ada, que recusa uma linha narrativa para encarnar em cena um del�rio, um ato de dor sobre o tema da aus�ncia. Aus�ncia do amigo e colega Annibale Ruccello, como explicado na apresenta��o � tradu��o, morto tragicamente aos 30 anos de idade em acidente de carro em 1986. “Marginais e marginalizados ganham destaque na narrativa do dramaturgo napolitano, com pontas tragic�micas e representam a met�fora da inadequa��o e incompletude da humanidade”, afirma Anita Mosca.

No conjunto da obra, a sele��o dos textos, escritos em �pocas diferentes, em locais diversos e por m�os variadas, mostra, na vis�o de Tereza Virg�nia, a vis�o aguda da arte. “Desnudam, com pot�ncia e intensidade os crimes cotidianos e brutais que cometemos uns contra os outros, dentro dos m�ltiplos sistemas democr�ticos (entre os quais podemos incluir as fam�lias). O mais interessante, por�m, � que o teatro � arte coletiva por natureza; assim, ao ser traduzido coletivamente, pode construir democracia (e propagar a democracia) come�ando por dentro, pelos grupos de pesquisa, grupos de teatro, espa�os acad�micos, plateias heterog�neas. Ou seja, construir de forma coletiva o que seja belo e bom para todos”, avalia Tereza Virg�nia.


TRECHO

H�cuba de Eur�pides

“H�cuba: Eis que te rogo e suplico: n�o me roubes das m�os o fruto, e v�s todos, n�o mateis! J� h� mortos que chega!”

Compleanno

“Dedico a In�s este canto!

A In�s, ao teatro l�rico, �s suas Bonecas.

E tamb�m aos aleijados, com uma fita de estrelas coroando a cabe�a calva e descendo at� a nuca.

E digo in my heart forever: Que o diamante sobre a flor de loto, ap�s a morte, venha, e digo mais: “Oh, Senhor, para que nos fizestes nascer, sen�o para ser, absolutamente, divinos?” A sua cabe�a � um ovoide perfeito e j� os seus olhos s�o p�talas de fogo, os seus l�bios t�m a plenitude das mangas, e o arco das suas sobrancelhas lembra aquele de Krishna...”

TEATRO E TRADU��O DE TEATRO – VOL. II
De Enzo Moscato, Isidora Stevenson, Dario Fo, Franca Rame, Stefano Benni e Eur�pides
Orgs.: Tereza Virg�nia Ribeiro Barbosa, Anna Palma e Ana Maria Chiarini
Relic�rio Edi��es
135 p�ginas
R$ 35
Lan�amento: Dia 28 de setembro, �s 11h, na Casa Relic�rio (Rua Machado, 155 – Casa 1, Bairro Floresta, BH)
 





 


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