Jo�o Pombo Barile *
Especial para o EM
“Sina de poeta”: esse � o nome da cr�nica de Otto Lara Resende, publicada em 1992, quando Jo�o Cabral de Melo Neto venceu o pr�mio Neustadt. Feliz com a vit�ria do amigo pernambucano, Otto escreve: “S�o 40 mil d�lares. Nada mau. O Neustadt j� contemplou Octavio Paz, Ungaretti, Francis Ponge e Elizabeth Bishop. Dizem que esse pr�mio � o aperitivo do Nobel”.
Satisfeito com o pr�mio, consagra��o definitiva de sua obra, Jo�o Cabral, no entanto, n�o reagiu com o mesmo entusiasmo. “A poesia no Brasil n�o vive do p�blico, porque ningu�m l�”, confessou Cabral ao amigo mineiro. O poeta gostava de brincar com Otto, dizendo que a editora de seus poemas tinha mais funcion�rios do que ele tinha de leitores.
Lembrei-me dessa cr�nica do Otto, algumas vezes, quando estava lendo “Jo�o Cabral de Melo Neto: uma biografia”, de Ivan Marques. O livro, escrito pelo professor da Universidade de S�o Paulo e publicado pela Todavia, consegue reproduzir o tom amargo, c�tico, duro e �spero que parece ter cercado Jo�o Cabral durante toda a sua vida. O poeta da dor de cabe�a.
Um catatau com mais de 500 p�ginas, e que vai da inf�ncia � beira do rio Capibaribe, em Pernambuco, at� a morte em um luxuoso apartamento no Rio de Janeiro, a biografia refaz a trajet�ria de Cabral por meio de seus livros, dos pa�ses onde morou, da trajet�ria no Itamaraty e das cartas que trocou com escritores e amigos. Com um texto elegante, claro e sem firulas ou divaga��es te�ricas que estragam tantas biografias, Ivan escreveu um livro importante. Com toneladas de informa��o. E que j� se tornou fundamental para quem se interessa pela obra de Cabral.
A seguir, uma entrevista do autor da biografia ao Pensar:
Voc� lan�ou, em 2011, “Cenas de um modernismo de prov�ncia”. Nele, analisou a obra de quatro autores da literatura modernista produzida em Minas nos anos de 1920/30: Drummond, Cyro dos Anjos, Em�lio Moura e Jo�o Alphonsus. Agora, escreveu sobre Jo�o Cabral. Como chegou ao poeta?
“Cenas de um modernismo de prov�ncia” foi o resultado da minha pesquisa de doutorado sobre o modernismo mineiro, defendida em 2005, na Universidade de S�o Paulo. Ao estudar os quatro autores mencionados, procurei discutir as singularidades do grupo de Belo Horizonte e suas contribui��es para o debate modernista que, sob a lideran�a de M�rio de Andrade e outros intelectuais, repensou as letras e as artes no Brasil dos anos 1920. Em 2008, ingressei como professor de literatura brasileira na USP, o que me permitiu aprofundar a pesquisa sobre o modernismo e seus desdobramentos em nossa cultura. Em diversas ocasi�es, tive a oportunidade de ensinar a poesia de Jo�o Cabral de Melo Neto, que sempre me pareceu muito instigante para debates em sala de aula, j� que ele punha em discuss�o n�o apenas a concep��o tradicional de poesia, mas a pr�pria forma��o, as diretrizes, o sentido da tradi��o po�tica nacional. Em 2018, a dois anos do centen�rio de nascimento de Jo�o Cabral, os editores da Todavia, Fl�vio Moura e Leandro Sarmatz, perguntaram se eu teria interesse em escrever a biografia do poeta. Hesitei, pois n�o tinha experi�ncia no ramo. E estava consciente de que seria uma empreitada de f�lego, dif�cil e arriscada. Mas o livro me pareceu de imediato uma coisa necess�ria, dada a inexist�ncia de uma biografia cabralina mais alentada. Como leitor e cr�tico de literatura, nunca tive preven��o contra dados biogr�ficos e hist�ricos, que sempre foram aproveitados em meus livros e artigos. E, se jamais havia escrito uma biografia, a carreira anterior como jornalista da �rea cultural me permitiu acumular experi�ncia na produ��o de document�rios e perfis de escritores. Em suma, considerando todas essas raz�es, o convite da editora, al�m de sedutor, se mostrou irrecus�vel.
