O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou nesta quarta que no processo do mensal�o o colegiado est� fazendo um julgamento rigorosamente jur�dico, mas que gerar� consequ�ncias pol�ticas. "O que n�s estamos fazendo aqui � um julgamento rigorosamente jur�dico, mas tem consequ�ncias pol�ticas porque o sistema jur�dico que estamos aplicando excomunga um certo modo de fazer alian�as pol�ticas � base de propina, de corrup��o, de emprego de dinheiro p�blico", disse o ministro.
Em uma tentativa indireta de justificar as cr�ticas de que o STF estaria condenando r�us sem provas cabais, o presidente da Corte se valeu da compara��o feita pelo jurista italiano Michele Taruffo. Segundo o estudioso, citado pelo ministro, a investiga��o criminal segue a leitura de um texto, seja um poema um romance. "O que fazemos quando lemos um texto: partimos do particular para o geral. Do textual para o contextual. O processo penal � a mesma coisa".
Para Ayres Britto, durante o julgamento do mensal�o, a Corte analisou os fatos, reconstituindo aquilo que o Minist�rio P�blico arrolou como "penalmente t�picos". "Cada fato � uma pecinha de um mosaico. Composto o mosaico, o m�todo dedutivo se inverte" explicou, ressaltando que o tribunal est� autorizado a proceder dessa forma. "� o conjunto da obra que nos autoriza a, como dizem os portugueses, conexionar as provas diretas e os ind�cios", completou.
No m�s passado, o presidente do STF participou de uma palestra em Belo Horizonte (MG) com a presen�a do jurista italiano. Durante o julgamento do mensal�o, o estudioso j� foi citado pelo ministro Luiz Fux para condenar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, o deputado federal Jo�o Paulo Cunha (PT-SP), o publicit�rio Marcos Val�rio e ex-s�cios dele.