A negativa do Pal�cio do Planalto em reajustar sal�rios dos servidores p�blicos neste ano e a irrita��o com os megassal�rios de ministros encorajaram l�deres sindicais do funcionalismo federal nos tr�s poderes a amea�ar o governo com uma greve geral a partir de abril. Ap�s nove anos de tr�gua com a administra��o petista, sindicatos e associa��es de categorias que representam mais de um milh�o de funcion�rios cobram uma proposta concreta de aumentos para este trimestre. Mas o secret�rio de recursos humanos do Minist�rio do Planejamento, Duvanier Paiva, afirmou ao Correio Braziliense que “2012 j� est� negociado” e as pr�ximas negocia��es ter�o como alvo 2013.
As 17 entidades que se reuniram ter�a-feira em Bras�lia para discutir a campanha salarial unificada ignoram a advert�ncia e prometem protocolar, no pr�ximo dia 24, uma lista de sete reivindica��es, encabe�ada pelo aumento dos vencimentos, nos minist�rios do Planejamento e Casa Civil, no Supremo Tribunal Federal (STF) e nas mesas das duas casas do Congresso. Sindicalistas afirmam que o governo conseguiu dividir o movimento, no ano passado, gra�as a acordos separados e ao voto de confian�a vindo de boa parte do pessoal do Executivo.
Indigna��o
“Voltamos � mesma pauta de 2011, mas com a grande diferen�a no discurso. A insatisfa��o � geral e fortalece a unidade que n�o houve no ano passado”, disse Rolando Malv�sio J�nior, diretor da Federa��o dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades P�blicas (Fasubra). Sua expectativa � de que todo o conjunto de 32 representa��es de servidores caminhem juntas at� o fim, sem repetir o insucesso da �ltima campanha, quando a Confedera��o dos Trabalhadores no Servi�o P�blico Federal (Condsef), principal agremia��o do funcionalismo, manteve o di�logo com o governo.
Para Malv�sio, os servidores tamb�m reagiram com indigna��o �s reportagens publicadas pelo Correio desde a �ltima semana sobre extras obtidos pelas autoridades com a participa��o em conselhos administrativos e fiscais de empresas estatais e privadas. Os adicionais garantem renda acima do teto salarial do funcionalismo (R$ 26,7 mil) a titulares das pastas da Fazenda e do Planejamento, chegando a R$ 51 mil. “Apaniguados do poder n�o t�m vergonha em elevar os pr�prios rendimentos, enquanto 85% dos servidores n�o ganham sequer o valor pago a eles nos conselhos”, comentou.
Para Josemilton Costa, secret�rio-geral da Condsef, o consenso a favor de um movimento unificado cresceu na mesma propor��o da pouca disposi��o em negociar das autoridades. “Temos condi��es de resistir �s estrat�gias para nos dividir. O governo n�o pode mais empurrar a situa��o com a barriga e ter� de apresentar proposta”, avisou o dirigente ligado � Central �nica dos Trabalhadores (CUT), que representa 70% dos funcion�rios do Executivo.
Costa considerou “indecentes” os megassal�rios pagos aos primeiro e segundo escal�es, ao passo que os acordos a serem pagos pelo governo neste ano variam apenas entre R$ 105 e R$ 900. O �ltimo grande aumento foi dado em 2007, primeiro ano do segundo mandato de Lula. Foram R$ 35,2 bilh�es divididos em tr�s parcelas anuais at� 2010, com res�duos em 2011. Paiva explicou que o primeiro ano de governo Dilma foi marcado por uma “natural necessidade de conten��o de gastos”, refor�ada pela crise internacional. Para 2012, disse ele, o contexto adverso “voltou a imp�r ao Or�amento mais controles sobre despesas correntes que t�m horizonte de longo prazo”.