Voc� trata, em v�rios cap�tulos, da rela��o de Cabral com Drummond. Come�a o livro, ali�s, com o primeiro encontro dos dois, no carnaval de 1940. E acompanha toda a trajet�ria, at� o esfriamento completo da amizade. Por que eles acabaram t�o distantes?
Acredito que, para al�m dos desentendimentos pessoais (incidentes que, com o tempo, parecem t�o insignificantes), o que mais pesou para que Cabral e Drummond se afastassem e praticamente rompessem a amizade foi a competi��o entre os dois poetas. No princ�pio, o que existia era uma grande admira��o do pernambucano pelo seu mestre mineiro, de quem admirava especialmente as obras iniciais, “Alguma poesia” e “Brejo das almas”, livros da fase modernista, escritos em Belo Horizonte. A poesia ir�nica de Drummond foi uma das principais fontes da dic��o po�tica de Cabral, que demorou a se libertar dessa sombra drummondiana. Depois, contudo, a rivalidade se imp�s e se exacerbou. � certo que a radicaliza��o de seu projeto construtivo e antil�rico e sua original�ssima incurs�o no campo da poesia social a partir de “O c�o sem plumas” (1950), na mesma etapa em que Drummond, abdicando da experi�ncia que culminara em “A rosa do povo” (1945), investia pesado em poesia l�rica, verborr�gica e “metaf�sica”, tamb�m explicam o distanciamento. Mas Jo�o Cabral era amigo de outros poetas com linguagem e preocupa��es diferentes das suas (Murilo Mendes, Vinicius de Moraes, L�do Ivo, entre outros), e o dissenso est�tico nunca o levou a romper essas amizades. Penso que a dificuldade com Drummond foi bem maior n�o apenas por conta do temperamento seco e reservado do poeta mineiro, mas sobretudo devido � competi��o que mencionei. Quem era o maior poeta brasileiro? Essa pergunta pesou muito na trajet�ria de Cabral. Embora os concretistas e outros jovens poetas preferissem a oficina po�tica cabralina, a maior abrang�ncia, o alcance maior da obra de Drummond pode ter sido respons�vel por boa parte das inseguran�as de Jo�o Cabral no meio liter�rio brasileiro, do qual ele se mantinha distante tamb�m por causa de sua vida diplom�tica em outros pa�ses.
Voc� afirma que Cabral foi um grande art�fice: um ex�mio poeta no sentido de lidar com as palavras, imagens e ritmos. Mas esse trabalho com a palavra n�o impediu que sua poesia tamb�m tivesse emo��o. Em um dos trechos do livro voc� cita a express�o “m�quina de comover”, presente na ep�grafe de “O engenheiro” como uma imagem para o pr�prio fazer po�tico. A emo��o est� presente na obra, mas ela � produzida racionalmente. Isto faz pensar nos concretistas. Como v� a rela��o de Cabral com os poetas concretos?
