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Estado de Minas

Nem os amigos sabiam da tortura de Dilma em Minas

Gilberto Vasconcelos foi transferido junto com Dilma para Juiz de Fora em janeiro de 1972. N�o soube da tortura, mas enfatiza a grandeza da presidente mesmo nos momentos mais sofridos


postado em 17/06/2012 07:26 / atualizado em 17/06/2012 09:57

O epis�dio da tortura de Dilma em Minas permaneceu desconhecido at� entre os pr�prios militantes estudantis de esquerda de Belo Horizonte, acusados de subvers�o na �poca da ditadura p�s 1964. “N�o sabia que ela tinha sido torturada em Juiz de Fora”, surpreende-se Gilberto Vasconcelos, o Ivo", presidente do Diret�rio Acad�mico da Faculdade de Direito de Uberaba e principal contato da organiza��o Colina na cidade do Tri�ngulo Mineiro. Em janeiro de 1972, Gilberto foi transferido de S�o Paulo para Juiz de Fora com Dilma, no mesmo cambur�o. "N�o posso testemunhar sobre a tortura de Dilma em Juiz de Fora, porque chegando l� fomos separados e n�o tive mais contato com ela. S� voltaria a v�-la no dia do julgamento", completa.

(foto: Enerson Cleiton/Esp. EM)
(foto: Enerson Cleiton/Esp. EM)

Gilberto � conterr�neo de Dilma. Na �poca, ela tinha 22 anos e ele, 23; e ambos militavam no setor estudantil da organiza��o de luta armada Colina, batizada assim em homenagem �s montanhas de Minas. Mais tarde, na clandestinidade, os dois se tornariam "amic�ssimos" de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, de codinome Breno, que chegaria a ser dirigente nacional da VAR-Palmares. "N�o h� melhor lugar para se esconder do que na praia. Fic�vamos eu, ela e o Beto sentados na praia, cantando as m�sicas da revolu��o. Um dia chegou o Beto cantando Aquele abra�o, do (Gilberto) Gil, que eu nunca tinha ouvido. Dilma cantou junto. Ela gosta de cantar e isso nos unia al�m das convic��es ideol�gicas", conta.

Em fevereiro de 1971, Beto seria assassinado com tr�s tiros na Casa da Morte de Petr�polis, no Rio, segundo consta no livro A vida quer � coragem, lan�ado em janeiro por Ricardo Amaral, conhecido como Batata, ex-assessor de imprensa de Dilma e que trabalhou em BH como rep�rter do antigo Di�rio do Com�rcio. Em homenagem ao amigo de lutas, Gilberto batizou seus filhos de Beto e Breno, nome e codinome do militante morto em combate.

Veja a entrevista do amigo da presidente


Como foi sua passagem por S�o Paulo?

Eu j� estava no Pres�dio Tiradentes. Uns seis meses depois, chegou o Max, codinome do Carlos Franklin Paix�o Ara�jo, pai da filha de Dilma. N�s ficamos presos na mesma cela, no mesmo beliche, durante um ano e meio. O Max se comunicava com ela atrav�s de bilhetinhos escritos com caneta Bic de ponta fina e enrolados no durex, escondidos na obtura��o do dente. O dentista era um preso pol�tico e fazia a troca dos papeizinhos entre a ala feminina e a masculina. Ele era de fato apaixonado pela Dilma e os dois se gostavam mesmo.

E quanto � jovem militante Dilma?

N�o estou cometendo nenhuma inconfid�ncia, pois os dois s�o grandes amigos at� hoje, isto � not�rio. Max sempre foi um cara extraordin�rio, de racioc�nio r�pido. Engra�ado como as pessoas mudam pouco com o tempo. Estive com Max no casamento da Paula, em Porto Alegre, e ele continua do mesmo jeito. Dilma tamb�m. Ela estava cercada de amigos e me tirou para dan�ar na festa. Apesar de ter uma imagem que n�o reflete isso, � uma pessoa sens�vel, carinhosa, af�vel e uma das pessoas mais generosas que conhe�o. Muito antes de ela se tornar ministra, de ser presidente, sempre disse isso.

Por que o senhor diz isso com tanta convic��o? Algum fato do passado marcou?

Basta dizer que ela havia sido presa em16 de janeiro de 1970 e tinha ponto (encontro) marcado comigo no dia 20 e n�o me entregou. Precisa dizer mais? Ela estava sob tortura e n�o falou o meu nome para a pol�cia. Ainda que ela tivesse confessado, eu n�o teria como recrimin�-la, porque a tortura degrada o ser humano, torna voc� um trapo, voc� passa a preferir estar morto.

Por que os militantes hist�ricos de Minas resistem a reconhecer a import�ncia de Dilma em BH?

� uma quest�o de contextualizar as coisas. No movimento estudantil em BH, Dilma era uma militante estudantil como outra qualquer, que nem chegou a ser presidente de diret�rios. Quem era mais importante do que n�s era o Galeno (Cl�udio Galeno), o primeiro marido dela. Mas depois ela foi para o Rio e passou a ganhar relev�ncia at� chegar a coordenadora da VAR-Palmares em S�o Paulo, com toda a organiza��o sob o comando dela. Naquela �poca, Dilma j� era uma pessoa diferenciada, como ali�s continua sendo at� hoje.


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