Bras�lia – O senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO), acusado de colocar o mandato parlamentar a servi�o do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, defendeu nessa segunda-feira a tese de que mentir na tribuna n�o justifica a cassa��o de mandato. Durante o sexto discurso que fez na tribuna do Senado Federal desde a semana passada, ele defendeu que n�o quebrou o decoro ao negar a rela��o com Cachoeira, ao falar aos senadores em 6 de mar�o – intercepta��es telef�nicas realizadas pela Pol�cia Federal nas opera��es Vegas e Monte Carlo evidenciaram posteriormente que o parlamentar era o bra�o pol�tico de Cachoeira no Congresso Nacional. "Se o parlamentar mentir, � um problema dele com sua consci�ncia e sua audi�ncia, n�o com o decoro. Ali�s, nada do que o parlamentar diz da tribuna pode ser quebra de decoro", disse Dem�stenes.
Falando mais uma vez para poucos colegas, o senador goiano proferiu um discurso gen�rico. Mais do mesmo. Repetiu que � v�tima de um massacre da imprensa e que as provas s�o ilegais, e fez um alerta: "O Senado n�o vai cair na armadilha de me fazer de bode expiat�rio de uma crise fabricada." Para a cassa��o, s�o necess�rios 41 votos. Temendo o esvaziamento do plen�rio amanh�, o senador Humberto Costa (PT-PE) iniciou campanha no Twitter para cobrar presen�a dos congressistas. O pernambucano disponibilizou, nas redes sociais, lista com o Twitter de todos os senadores para que a opini�o p�blica possa pressionar.
No discurso de ontem, o senador Dem�stenes Torres n�o citou o epis�dio do r�dio Nextel. O equipamento, segundo investiga��es da Pol�cia Federal, foi dado pelo contraventor a todos os integrantes da organiza��o criminosa. Uma linha direta entre o chefe e seus subordinados. Dem�stenes confessou, durante depoimento no Conselho de �tica, que a conta do aparelho era paga por Cachoeira. Ele aproveitou o pronunciamento para rebater o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do pedido de cassa��o no colegiado.
Lobby do bicho
No parecer, aprovado por unanimidade, o pernambucano classificou Dem�stenes como mentiroso, boquirroto, gabola. "Converso muito ao telefone, converso at� demais, mas boquirroto � o que n�o guarda segredos e n�o fui eu quem violou o sigilo do inqu�rito resguardado judicialmente. Gabola � o vaidoso e eu s� me gabo de gostar de discos. Mentiroso eu n�o sou."
No pronunciamento, Dem�stenes alegou que nunca articulou legaliza��o dos jogos de azar no Senado Federal. "O relat�rio me desenha como articulador do jogo no Senado. Repito a pergunta j� feita aqui outras vezes: qual senador eu procurei para ajudar a liberar o jogo? Que lobista � esse que n�o pediu voto aos pr�prios colegas? N�o procurei ningu�m", garantiu.
O parlamentar admitiu ter recebido os presentes, mas afirmou que isso n�o configura nenhum ato de ilegalidade. "A geladeira e o fog�o foram da mulher de Cachoeira para a minha mulher. Havia uma justificativa, o nosso casamento. E isso n�o trouxe vantagem indevida, at� porque quem presenteou n�o foi ressarcido com nada, muito menos com favores no meu mandato." Ontem, os advogados do senador come�aram a distribuir, em alguns gabinetes, documento com os principais pontos da defesa dele.
O principal fica para agosto
Os principais depoimentos � CPI do Cachoeira ficar�o para agosto, depois do recesso, e ainda n�o t�m data confirmada. A base aliada, que comanda a comiss�o – o relator, deputado Odair Cunha (MG), � do PT e o presidente, senador Vital do R�go (PB), do PMDB – permanecer� sentada sobre os requerimentos, j� aprovados, de convoca��o do ex-diretor do Dnit Luiz Ant�nio Pagot e do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish. Os governistas est�o analisando em qual momento a ida da dupla, amea�a concreta ao Pal�cio do Planalto, pode ser menos desgastante. Em contrapartida, Vital do R�go e Odair Cunha t�m na manga a possibilidade de levar tamb�m, quando bem entenderem, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-presidente da Dersa, empresa respons�vel pelas obras nas rodovias de S�o Paulo. "At� que a CPI j� fez um barulho, mas as decis�es estarem apenas na m�o da base aliada tornam a comiss�o parcial, como tem sido at� o momento", criticou o l�der tucano Alvaro Dias (PR).