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Estado de Minas

Medeiros, um nome ligado � tortura em Minas


postado em 23/06/2012 06:00 / atualizado em 23/06/2012 07:12

O advogado Genival Tourinho, deputado cassado durante a ditadura militar, revelou que o ent�o tenente-coronel Oct�vio Aguiar Medeiros torturou presos quando estava lotado nas depend�ncias da 4ª Regi�o Militar, na Rua Juiz de Fora, Barro Preto, Regi�o Centro-Sul da capital. Conhecido � �poca apenas como Medeiros, o oficial do Ex�rcito teria sido o respons�vel pelo espancamento de v�rios presos pol�ticos, durante o per�odo de repress�o. O general, que chefiou o temido Servi�o Nacional de Informa��es (SNI), de 1978 a 1985, e ainda o Comando Militar da Amaz�nia (CMA), tem seu nome na rela��o de torturadores do livro Brasil: tortura nunca mais. Coincid�ncia ou n�o, em seu depoimento ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG), em 25 de outubro de 2001, a presidente Dilma Rousseff citou como um de seus torturadores em Minas um homem que atendia pela alcunha de dr. Medeiros.

O general Medeiros, que deixou a cena nacional em 1987 ao entrar para a reserva, cruzou o caminho de Dilma ao presidir o Inqu�rito Policial Militar (IPM) que resultou na pris�o da ent�o militante, em 1970, no Rio de Janeiro. � �poca, o militar chefiava o Centro de Prepara��o de Oficiais da Reseva (CPOR), em Belo Horizonte. Atuando em Minas, o general Medeiros ganhou notoriedade nacional ao conseguir p�r fim a um dos mais aguerridos grupos de resist�ncia � ditadura militar, o Comando de Liberta��o Nacional, o Colina, ao qual a presidente era filiada.

A persegui��o a Dilma Rousseff teria se iniciado a partir da informa��o de que ela planejava a fuga de um dos cabe�as do movimento, �ngelo Pezzuti, que estava detido no Pres�dio de Linhares, em Juiz de Fora, Zona da Mata. O advogado Genival Tourinho, que defendeu v�rios presos pol�ticos a partir de 1965, contou que viu o ent�o tenente-coronel Medeiros v�rias vezes na sede da 4ª Divis�o do Ex�rcito em Belo Horizonte. “Nunca falei com ele. Mas posso atestar que ele participou de v�rios espancamentos na Rua Juiz de Fora.”

Com intensa vida pol�tica, que o levou � C�mara dos Deputados em 1969 e depois na legislatura de 1974, Tourinho revela que, al�m do general Medeiros, o tamb�m temido general Golbery do Couto e Silva viveu por dois anos em Belo Horizonte, servindo tamb�m na 4ª Divis�o do Ex�rcito, ainda no posto de major. Segundo o advogado, Golbery – considerado um dos ide�logos do golpe militar de 1964 que dep�s o presidente Jo�o Goulart e chegou � chefia da Casa Civil no governo do general Ernesto Geisel em 1974 – n�o via o general Medeiros com bons olhos. O advogado lembra que Golbery, depois de deixar o governo, classificou o colega de farda como “trapalh�o”, durante um encontro dos dois na sede do extinto Banco Cidade de S�o Paulo, em Bras�lia, �s 16h. “Golbery queria se inteirar das circunst�ncias do atentado que sofri em 1980, a 300 metros do aeroporto de Bras�lia, ocorrido no dia anterior.” Tourinho teve o carro alvejado por tiros logo depois de denunciar envolvimento de oficiais do Ex�rcito em a��es de extrema direita.
 
Trapalhada

Segundo Tourinho, que relatou o encontro em seu livro Baioneta calada e baioneta falada, depois de ouvir a descri��o do atentado, Golbery apontou o general Medeiros como suposto autor. “Ah, bom, eu estava meio em d�vida, porque isso n�o est� me parecendo coisa do Pires (Le�nidas Pires, ministro do Ex�rcito durante o governo Jos� Sarney). Est� me cheirando a coisa do Medeiros... Eu n�o tenho d�vida nenhuma em dizer que efetivamente isso foi trapalhada do Medeiros”, conta o advogado em um trecho do livro. Antes do atentado, Genival Tourinho denunciou os generais Ant�nio Bandeira, Milton Tavares de Souza e Jos� Luiz Coelho como respons�veis pelo que chamou de Opera��o Cristal, que inclu�a uma s�rie de atentados terroristas.

De janeiro a agosto de 1980 foram registrados no pa�s 46 atentados pol�ticos contra banca de jornais, associa��es civis, reda��es, entre outros, al�m do que causou a morte da funcion�ria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio Lyda Monteiro da Silva. A den�ncia de Tourinho n�o foi investigada, mas lhe rendeu um processo com base na Lei de Seguran�a Nacional, que resultou, em 1981, na sua condena��o a seis meses de pris�o e na cassa��o de direitos pol�ticos.

Mem�ria

Tentativa frustrada de golpe


A passagem do general Golbery do Couto e Silva por Belo Horizonte, foi motivada por uma tentativa frustrada de golpe contra o governo de Juscelino Kubitschek. Em 24 de agosto de 1954, quando Get�lio Vargas se suicidou, Golbery era adjunto do Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG). Em fevereiro de 1955, JK foi lan�ado pelo Partido Social Democr�tico (PSD) como candidato a presidente da Rep�blica, tendo como vice Jo�o Goulart. O grupo militar da ESG, liderado por Golbery, n�o apoiou Juscelino e, quando ele foi eleito, tentaram impedir sua posse com um golpe. Suas aspira��es foram barradas no Movimento de 11 de Novembro, chefiado pelo ministro da Guerra de Jo�o Caf� Filho, general Henrique Lott, que assegurou a posse de JK e Goulart. Em raz�o disso, Golbery foi preso por oito dias e depois transferido para a 4ª Divis�o do Ex�rcito na capital mineira.

 

 


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