O concretismo, embora tenha nascido como um movimento internacional, incluiu em seu paideuma dois antecessores nacionais, que figuram com destaque, ao lado de Mallarm�, Joyce, e.e. cummings e Apollinaire, no Plano Piloto da Poesia concreta: Oswald de Andrade, com seus “minutos de poesia”, e o “engenheiro” Jo�o Cabral de Melo Neto, por sua “linguagem direta, economia e arquitetura funcional do verso”. D�cio Pignatari e Haroldo de Campos travaram contatos com Jo�o Cabral na Europa e Augusto de Campos chegou a se corresponder com ele. Cabral os tinha em alta conta, julgava-os mais informados e atualizados do que os modernistas, e se orgulhava do fato de ser apontado como precursor dos concretos. Mas n�o concordava, em absoluto, com alguns preceitos do concretismo, que decretou o “encerramento do ciclo hist�rico do verso”, isto �, a elimina��o do verso e do discurso em favor de um m�todo anal�gico e ideogr�mico. N�o por acaso, a poesia “suja” produzida por Cabral a partir de “O rio” e, sobretudo, “Morte e vida severina”, foi bastante criticada pelos concretos, que desprezavam essa “segunda �gua” da obra cabralina, inferior, segundo eles, a livros como “O engenheiro” e “Psicologia da composi��o”. Por brincadeira, Jo�o Cabral chegou a dizer que, em rela��o aos concretos, ele se via como o trampolim de uma piscina, impedido de dar o salto por estar preso ao ch�o. Mas a verdade � que, diferentemente de outros poetas que aderiram ao concretismo, ou ao menos fizeram experi�ncias nesse sentido (Cassiano Ricardo, Manuel Bandeira), Cabral jamais abriu m�o do verso e da linguagem discursiva em seus poemas.
Voc� deve ter sido quem primeiro explicitou a import�ncia de Willy Lewin, o “descobridor” de Cabral. Poderia falar da import�ncia de Willy na forma��o do poeta?
Desde o princ�pio, me pareceu necess�rio investigar o perfil desse “descobridor” e tamb�m o de Vicente do Rego Monteiro, que foram as principais influ�ncias de Jo�o Cabral em sua juventude no Recife, o primeiro na poesia, o segundo nas artes pl�sticas. Willy Lewin era um intelectual de destaque em Pernambuco, uma esp�cie de d�ndi que depois se converteu ao catolicismo. Era amante de cinema e do surrealismo, que foram muito importantes na fase inicial de Cabral. Tanto Willy Lewin como Rego Monteiro eram intelectuais conservadores, simpatizantes do integralismo e at� da monarquia. N�o por acaso, quando Cabral se mudou para o Rio, Graciliano Ramos, a quem dedicaria dois poemas, se recusou a receb�-lo, por julgar que ele tamb�m era um cat�lico reacion�rio. Depois da mudan�a, por�m, j� sob a influ�ncia do conv�vio �ntimo com Drummond, Jo�o Cabral come�ou a simpatizar com o pensamento marxista, dire��o que se aprofundou em sua primeira temporada em Barcelona, quando escreveu “O c�o sem plumas”. Em Londres, ele seria v�tima da dela��o que determinou seu afastamento do Itamaraty, acusado de subvers�o.
O jornalista Mario S�rgio Conti afirmou, na resenha que escreveu sobre o seu livro, que Cabral jamais deixou de “ser um gr�o-senhor”: fazia quest�o de carros caros e de viver em mans�es, cercado por criados. Humilhava-se para obter um cargo ou galard�o. Voc� concorda que Cabral era mesmo um filho da elite da cana-de-a��car?
M�rio S�rgio Conti selecionou e interpretou dados e epis�dios apresentados no livro e deu �nfase a certos aspectos da biografia de Cabral, sem considerar outros elementos que ajudariam a compor um retrato mais complexo do poeta. � evidente o contraste entre a pot�ncia da obra cabralina, t�o racional, equilibrada, sim�trica, e seu temperamento arrevesado ou sua vida cheia de incidentes, impasses, fragilidades, dificuldades. Nenhum grande artista tem em si mesmo a grandeza de sua obra. A revela��o dos pontos fr�geis e controversos da trajet�ria de um poeta monumental como Jo�o Cabral tem o efeito de torn�-lo mais humano e mais pr�ximo de todos n�s. Quanto ao seu enraizamento na aristocracia canavieira, cuja decad�ncia ele tamb�m retratou, procurei mostrar esse aspecto com distanciamento. O principal objetivo em todo o livro foi esse, o de dar ver as coisas sem emitir julgamentos, mas deixando o texto aberto para que o leitor, ao unir os dados, produzisse as suas pr�prias interpreta��es.
