A realiza��o do julgamento do mensal�o pelo Supremo Tribunal Federal a partir do dia 1.º de agosto - a dois meses das elei��es municipais - dever� trazer constrangimentos n�o apenas para os candidatos petistas, mas tamb�m para antigos advers�rios pol�ticos que, agora, ter�o de enfrentar as urnas na condi��o de aliados do partido do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Das quatro principais “estrelas” da CPI dos Correios, que em 2005 investigou o esquema de repasse de dinheiro a aliados do governo Lula no Congresso, duas deixaram a condi��o de acusadores e hoje est�o ao lado do PT. S�o eles os ex-deputados federais e ex-tucanos Eduardo Paes (PMDB), que tentar� a reelei��o para a Prefeitura do Rio de Janeiro, e Gustavo Fruet (PDT), que disputar� a Prefeitura de Curitiba. Advers�rios implac�veis do PT e do governo Lula em 2005, os dois atualmente t�m o apoio de petistas e de boa parte dos partidos da base aliada federal.
Paes j� recebeu at� uma visita do ex-presidente Lula, que prometeu fazer campanha para ele, repetindo o que ocorreu em 2008. Fruet fechou acordo com o casal de ministros petistas Paulo Bernardo (Comunica��es) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
J� Osmar Serraglio (PMDB-PR), que foi relator da CPI, n�o disputar� a elei��o de outubro. Ele permanece na C�mara dos Deputados. Na semana passada, foi � tribuna apresentar o que considera provas da participa��o do ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu no mensal�o.
Argumentos
Das investiga��es comandadas por Paes, Fruet, ACM Neto e Serraglio sa�ram os principais argumentos para a den�ncia do mensal�o elaborada pelo ent�o procurador-geral da Rep�blica, Antonio Fernando de Sousa, contra 40 pessoas - 38 ser�o julgados pelo Supremo.
Entre os partidos que eram alvo de Paes e Fruet est�o PT, PP, PTB e PR. O ex-ministro Jos� Dirceu foi qualificado de “chefe da quadrilha” pelo procurador-geral. Os ex-tucanos chegaram a pregar o impeachment de Lula.
Paes n�o quer falar agora sobre o assunto. Procurado v�rias vezes na semana passada, evitou dar entrevistas ao Estado.
Fruet afirma n�o se arrepender de nada. “Sou o guardi�o de minha hist�ria. Aquilo (a atua��o na CPI) foi importante na �poca. Tanto � que todo meu relat�rio sobre o setor financeiro foi aproveitado pelo relator da CPI”, diz o ex-deputado tucano.
Fruet lembra que foi o �nico deputado que, al�m da CPI, participou tamb�m do Conselho de �tica da C�mara que julgou os processos contra os acusados no esc�ndalo do mensal�o. “De todos os integrantes da CPI, eu era o �nico do Conselho de �tica.”
Tempor�ria
Fruet afirma que a alian�a de agora � local, tempor�ria e que, como na �poca da CPI, tamb�m far� parte da hist�ria pol�tica do Pa�s. Diz que nunca negou que tenha tido uma atua��o visceral contra o governo e contra o PT. “Quando fechamos a alian�a com o PT e com o ministro Paulo Bernardo, eu citei o epis�dio da CPI e lembrei das circunst�ncias pol�ticas de cada momento”, afirma.
O ex-tucano diz que procurou convocar Paulo Bernardo � CPI em 2005 como testemunha e n�o como acusado. “Era para tratar de alguma coisa que tinha acontecido em Londrina. A inten��o era que o Paulo Bernardo fosse testemunha”, lembra. Atualmente, Fruet � a aposta do PT para derrotar o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), que tem apoio do governador do Paran�, o tucano Beto Richa.
Agora no PDT, partido que o acolheu depois que brigou com Richa, Fruet acha que o mensal�o ter� pouca import�ncia em sua campanha � prefeitura. “Esse tema � de abrang�ncia nacional. Numa disputa � prefeitura, ele n�o aparece. Por exemplo: nos debates a que tenho ido, as pessoas s� querem saber sobre �gua, ruas, �nibus e sa�de. Ningu�m quer saber de mensal�o.”
O deputado ACM Neto tamb�m acha que sua performance nas investiga��es do mensal�o pela CPI dos Correios n�o o ajudar� na busca de votos em Salvador. “Aqui os temas s�o diferentes.” Ela acredita, por�m, que pode usar sua atua��o na CPI como uma esp�cie de vacina. “Me considero blindado contra qualquer den�ncia que vier por parte do PT. Se vierem para cima de mim, devolvo imediatamente com tudo o que sei daquele esc�ndalo.”