A um m�s do julgamento do processo do mensal�o pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o esc�ndalo est� prestes a ter novos desdobramentos na Justi�a. Ap�s cinco anos de investiga��es sigilosas, a Procuradoria-Geral da Rep�blica decidiu pedir � Corte que apure o envolvimento de dois deputados com o suposto esquema de compra de apoio pol�tico no governo Luiz In�cio Lula da Silva.
O chefe do Minist�rio P�blico Federal, Roberto Gurgel, quer investigar em um �nico inqu�rito a suspeita de que o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) favoreceu as opera��es de cr�dito consignado do Banco BMG, quando presidiu o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O BMG � acusado de ter simulado empr�stimos de fachada para o PT e as ag�ncias de publicidade do empres�rio Marcos Val�rio Fernandes de Souza para abastecer o esquema il�cito de pagamento de propina. Nas investiga��es, constam depoimentos de dois assessores de confian�a de Bezerra, al�m de grampos telef�nicos e busca e apreens�o de documentos.
Por meio da assessoria de imprensa, o deputado disse que jamais agiu para privilegiar qualquer institui��o. Ele lembrou que, em 2003, nem sequer presidia o INSS quando a modalidade de empr�stimo foi regulamentada pelo governo. Em nota, o BMG disse que n�o teve qualquer privil�gio, uma vez que o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) atestou que a institui��o "n�o atuou sem concorr�ncia" - a Caixa Econ�mica Federal j� operava no ramo.
O procurador-geral pediu a abertura de um inqu�rito independente contra o deputado Jos� Mentor (PT-SP) "para apurar os repasses efetuados em seu benef�cio pelo grupo de empresas de Marcos Val�rio".
"Estou tranquilo como sempre estive", afirmou Mentor. Segundo ele, o ministro Joaquim Barbosa, do STF, ainda n�o decidiu sobre os pedidos feitos por Gurgel desde fevereiro. O advogado Paulo Abreu e Silva, que defende Tolentino, apresentou o despacho com os pedidos do MP ao processo principal do mensal�o como "prova nova". A argumenta��o � que ele deixaria de responder por forma��o de quadrilha porque Gurgel n�o apontou Tolentino como respons�vel pelos repasses a Mentor. O advogado de Marcos Val�rio, Marcelo Leonardo, disse que n�o iria se manifestar, pois o inqu�rito corre sob segredo de Justi�a e ele ainda n�o teve acesso aos autos.
Bra�os
O Minist�rio P�blico quer tamb�m repassar para a primeira inst�ncia da Justi�a Federal outros tr�s "bra�os" da investiga��o, por n�o encontrar ind�cios da participa��o de investigados com foro privilegiado. Para Minas Gerais, ele deseja enviar a apura��o sobre a suspeita de envolvimento de tr�s pessoas que seriam ligadas aos deputados petistas Vicentinho (SP) e Benedita da Silva (RJ) e ao atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.
Os investigados receberam recursos do esquema que seria operado por Marcos Val�rio. Mas como at� agora n�o foram encontrados "ind�cios concretos" de que os recursos se destinavam aos detentores de foro especial, o caso s� voltar� ao Supremo se isso ocorrer.
Em outra frente, o chefe do MP pede que se remeta para a Justi�a Federal de S�o Paulo a apura��o sobre o envolvimento da Brasil Telecom (atual Oi), Telemig Celular e Amaz�nia Celular com Marcos Val�rio. Por fim, Gurgel pede ainda o envio para a Justi�a Federal de Bras�lia da apura��o sobre irregularidades nas gest�es realizadas pelos bancos Econ�mico e Mercantil de Pernambuco perante o Banco Central. A gest�o teve, segundo o MP, o interm�dio de Val�rio.
As investiga��es do Minist�rio P�blico t�m sido conduzidas pela mulher de Gurgel, a subprocuradora Cl�udia Sampaio Marques. Antes mesmo da gest�o do marido, Cl�udia tem se envolvido em apura��es do esc�ndalo, tendo, inclusive, tomado o depoimento de Marcos Val�rio assim que o caso veio � tona. O relat�rio da Pol�cia Federal, com 332 p�ginas, chegou ao MP em fevereiro do ano passado. Todo o inqu�rito tem 77 volumes e mais de 13 mil p�ginas.