O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, disse nesta sexta-feira (10) em depoimento � Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), que se n�o fosse a atua��o dos militares, o comunismo existiria hoje no Brasil. “Est�vamos lutando pela democracia e est�vamos lutando contra o comunismo. Se n�o fosse a nossa luta, se n�o tiv�ssemos lutado, eu n�o estaria aqui porque eu j� teria ido para o pared�n. Os senhores teriam um regime comunista, um regime como o de Fidel Castro. O Brasil teria virado um 'Cub�o' [em refer�ncia a Cuba].
Durante a ditadura, a presidenta Dilma integrou as organiza��es clandestinas Pol�tica Oper�ria (Polop), Comando de Liberta��o Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucion�ria Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar. Condenada por "subvers�o", ela passou tr�s anos presa no Pres�dio Tiradentes, em S�o Paulo, entre 1970 e 1972.
O coronel compareceu hoje � Comiss�o da Verdade e, apesar de decis�o judicial que lhe garantia o direito de n�o se pronunciar durante o depoimento, Ustra falou aos membros da comiss�o e negou tamb�m que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instala��es do �rg�o de repress�o do governo militar.
Antes do in�cio do depoimento, Ustra fez um pronunciamento em que reiterou que as a��es de repress�o foram respostas aos atos das “organiza��es terroristas que queriam implantar o comunismo no Brasil”.
Ustra citou a��es praticadas pelos grupos de esquerda contra o regime militar. “Quando fui transferido para S�o Paulo no in�cio dos anos 70, os terroristas j� haviam assaltado mais de 300 bancos e carros-fortes. Tinham encaminhado mais de 300 militantes para a China para treinar a guerrilha, j� haviam atacado quart�is, roubado armas e sequestrado tr�s diplomatas. Em face disso foi criado o DOI-Codi. Eramos homens prontos para o combate, cumprindo ordens”, disse acentuando que seria apenas mais um na cadeia de comando.
Durante o seu depoimento, ao ser indagado sobre o desaparecimento de v�rios militantes pol�ticos, Ustra negou que tenha havido qualquer morte no DOI-Codi. “No meu comando ningu�m foi morto no DOI [Codi]. Foram mortos em combate, de arma na m�o, na rua”, repetiu v�rias vezes.
Para Cl�udio Fonteles, um dos membros da Comiss�o da Verdade, Ustra, ao ser confrontado com a documenta��o reservada do DOI-Codi, Ustra “deu uma vers�o insustent�vel de mortes em combate”. Documentos apresentados pela CNV apontam em 50 o n�mero de mortos no �rg�o durante o per�odo em que foi dirigido pelo coronel.
J� o advogado e ex-defensor de presos pol�ticos Jos� Carlos Dias, que tamb�m integra a CNV, o depoimento foi emocionalmente forte e mexeu com os presentes. “Hoje foi um dia muito penoso para mim. Eu defendi mais de 500 presos pol�ticos e a maior parte v�timas do coronel Ustra. Defendi pessoas que foram mortas sob as ordens dele”.