Bras�lia – Um documento da ag�ncia de Salvador (BA) do Servi�o Nacional de Informa��o (SNI), de setembro de 1971, detalha a opera��o que resultou na morte de Iara Iavelberg e registra que a psic�loga e �ltima companheira do ex-capit�o Carlos Lamarca trazia na bolsa, no dia de sua morte, uma das carteiras de identidade falsas usada por Dilma Vana Rousseff durante a ditadura. De acordo com o relat�rio, que faz parte do acervo do Arquivo Nacional, aberto ao p�blico desde a semana passada, ao revistar os pertences de Iara os agentes que participaram da Opera��o Pajussara, no Bairro Pituba, em Salvador, encontraram o documento e pediram informa��es sobre o nome “Maria L�cia dos Santos” � Ag�ncia Rio de Janeiro (ARJ) do SNI.
Documentos do SNI registram que Dilma teria usado identidade falsa com o nome de Marina Guimar�es Garcia de Castro, al�m do de Maria L�cia dos Santos. Os codinomes Estela, Wanda e Luiza tamb�m constam nos registros. O relat�rio do SNI aponta que 40 homens foram mobilizados para localizar Lamarca e que militantes de outros estados, que teriam alguma rela��o com o Movimento Revolucion�rio 8 de Outubro (MR-8) ou com o ex-capit�o, foram monitorados para dar pistas do esconderijo do guerrilheiro morto menos de um m�s depois de Iara. “Desde julho, o Codi vinha monitorando atividades de elementos subversivos n�o somente da �rea como de outras, vindas da Guanabara, Goi�s e S�o Paulo”, traz o documento.
Irm�o de Iara, o jornalista Samuel Iavelberg confirma a amizade entre Dilma e a psic�loga, mas acha improv�vel que ela estivesse carregando algum documento que a ligasse a outra organiza��o. “N�o tinham condi��es de ser muito amigas, porque viviam na clandestinidade, mas eram amigas. Ela foi desse grupo que saiu da Var-Palmares, a Dilma continuou, elas se conheciam. A Dilma j� deu declara��es sobre ela. Dificilmente essa vers�o � verdadeira (sobre a carteira de identidade falsa com nome usado por Dilma). Quando Iara caiu, elas militavam em organiza��es diferentes. Era contra a norma de seguran�a andar com carteira de identidade de pessoas do outro grupo”, afirma Samuel.
Nilm�rio Miranda, secret�rio de Direitos Humanos no governo Luiz In�cio Lula da Silva, tamb�m questiona a vers�o do documento do SNI. “� improv�vel que Iara carregasse um documento de Dilma quando foi morta, porque quando isso aconteceu Dilma estava presa fazia um ano.”
A farsa do suic�dio
Os registros da ag�ncia de Salvador do SNI repetem a vers�o de suic�dio de Iara Iavelberg, derrubada pela fam�lia da psic�loga, que conseguiu na Justi�a, em 2003, o direito � exuma��o do corpo para realizar laudo pericial comprovando o homic�dio, ocorrido dentro de um apartamento na Rua Minas Gerais, na Pituba, em Salvador. Nos relatos policiais, os agentes envolvidos na opera��o tentam explicar a morte da psic�loga, mas se contradizem ao confirmar que ela disse “Eu me entrego” e que a v�tima havia sido transportada at� um hospital em carro particular, deixando claro que as autoridades n�o prestaram socorro ap�s o suposto incidente.
“Observou-se tamb�m que o g�s n�o estava agindo no interior do sanit�rio. Usa-se ent�o o lan�ador de granada inerte, que permite apenas furar o basculante. Logo a seguir ouve-se uma voz feminina dizendo ‘Eu me entrego’. Aguardou-se qualquer movimento da porta durante cinco minutos, mas nada aconteceu. (…) Aguardou-se novamente mais um minuto, quando ouviu-se um estampido vindo do interior do sanit�rio, o agente Emanuel abriu logo a porta, encontrando o corpo de uma mo�a perdendo sangue, ca�do sobre o vaso sanit�rio e um rev�lver calibre .38 ca�do no ch�o. O coronel Luiz Arthur e os agentes Veras e Vilas Boas puxaram o corpo para dentro do quarto, notando-se o orif�cio de um tiro exatamente na altura do cora��o”, registraram os agentes, descrevendo a morte de Iara em 20 de agosto de 1971, aos 27 anos.