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Estado de Minas PENSAR

'Gabriela, cravo e canela' completa 65 anos e ganha edi��o especial

Repaginado, cl�ssico de Jorge Amado traz de volta a hist�ria da retirante que abalou os alicerces morais no reino do cacau


24/02/2023 04:00 - atualizado 26/02/2023 20:54


Gabriela, cravo e canela
Gabriela, cravo e canela (foto: Quinho)
 
“N�o quisera ofend�-lo, n�o quisera mago�-lo. Mas o ofendera porque era casada, mas o magoara porque deitara com outro na sua cama, sendo casada. Um dia percebera que ele tinha ci�mes. Um homem t�o grande, era engra�ado. Tomara tento, desde ent�o, muito cuidado porque n�o queria que ele sofresse. Coisa mais tola, sem explica��o: porque os homens tanto sofriam quando uma mulher com quem deitavam, deitava com outro? Ela n�o compreendia. Se seu Nacib tivesse vontade, bem que podia ir com outra deitar, nos seus bra�os dormir. Ela sabia que Tonico dormia com outras, dona Arminda contava que ele tinha um horror de mulheres. Mas se era bom deitar-se com ele, brincar com ele na cama, por que exigir que fosse s� ela? Entendia n�o. Gostava de dormir nos bra�os de um homem. N�o de qualquer. De mo�o bonito, como Clemente, como Tonico, como seu Nilo, como Bebinho, ah, como seu Nacib. Se o mo�o tamb�m queria, se a olhava pedindo, se sorria para ela, se a beliscava, por que recusar, por que dizer n�o? Se estavam querendo, tanto como o outro? N�o via por qu�. Era bom dormir nos bra�os de um homem, sentir o estremecimento do corpo, a boca arder, num suspiro morrer. Que seu Nacib se zangasse, ficasse com raiva, sendo casado, isso entendia. Havia uma lei, n�o era permitido. S� o homem tinha direito, a mulher n�o tinha. Ela sabia, mas como resistir? Tinha vontade, na hora fazia, nem se lembrava que n�o era permitido. Tomava cuidado para n�o ofend�-lo, para n�o mago�-lo. Mas nunca pensara que ia tanto ofender, que ia tanto magoar. Da� a uns dias, o casamento acabado, acabado pra frente, acabado pra tr�s, porque seu Nacib continuaria com raiva? (…) Que import�ncia t�o grande se ela deitara com outro, por que tanto sofrer se ela deitava com um mo�o? N�o tirava peda�o, n�o ficava diferente, gostava dele da mesma maneira, e n�o podia ser mais. Ah! N�o podia ser mais!”
Esta acima � Gabriela, cravo e canela. Parodiando a “Modinha para Gabriela”, criada por Dorival Caymmi e eternizada na voz de Gal Costa, ela nasceu assim, cresceu assim, foi sempre assim, vai ser sempre assim, sempre igual, n�o deseja mal, ama o natural. No imagin�rio popular da cultura brasileira, a simples men��o de “Gabriela, cravo e canela” remete de imediato � jovem, bela e sensual S�nia Braga, ent�o com 25 anos, em meados dos anos 1970. A atriz foi protagonista da novela inspirada no romance do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001), que conta a hist�ria de uma retirante sertaneja que chega a Ilh�us, fugindo da seca, em plena efervesc�ncia da produ��o de cacau em meio aos mandos e desmandos dos velhos coron�is, que reinavam na pol�tica e ditavam os costumes da popula��o.

Lan�ado em 1958, o romance p�e abaixo os pilares da moralidade hip�crita e do machismo na pele da ing�nua e ao mesmo tempo libert�ria Gabriela, para quem o amor � livre, sem amarras. � sua maneira, sem ativismo, o autor baiano d� vez e voz � luta pelos direitos da mulher que ainda engatinhavam no Brasil. E o faz de forma po�tica e sensual ao transformar a quase ainda adolescente Gabriela num turbilh�o que vai virar de ponta-cabe�a o machismo vigente no interior do Brasil. E n�o apenas no amor e no sexo, mas tamb�m nas del�cias da cozinha. Afinal, Gabriela � cozinheira e tamb�m fisga os homens pelos prazeres culin�rios.

