Traidor da P�tria - cabo Anselmo chama para si o r�tulo -, diz que pode e quer colaborar com a Comiss�o da Verdade, apontar nomes dos por�es, de quem foi agente infiltrado, como ele, de quem comandava a linha de frente da repress�o e at� dos que emprestavam apoio � ca�ada aos guerrilheiros. “O pessoal continua por a�”, ele ensaia, enigm�tico, indicando para veteranos do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), a pol�cia pol�tica que ele conheceu por dentro e com a qual colaborou.
“Por enquanto”, n�o cita nomes que diz guardar na mem�ria. “Eles est�o a� na Pol�cia Civil at� hoje. E tinha os analistas tamb�m, os empres�rios, vou falar de um, ele era da avia��o, trabalhava com o dr. Tuma”, diz, referindo-se a Romeu Tuma, ex-n�mero um do Dops nos anos 70, morto em outubro de 2010.
Aos 70 anos, os cabelos brancos repartidos ao meio, uma barba espessa cobrindo o rosto, o corpo magro metido em roupa sem grife, meias amarelas e t�nis nos p�s, cabo Anselmo confessa que traiu seu Pa�s e a Marinha. “Eu me arrependo de ter sa�do da Marinha e de ter passado � insubordina��o.”
Reconhece a vileza de seu gesto porque serviu aos dois lados da contenda e com ambos foi desleal, ora como homem da repress�o, ora como companheiro J�natas nos quadros da Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR).
Aceita a alcunha de cachorro (informante da pol�cia). N�o o incomoda, diz, que seu nome tenha entrado para a hist�ria como traidor: “O que eu posso fazer quanto a isso?”.