A trajet�ria de “Morte e vida severina” foi muito conturbada. A pe�a foi escrita para Maria Clara Machado, que n�o quis encen�-la. Poderia falar um pouco da obra? Cabral n�o gostava mesmo da pe�a?
Jo�o Cabral se incomodava com o fato de ter ficado conhecido por uma obra que, a seu ver, era inferior a outras de sua lavra, como “Uma faca s� l�mina”. Costumava dizer que havia feito o texto �s pressas, pensando menos na poesia e mais na comunica��o exigida por uma pe�a de teatro. Revoltava-se com o fato de amigos seus, como Vinicius de Moraes, admirarem o auto de Natal. Outros poetas, como Ferreira Gullar, Affonso �vila e Sophia de Mello Breyner Andresen, tamb�m tinham predile��o por “Morte e vida severina”. Mas Jo�o Cabral gostava, sim, do texto. Do contr�rio, o teria refeito e burilado, ap�s a recusa de Maria Clara Machado, ou n�o o teria jamais publicado. Dez anos depois, a repercuss�o internacional da montagem do Tuca, com dire��o de Silnei Siqueira e m�sica de Chico Buarque, foi um acontecimento decisivo n�o s� para a sua consagra��o como poeta, mas tamb�m para a hist�ria do teatro brasileiro e da arte engajada, de resist�ncia, feita no pa�s. “Morte e vida severina” n�o foi um acidente no percurso de Jo�o Cabral. Ao contr�rio, trata-se de um passo l�gico e consciente, um aprofundamento dos caminhos abertos pelas obras anteriores, “O c�o sem plumas” e “O rio”, e um aproveitamento refletido das li��es aprendidas no contato com a poesia espanhola.
No livro, voc� escreve sobre a amizade de Jo�o com Vinicius de Moraes. Vinicius sempre foi um poeta invejado entre os poetas de sua gera��o: um poeta que tinha vida de poeta. Quando ele morreu, o pr�prio Drummond escreveu que ele “queria ter sido Drummond”. Como voc� v� a amizade de Cabral e Vinicius?
Eram ambos poetas e diplomatas e foram grandes amigos, a despeito de suas diferen�as. Vinicius conheceu Cabral ainda jovem, no Recife, quando l� esteve, no in�cio dos anos 1940. No Rio, por serem colegas do Itamaraty e companheiros de vida bo�mia, tornaram-se pr�ximos. Mas Cabral, como � sabido, dizia n�o gostar de m�sica e lamentava que o amigo, em vez de escrever versos, houvesse se transformado em compositor popular. Segundo Caetano Veloso, Jo�o Cabral disse certa vez que, se fosse poss�vel unir o seu rigor ao talento de Vinicius, o Brasil passaria ent�o a ter um grande poeta.
Como voc� acha que teria sido a trajet�ria de Cabral se Antonio Candido n�o tivesse escrito o artigo “Poesia ao Norte”?
A import�ncia desse famoso artigo publicado na Folha da Manh�, em 1942, por Antonio Candido, ent�o jovem cr�tico de rodap�, egresso da USP e do grupo Clima, foi reconhecida diversas vezes por Jo�o Cabral. Foi o primeiro texto cr�tico a respeito de sua poesia divulgado na regi�o sudeste, mas sua repercuss�o na poesia cabralina foi al�m desse fato. Quando publicou “Pedra do sono”, Jo�o Cabral pertencia ao grupo surrealista liderado por Willy Lewin. Entretanto, na avalia��o de Antonio Candido, os poemas desse livro de estreia oscilavam entre o surrealismo e o construtivismo, duas matrizes est�ticas distintas e contradit�rias, o que levou o cr�tico a apontar a necessidade de que o jovem poeta definisse melhor seu caminho. Nessa resenha, Cabral encontrou est�mulo para aprofundar a sua po�tica racional e construtiva, j� ent�o sob a influ�ncia de Le Corbusier. � interessante notar que Candido tamb�m o aconselhou a abandonar a poesia pura, herm�tica, intransitiva, e a se dedicar mais � pesquisa de problemas humanos e coletivos, o que faria dele, ao ver do cr�tico, um poeta maior — e essa dire��o tamb�m seria seguida posteriormente pelo pernambucano.