A obra tem duas tramas paralelas – o romance entre o �rabe Nacib, dono do famoso bar Ves�vio, e Gabriela e tamb�m a disputa pol�tica em Ilh�us, que oscila entre o atraso do coronelismo e o progresso trazido pela ascens�o dos exportadores de cacau em meados dos anos 1920. O estrondoso sucesso da novela, que teve v�rias reprises e um remake quatro d�cadas depois, e o filme hom�nimo dirigido por Bruno Barreto popularizam ainda mais o romance.

Agora, as novas gera��es t�m oportunidade de tamb�m conhecer a obra-prima de Jorge Amado com o lan�amento da edi��o especial, capa dura, da Companhia das Letras, com ilustra��o de capa e belo ensaio visual de Goya Lopes, que acaba de chegar ao mercado brasileiro. O ano � 1925 e tem como cen�rio o interior da Bahia em profundas transforma��es do rural para o urbano, O patriarcado come�a a ser confrontado pela incipiente “liberta��o” feminina, encarnada por Gabriela e Malvina, filha de coronel que n�o aceita o casamento encomendado e outras imposi��es paternas.

Um bom exemplo do machismo da �poca est� no di�logo entre o coronel Altino Brand�o e Mundinho Falc�o, o exportador de cacau que chega a Ilh�us e passa a desafiar o poder do coronel Ramiro Bastos. Entre os muitos aliados que busca est� Altino, da vizinha Itabuna. Mundinho afirma:

“– Casamento � coisa s�ria, coronel. Primeiro, � preciso encontrar a mulher com que se sonha, o casamento nasce do amor.

– Ou da necessidade, n�o �? Nas ro�as, trabalhador casa at� com toco de pau, se vestir saia. Pra ter mulher em casa com quem deitar, tamb�m pra conversar. Mulher tem muita serventia, o senhor nem imagina. Ajuda at� na pol�tica. D� filho pra gente, imp�e respeito. Pro resto, tem as raparigas...” – responde o coronel Altino.

PROCURA-SE COZINHEIRA DESESPERADAMENTE

Nacib est� desesperado. A antiga cozinheira foi embora e ele precisa, urgentemente, de uma nova  para o seu bar, o Ves�vio, o mais tradicional e frequentado de Ilh�us. Ali batem ponto os moradores mais not�veis da cidade, os amigos, os velhos coron�is e os forasteiros. Ilh�us est� no auge da produ��o de cacau. O chefe pol�tico da cidade � o coronel Ramiro Bastos, mas agora ele � confrontado por Mundinho Bastos. � preciso lembrar que o t�tulo de coronel da �poca nada tem a ver com as patentes de hoje em dia, quando h� ascens�o na carreira militar. A origem dos chamados coron�is que dominavam o Brasil profundo vem do per�odo imperial, no s�culo 19, e se estende com for�a at� 1930, com o fim da chamada Primeira Rep�blica. O coronelismo era caracterizado pela atua��o de grandes latifundi�rios aliados � monarquia que recebiam o t�tulo de coronel para exercer o poder pol�tico e econ�mico em suas terras, a fim de impedir rebeli�es. Isso porque a dimens�o continental do pa�s tornava imposs�vel ao ex�rcito imperial controlar tudo. A viol�ncia e a troca de favores, inclusive com os votos de cabresto da popula��o, predominavam e ai de quem ousasse enfrentar os coron�is.

