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Federico Fellini, g�nio do cinema, completaria 100 anos

Mestre inigual�vel da s�tima arte transformou a realidade em poesia e fantasia sem medo da extravag�ncia


postado em 17/01/2020 06:00 / atualizado em 17/01/2020 08:53

Antes mesmo de ter visto um filme do diretor italiano Federico Fellini, j� havia me deparado algumas vezes com o termo “felliniano” em conversas que nada tinham a ver com cinema ou o audiovisual. Para ser mais justa, j� o entendia e talvez at� repetisse o termo como um adjetivo – utilizado para determinar situa��es e at� mesmo pessoas que fossem estranhas, caricatas, grotescas, extravagantes, exageradas e grandiloquentes. Depois de me deparar com o meu primeiro filme do cineasta – E la nave va (1983), ainda na faculdade de jornalismo, numa disciplina de reda��o, pude come�ar a concretizar do que se tratava o cinema de Fellini. N�o me recordo do objetivo dessa aula do querido professor Pedro Perini, mas do filme nunca mais me esqueci.
(foto: afp)
(foto: afp)
Mundialmente reconhecido por obras t�o marcantes como A estrada da vida (1954), Noites de Cab�ria (1957), A doce vida (1960), 8 ½ (1963), Satyricon (1969), Amarcord (1973) e tantas outras, Fellini sempre transformou a sua realidade por meio de poesia e fantasia. E, sem medo de exagerar, ele criou uma vis�o de mundo t�o particular e um universo cinematogr�fico de refer�ncias diversas que at� hoje segue sem precedentes – seu �ltimo filme, A voz da Lua, � de 1990. Sua mise-en-sc�ne � �nica, a partir da constru��o de tem�ticas, personagens, figurinos, cen�rios, maquiagens, trilha sonora (muitas em parceria com Nino Rota) e, claro, planos e movimentos de c�mera imbat�veis. Como n�o se lembrar – e chorar e sorrir junto – de Giulietta Masina na sequ�ncia final de Noites de Cab�ria? Ou se inebriar com a cena de Anita Ekberg e Marcello Mastroianni na c�lebre Fontana de Trevi em A doce vida? E ainda como esquecer do brilhante mar azul e da delicada m�sica tocada em copos de cristais em uma das cenas de E la nave va? Mas vou parar de citar sequ�ncias espec�ficas, porque a tarefa seria imposs�vel, ainda mais pensando em filmes como 8 ½ ou Amarcord.

Em suas produ��es, h� uma excel�ncia na forma de filmar, uma clara obsess�o por certos tipos femininos, cita��es ao circo, repetidas influ�ncias e contamina��es da experi�ncia de vida do pr�prio diretor, sobretudo das mem�rias da sua cidade natal, Rimini – onde nasceu em 20 de janeiro de 1920. Mas se h� algo que � recorrente em seus filmes � a alta carga emotiva das hist�rias. Ver um filme de Fellini, desde os primeiros, ainda com aspectos do neorrealismo italiano, como A estrada da vida, at� os mais extremos na encena��o, como Satyricon ou Ginger e Fred (1986), � uma experi�ncia de primeiro sentir, se emocionar, inebriar, sonhar e depois, s� bem muito tempo depois, compreender.

Em 1961, numa entrevista filmada na Fran�a, ao contar de uma experi�ncia em sua inf�ncia, quando escapara com o circo, Fellini foi interrompido pelo entrevistador incr�dulo: “Mas isso � mesmo verdade?”. Contrariado com a ideia de algu�m ainda se importar em saber a verdade, o diretor, exaltado, respondeu: “N�o, mas de todo modo, que importa se � verdade ou n�o?”.

A vis�o de mundo felliniana trata de um estado m�gico, est�gio em que sonho e realidade n�o precisam se confundir porque s�o uma coisa s�, desfilando em pante�o de delicadeza gentil e po�tica. Em tempos contempor�neos em que esses pr�prios valores se tornaram caricatos, grotescos, extravagantes; em tempos contempor�neos de pesadelos, intoler�ncias, �dios e fake news como esses nossos, antes de clamar por verdade – essa abordagem t�o cara e nem sempre suficiente para compreens�o do mundo – melhor seria primeiro experienciar o cinema de Federico Fellini e, por conseguinte, sonhar e construir um mundo mais felliniano.

* Professora do curso de cinema e audiovisual da Centro Universit�rio UNA

FILMOGRAFIA
1950 – Mulheres e luzes
1952 – Abismo de um sonho
1953 – Os boas-vidas
1953 – Amores na cidade
1954 – A estrada da vida
1955 – A trapa�a
1957 – Noites de Cab�ria
1960 – A doce vida
1962 – Boccaccio'70
1963 – Oito e meio
1965 – Julieta dos esp�ritos
1968 – Hist�rias extraordin�rias
1969 – Satyricon
1970 – Os palha�os
1972 – Roma de Fellini
1973 – Amarcord
1976 – Casanova de Fellini
1978 – Ensaio de orquesta
1980 – Cidade das mulheres
1983 – E la nave va
1985 – Ginger e Fred
1987 – Entrevista
1990 – A voz da Lua


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