Senadores usam funcion�rios de gabinete em campanha

Proibida por lei, a iniciativa de utilizar o trabalho de servidores p�blicos na campanha foi adotada pelos cincos senadores que disputam a elei��o para prefeitura de capitais. Eles alegam que os funcion�rios pagos com dinheiro p�blico, via Senado, s� trabalham fora do expediente ou que estariam em f�rias. Ou seja, os senadores est�o sendo generosamente apoiados por "volunt�rios" que, em comum, dependem deles pr�prios para manter o emprego. Nenhum dos senadores fala na exist�ncia de sal�rio extra para compensar a dupla jornada de trabalho.

Os senadores candidatos mant�m nos Estados 96 ocupantes de cargos de confian�a do Senado. O controle das atividades e do expediente desses funcion�rios depende exclusivamente deles. A "campe�" no deslocamento de comissionados para o Estado � a candidata do PCdoB � prefeitura de Manaus, senadora Vanessa Grazziotin. Em mar�o, ela mantinha 10 servidores no gabinete no Senado e 28 no Estado. Os n�meros mudaram na proximidade da campanha eleitoral, ficando apenas cinco funcion�rios no gabinete e 33 no Amazonas. A senadora alega que precisava de mais gente para se manter inteirada das atividades do Legislativo que est� em recesso branco e s� retoma as atividades esporadicamente nos tr�s dias de esfor�o concentrados, previamente agendados.

A Lei Geral das Elei��es estabelece que o servidor p�blico n�o pode ser cedido ou usar de seus servi�os em favor de candidatos, partidos ou comit�s de campanha, no hor�rio de expediente, salvo se ele estiver licenciado ou em gozo de f�rias.

Candidato � prefeitura de Jo�o Pessoa, o primeiro-secret�rio C�cero Lucena (PSDB) ocupa o segundo posto no total de servidores p�blicos deslocados para o Estado, com 23 deles, o dobro dos 11 que mant�m no gabinete. C�cero n�o quis se manifestar. A primeira secretaria vem sendo tocada por servidores da Casa e quando ele comparece diz n�o saber o que foi tratado nas reuni�es da Mesa Diretora. H� seis meses, C�cero mantinha 12 ocupantes de cargos de confian�a no gabinete e 22 deles na Para�ba.

J� o ex-governador do Piau� senador Wellington Dias (PT) afirma que recebeu a orienta��o da Mesa Diretora para adotar o hor�rio corrido, de 6 horas, no expediente dos 15 comissionados que trabalham no Estado. "Como a lei permite, eles trabalham fora do expediente", justifica. A Comunica��o Social do Senado nega a exist�ncia de orienta��o para facilitar a campanha dos senadores. E informa sobre a exist�ncia de um ato autorizando o hor�rio corrido para os servidores, sem fazer refer�ncia �s campanhas eleitorais.

Com 13 senadores no Estado e 11 no gabinete, o senador In�cio Arruda (PCdoB-CE), candidato a prefeito de Fortaleza, mant�m inalterada a distribui��o dos ocupantes de cargos de confian�a no Cear� e no gabinete em mar�o e na v�spera da elei��o. "Eles cumprem o expediente normal e ficam livre para a campanha no hor�rio noturno, s�bado e domingo", adianta. Disputando a prefeitura de Recife, o senador Humberto Costa (PT) disse que optou em demitir do Senado os assessores "mais envolvidos" na sua campanha. "Os demais participam (da campanha) depois do expediente", informa. Humberto diminuiu no Estado o total de ocupantes de cargos de confian�a nos meses pr�ximos da elei��o. Eles eram 15 h� seis meses e agora s�o 11. O total de 11 assessores no gabinete n�o se alterou.

A dias das elei��es, a melhor aposta nos senadores candidatos � a possibilidade de disputar o segundo turno. Nenhum deles ser� eleito no dia 7 de outubro. C�cero Lucena, o melhor situado nas pesquisas, em segundo lugar, tem no seu encal�o os candidatos do PT, Luciano Cartaxo, e do PMDB, Jo�o Maranh�o.

Apoiado pelo Planalto, Humberto Costa perdeu a lideran�a para o candidato do governador Eduardo Campos, Geraldo J�lio (PSB), e para o tucano Daniel Coelho. Ex-l�der do PT, o senador deixa claro que sua candidatura foi uma imposi��o do partido. Agora na disputa, ele defende que a sua vit�ria ser� melhor para a popula��o do Recife.

Vanessa Grazziotin tem o apoio do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, presente em um de seus com�cios, e da presidente Dilma Rousseff, que gravou um v�deo defendendo sua elei��o. Ambos sinalizam que, al�m da op��o pela candidata, querem mesmo � derrotar o candidato do PSDB, Arthur Virg�lio, ex-l�der do partido e um dos mais ferrenhos cr�ticos do governo. "A campanha tomou um novo ritmo", comemora a candidata.

Wellington Dias minimiza sua coloca��o nas pesquisas eleitorais, em terceiro lugar, dizendo ter sido assim em todas as elei��es que venceu. "Aqui tem gente que gosta de ganhar nas pesquisas, eu gosto � de ganhar nas urnas", alega. Na lanterna entre os colegas senadores, In�cio Arruda, com apenas 6% nas pesquisas, diz que est� "andando descal�o", numa refer�ncia � falta de apoio pol�tico e financeiro. Ainda assim, o senador diz que comemora "o debate positivo" proporcionado pela campanha.