Dessa forma, Jorge Amado d� vida em “Gabriela, cravo e canela” ao coronel Ramiro Bastos e a v�rios outros para esmiu�ar a realidade h� um s�culo, quando essas figuras j� come�avam a entrar em decad�ncia. Continuam defendendo a moralidade e a submiss�o feminina, enquanto mant�m esposa, amantes e at� alugam casas para as “raparigas” que visitam frequentemente, al�m do frequentar o famoso bordel Bataclan. Em meio a esse mundo arcaico e violento, Nacib, que nunca se casou, sai em busca de nova cozinheira. Est� muito preocupado porque ter� que oferecer um jantar para comemorar o in�cio do servi�o de marinetes, o transporte por �nibus que ligar� Ilh�us a Itabuna.

VES�VIO EM ERUP��O

Depois de muitas recusas, Nacib acaba encontrando Gabriela entre retirantes nordestinos que acabam de chegar a Ilh�us fugindo da seca. Nesta parte da narrativa, Jorge Amado faz uma ponte essencial entre o velho mundo decadente e o novo que surge em seu romance. No mesmo dia em que Nacib conhece Gabriela, o coronel Jesu�no Mendon�a mata a tiros sua mulher, Sinhazinha Guedes Mendon�a, e o dentista Osmundo Pimentel, ao flagr�-los na cama. Faz valer a m�xima de que honra se lava com sangue. Mais uma vez, o escritor baiano p�e em xeque o patriarcado e o machismo ao evitar que o desfecho dessa trag�dia seja a impunidade, natural para a �poca.

A mo�a que diz se chamar Gabriela est� muito suja e vestida com trapos. Nacib n�o d� muito por ela, muito menos como cozinheira, mas quando prova as suas primeiras guloseimas e seus primeiros pratos, cai vencido. Como se n�o bastasse, torna-se amante de Gabriela, j� que � solteiro e a mo�a, em sua ingenuidade e vol�pia, considera o amor e o sexo naturais, sem amarras.

A comida saborosa e os encantos de Gabriela p�em o Ves�vio em erup��o, sempre lotado. Mas a salva��o de Nacib tamb�m vira tormento. Sua amante cozinheira � cobi�ada por amigos e coron�is, que fazem propostas tentadoras para lev�-la. Como solu��o, Nacib acaba se casando com Gabriela para acabar com o ass�dio. Mesmo assim, o que seria solu��o, vira outro drama, porque Gabriela � esp�rito livre, se tem vontade de se deitar com um homem deita. Tra�do pela nova mulher com Tonico Bastos, seu amigo e filho do velho coronel Ramiro, Nacib n�o lava sua honra com sangue, � homem civilizado e moderno, mas expulsa Gabriela. Com isso, perde sua mulher voluptuosa e a cozinha perfeita. E agora? Perdoar Gabriela e traz�-la de volta, mas ficar com fama de “corno manso” ou simplesmente esquec�-la, cicatrizar a ferida da trai��o e ver o Ves�vio encolher?

COMUNISTA VIRA BEST SELLER


“Gabriela, cravo e canela” foi um divisor de �guas na vida de Jorge Amado, uma guinada de sucesso na trajet�ria desse baiano de Itabuna. Foi comunista de carteirinha at� o in�cio dos anos 1950 – quando St�lin morreu, seu nome caiu em desgra�a e o escritor se decepcionou ao saber das atrocidades praticadas pelo ditador – e teve seu mandato de deputado constituinte cassado em 1948. Antes de ser preso, opta pelo ex�lio por quatro anos pelos pa�ses da chamada “cortina de ferro”. J� havia publicado 16 dos seus 36 livros, incluindo “Jubiab�”, “Mar morto” e “Capit�es da areia”. Deslumbrado com o comunismo, viu suas obras traduzidas naqueles pa�ses e chegou a ser agraciado com o pr�mio St�lin, esp�cie de Nobel sovi�tico. No Brasil, entretanto, foi chamado de “ex-romancista” e “ex-brasileiro”.

