'A na��o n�o aguenta mais este julgamento', diz Joaquim Barbosa

Relator do processo do mensal�o, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse nesta quinta-feira que ningu�m mais aguenta o julgamento que come�ou em 2 de agosto, j� consumiu 51 sess�es plen�rias da Corte e levou � condena��o de 25 dos 37 r�us. "Eu acredito que a na��o n�o aguenta mais este julgamento. Est� na hora de acabar, est� na hora. Como diriam os ingleses, let's move on (vamos em frente)", reclamou.

O desabafo foi feito no momento em que o revisor da a��o, Ricardo Lewandowski, lia uma proposta detalhada para modificar as penas de multa estabelecidas em novembro pelo STF para serem pagas pelos condenados por envolvimento com o mensal�o. Lewandowski disse que n�o havia crit�rios objetivos na defini��o dessas puni��es, originalmente fixadas num total de R$ 22,3 milh�es. Ap�s o protesto de Barbosa, Lewandowski apresentou a proposta de forma resumida.

Ao longo dos �ltimos quatro meses de julgamento, esse n�o foi o �nico momento de tens�o entre relator e revisor nem a �nica oportunidade em que o presidente demonstrou estar cansado do julgamento. A previs�o inicial era de que o julgamento demorasse semanas. Mas, como os debates se alongaram, todos os progn�sticos n�o se cumpriram. Nesses quatro meses, dois ministros aposentaram-se compulsoriamente. E o relator, que sofre de problemas cr�nicos no quadril, deixou transparecer por v�rias vezes o desconforto com a demora.

Um dos epis�dios mais emblem�tico da tens�o provocada pelo julgamento ocorreu logo no in�cio do julgamento, em agosto. Joaquim Barbosa acusou Lewandowski de "deslealdade" ap�s o colega ter votado a favor do desmembramento do processo, um assunto que tinha sido debatido pelo tribunal anteriormente. O revisor afirmou que o termo usado era muito forte, que se sentia atacado pessoalmente e que o epis�dio indicava que o julgamento seria "muito tumultuado".

O clima de tens�o esteve presente no plen�rio da Corte quase que durante todo o julgamento do processo que j� � recordista em dura��o. O fato de relator e revisor terem opini�es diferentes em rela��o � culpa dos r�us, �s penas e �s consequ�ncias das condena��es foi o principal fator de acirramento dos �nimos em v�rias situa��es.