* Jo�o Pombo Barile � jornalista e redator do Suplemento Liter�rio do Minas Gerais
Trecho da biografia
A posse na ABL e a amea�a concretista
“Uma preocupa��o que vinha perturbando a mente de Cabral, a ponto de faz�-lo pensar em desistir da viagem para ir tomar posse na ABL, era a rea��o dos poetas concretos, que amea�avam fazer um protesto no dia da posse. Otto Lara Resende se ofereceu para investigar o caso e obteve de Rubem Braga uma not�cia tranquilizadora, que remeteu a Jo�o: 'Quanto ao novo acad�mico, n�o vejo qualquer inconveniente em vir ele tomar posse; n�o h� amea�as nenhumas, o que se ter� dito s�o lereias'. Otto era da mesma opini�o e tratou de estimular a partida: ‘N�o h� raz�o para voc� adiar, ou n�o ir. C�u azul, de brigadeiro, teto m�ximo: pode decolar e boa viagem’. Entretanto, o Correio da Manh� divulgou no fim de abril uma nota assustadora: ‘Os amigos de Jo�o Cabral de Melo Neto avisaram que v�o esper�-lo no boteco em frente a Academia, no dia de sua posse, bebericando umas e outras, por falta de fatiota necess�ria para a festa. Enquanto isso, os concretistas Haroldo de Campos e D�cio Pignatari amea�am vir de S�o Paulo para comparecer � posse de Jo�o com posses de velas acesas para velar a morte da poesia... com Jo�o Cabral na Academia.”
(Trecho de “Jo�o Cabral de Melo Neto: Uma biografia”)
“Jo�o Cabral de Melo Neto – uma biografia”
Ivan Marques
Todavia
560 p�ginas
R$ 109,90
“Descoberta
da literatura”
Para Ivan Marques, o poema “Descoberta da literatura”, do livro “A escola das facas”, � muito significativo: seja por revelar as origens aristocr�ticas de Jo�o Cabral, seja por mostrar a import�ncia do contato que ele teve ainda na inf�ncia com a literatura de cordel e a classe dos traba- lhadores, que seria decisivo em sua obra po�tica.
No dia a dia do engenho,
toda a semana, durante,
cochichavam-me em segredo:
saiu um novo romance.
E da feira do domingo
me traziam conspirantes
para que o lesse e explicasse
um romance de barbante.
Sentados na roda morta
de um carro de boi, sem jante,
ouviam o folheto guenzo,
a seu leitor semelhante,
com as perip�cias de espanto
preditas pelos feirantes.
Embora as coisas contadas
e todo o mirabolante
em nada ou pouco variassem
nos crimes, no amor, nos lances,
e soassem como sabidas
de outros folhetos migrantes,
a tens�o era t�o densa,
subia t�o alarmante,
que o leitor que lia aquilo
como puro alto-falante,
e, sem querer, imantara
todos ali, circunstantes,
receava que confundissem
o de perto com o distante,
o ali com o espa�o m�gico,
seu franzino com o gigante,
e que o acabassem tomando
pelo autor imaginante
ou tivesse que afrontar
as brabezas do brigante.
(E acabariam, n�o fossem
contar tudo � casa-grande:
na moita morta do engenho,
um filho-engenho, perante
cassacos do eito e de tudo,
se estava dando ao desplante
de ler letra analfabeta
de curumba, no ca�anje
pr�prio dos cegos de feira,
muitas vezes meliantes.)