Por isso, retornou sob grande desconfian�a ao Brasil em 1952, j� casado com a escritora Z�lia Gattai e com os filhos Jo�o Jorge e Paloma, ainda crian�as. T�o logo publicou “Os subterr�neos da liberdade” (“Os �speros tempos”, “Agonia da noite” e “A luz no t�nel”), obra de resist�ncia � ditadura fascista de Get�lio Vargas, essa desconfian�a aumentou. Foi criticado, por exemplo, por intelectuais como o modernista Oswald de Andrade, que publicou em sua coluna no Correio da Manh� que “sua maior esperan�a na literatura” se perdeu em “sectarismo improdutivo”. Tudo mudou, contudo, quando lan�ou “Gabriela, cravo e canela”, em 1958, quando a disputa ideol�gica acirrada, o comunismo e o fascismo deram lugar a um romance fabuloso, entre as mazelas do coronelismo e o amor livre da protagonista. Amado j� era autor traduzido no exterior, inclusive na URSS, mas com “Gabriela” se tornou best-seller. A obra ficou um ano entre as mais vendidas do New York Times, revela Jos�lia Aguiar no livro “Jorge Amado – Uma biografia” (editora Todavia – 2018), feito in�dito, at� ent�o, para um autor brasileiro. Mesmo assim, cr�ticos conservadores destilaram preconceito por aqui,  porque, para eles, era inadmiss�vel uma cozinheira ser a protagonista

Depois de Gabriela, Jorge Amado deu vida e voz a outras mulheres marcantes, como “Dona Flor e seus dois maridos” (1966), “Teresa Batista cansada de guerra” (1972) e “Tieta do Agreste” (1977). E a outras obras not�veis: “A morte e a morte de Quincas Berro d'Agua” (1959) e “Tenda dos milagres (1969). A conferir, talvez seja o escritor brasileiro com obras adaptadas para a TV, cinema e teatro.
 

Modinha para Gabriela

Dorival Caymmi


Quando eu vim pra esse mundo
Eu n�o atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela, he! Meus camaradas

Eu nasci assim, eu cresci assim
Eu sou mesmo assim
Vou ser sempre assim
Gabriela, sempre Gabriela

Quem me batizou, quem me iluminou
Pouco me importou, e assim que eu sou
Gabriela, sempre Gabriela

Eu sou sempre igual, n�o desejo mal
Amo o natural, etc e tal
Gabriela, sempre Gabriela
 
 

Sucesso na TV com S�nia Braga

 
Sucesso na literatura mundo afora, Gabriela conquistou �xito maior ainda quando chegou � televis�o pela primeira vez, em 1975. Produzida pela Rede Globo, a novela foi adaptada da obra de Jorge Amado por Walter George Durst e dirigida por Walter Avancini e Gonzaga Blota. Al�m da �tima trama, o destaque foi o elenco estelar encabe�ado por S�nia Braga – ent�o com 25 anos e esbanjando beleza e sensualidade, que a projetou como estrela da dramaturgia nacional. Armando B�gus (Nacib) Jos� Wilker (Mundinho Falc�o), Paulo Gracindo (coronel Ramiro Bastos), F�lvio Stefanini (Tonico Bastos), Dina Sfat (Risoleta), Elizabeth Savalla (Malvina), N�vea Maria (Jerusa), Marco Nanini (professor Josu�), Elo�sa Mafalda (Maria Machad�o) e muitos outros atores e atrizes entre veteranos consagrados e novatos no in�cio do estrelato encarnaram os m�ltiplos e curiosos personagens e fizeram da telenovela um cl�ssico inesquec�vel.

Outra sensa��o da novela foi a excepcional trilha sonora, que deu origem a cl�ssicos como “Cora��o ateu” (Maria Beth�nia), “Guitarra baiana” (Moraes Moreira), “Alegre menina” (Djavan), “Quero ver subir, quero ver descer” (Walter Queiroz), “Horas” (Quarteto em Cy),“S�o Jorge dos Ilh�us” (Alceu Valen�a), “Modinha para Gabriela” (Gal Costa), “Filho da Bahia (Faf� de Bel�m), “Caravana” (Geraldo Azevedo), “Porto” (MPB4), “Retirada” (Elomar), “Doces olheiras” (Jo�o Bosco) e “Adeus” (Walker). E ainda o complemento “Uma noite no Bataclan”, com mais 12 m�sicas, incluindo “A volta do bo�mio” (Nelson Gon�alves) e “Tortura de amor” (Waldick Soriano). O sucesso da novela no Brasil reverberou em Portugal, onde foi exibida em 1977. Os portugueses chegaram a mudar h�bitos, moda, comportamentos e hor�rios de seus afazeres para acompanhar a novela pela RTP. Quando Elizabeth Savalla e F�lvio Stefanini desembarcaram no aeroporto de Lisboa, foram recebidos por milhares de pessoas, entre elas o ent�o primeiro-ministro M�rio Soares.

A grande audi�ncia da novela tamb�m levou � reapresenta��o pela TV Globo em 1979, a um compacto de 90 minutos no “Festival 15 anos”, em 1980, e a outra reprise, em 1982, em compacto de 12 cap�tulos. E em 1988/89, ainda foi reprisada no hor�rio vespertino de “Vale a pena ver de novo”. Em 2012, a TV Globo lan�ou o remake de Gabriela com Juliana Paes. Apesar do talento e do �xito da atriz, ela j� tinha 33 anos de idade e destoava da protagonista original de Jorge Amado, que encantava n�o apenas pelo esp�rito livre, mas pela liberdade juvenil. Essa Gabriela j� n�o tinha gra�a. O mesmo se pode dizer do filme hom�nimo de Bruno Barreto, com a pr�pria S�nia Braga, o genial ator italiano Marcello Mastroianni como Nacib e m�sica de Tom Jobim. A atriz estava prestes a fazer 34 anos quando o filme foi lan�ado, em janeiro de 1984. O encanto da Gabriela juvenil tamb�m j� havia se perdido. Mas o filme refor�ou o vigor do romance de Jorge Amado.
 

TRECHO DO LIVRO


“Enfiou a chave na fechadura, arfando da subida, a sala estava iluminada. Seria ladr�o? Ou bem a nova empregada esquecera de fechar a luz? Entrou de mansinho e a viu dormida na cadeira, os cabelos longos espalhados nos ombros. Depois de lavados e penteados tinham se transformado em cabeleira, solta, negra, encaracolada. Vestia trapos, mas limpos, certamente os da trouxa. Um rasg�o na saia mostrava um peda�o de coxa cor de canela. Os seios subiam e desciam levemente ao ritmo do sono, o rosto sorridente.

– Meu Deus! – Nacib ficou parado sem acreditar.

A espi�-la, num espanto sem limite, como tanta boniteza se escondera entre a poeira dos caminhos? Ca�do o bra�o roli�o, o rosto moreno sorrindo no sono, ali, adormecida na cadeira, parecia um quadro. Quantos anos teria? Corpo de mulher jovem, fei��es de menina.

– Meu Deus, que coisa! – murmurou o �rabe quase devotamente.

Ao som de sua voz, ela despertou amedrontada, mas logo sorriu e toda a sala sorriu com ela. P�s-se de p�, as m�os ajeitando os trapos que vestia, humilde e risonha, coberta pelo luar.

– Por que n�o deitou, n�o foi dormir? – Foi tudo que Nacib acertou dizer.

– O mo�o n�o disse nada...

– Que mo�o?

– O senhor... J� lavei roupa, arrumei a casa. Depois fiquei esperando, peguei no sono – uma voz cantada de nordestina.

Dela vinha um perfume de cravo, dos cabelos talvez, quem sabe do cangote.

- Voc� saber mesmo cozinhar?”
 
 
 

"Gabriela, cravo e canela" (edi��o especial)

  • Jorge Amado
  • Companhia das Letras
  • 600 p�ginas
  • R$ 169,90 | E-book: R$: 49,90 


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