Os pelo menos 34 parlamentares que constam na lista dos dirigentes do Solidariedade e do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) como futuros filiados somar�o 80 mudan�as de partido ao longo da trajet�ria pol�tica, caso confirmem a migra��o para as duas mais recentes legendas do pa�s. Levantamento da reportagem mostra que o recordista entre eles est� migrando para o seu s�timo partido. Mas o deputado licenciado Maur�cio Trindade (BA) n�o est� sozinho entre congressistas que est�o acostumados ao troca-troca de siglas. Dos 34, 23 podem representar, no m�nimo, a terceira legenda na carreira.
Maur�cio Trindade ser� o presidente do PROS – sua s�tima sigla – na Bahia. Secret�rio de Promo��o Social e Combate � Pobreza da Prefeitura de Salvador, ele alega que a mudan�a, a despeito da primeira impress�o, � uma quest�o de coer�ncia. “Sou secret�rio do prefeito Ant�nio Carlos Magalh�es Neto (DEM) e meu partido est� com o governo do estado. Nas elei��es do ano que vem, o ACM Neto far� oposi��o ao governador Jaques Vagner (PT)”, diz.
Sobre as trocas anteriores (PPB, PSC, PST, PSDB, PL e PR), Trindade argumenta que o PPB acabou e foi se desdobrando em outros partidos. “As legendas que foram mudando. O PDC virou PRB, que virou P…”, confunde-se. Para ele, o troca-troca se justifica pelo fato de “os partidos do Brasil terem dono”. “E se o dono quer ir para um lado, a gente n�o � obrigado a ir com ele”, argumenta, acrescentando que tamb�m n�o h� ideologia partid�ria no resto do mundo. “A China comunista est� tomando Coca-Cola.”
Entre os 23 que caminham, no m�nimo, para seu terceiro partido, est� o deputado Marcos Medrado (BA), que j� passou pelo PRN, PP e PDT, sigla que vai deixar na semana que vem para se filiar ao Solidariedade. O congressista disse � reportagem que vai se filiar � rec�m-criada legenda na ter�a-feira. Alegou, no entanto, que s� deixar� a sigla pela qual foi eleito em 2010 por falta de espa�o.
“Tenho 30 anos de vida p�blica e agora estou saindo por causa de inviabilidade com a dire��o atual do PDT. Fiquei 20 anos no PP antes. N�o gosto muito de mudar de partido”, afirmou Medrado, que � investigado em dois inqu�ritos que tramitam no STF. “N�o respondo a nada por corrup��o. (A investiga��o) � por causa de uma propriedade”, frisou para detalhar o motivo do inqu�rito no qual o Minist�rio P�blico apura suposto crime ambiental.
J� o deputado Carlos Manato (ES) vai ingressar em seu terceiro partido. Ele assinou a ficha de filia��o ao Solidariedade anteontem. “Houve problema de espa�o no partido (PDT), no �mbito estadual. Por isso, vi uma oportunidade maior para eu crescer no Solidariedade”, admitiu o parlamentar, que ser� presidente da sigla no Esp�rito Santo. Manato rejeita a pecha de que seja mais um a trocar indiscriminadamente de partido. Ele relata que se candidatou em 1994 pelo PSDB, mas deixou de militar at� ingressar em 2001 no PDT, onde ficou mais de 12 anos.
EST� NO DNA Para o cientista pol�tico David Fleischer, da Universidade de Bras�lia (UnB), casos como o do deputado Maur�cio Trindade mostram que h� pol�ticos que t�m “no DNA o h�bito de mudar de partido”. “O ex-vereador de Goi�s que est� a frente do Pros j� trocou de partido, sen�o me engano quatro vezes. Isso mostra que o sujeito � do ramo, a troca de partidos est� no DNA dele”, frisou ao se referir ao presidente do partido, o ex-vereador de Planaltina de Goi�s Eur�pedes J�nior.
Na avalia��o de Fleischer, os parlamentares que desembarcam nas agremia��es rec�m-criadas buscam mais espa�o e seguran�a, pois sabem que no Pros e no Solidariedade n�o correr�o o risco de perder o mandato por infidelidade partid�ria. “Falamos que existem partidos de aluguel, mas tamb�m h� os deputados de aluguel”, afirmou Fleischer, sem se referir a um pol�tico espec�fico.
Donadon
O deputado Natan Donadon (sem partido-RO), preso na penitenci�ria da Papuda, no Distrito Federal, desde junho, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que possa deixar a cadeia para exercer o mandato parlamentar. Donadon afirma que a pris�o em regime fechado impede que a decis�o do Legislativo, que manteve seu mandato, seja cumprida. “Se, por um lado, a Constitui��o autoriza a manuten��o do mandato de parlamentar condenado criminalmente e exige que ele frequente um n�mero m�nimo de sess�es, por outro, o regime de cumprimento da pena deve ser compat�vel com a delibera��o do Legislativo”, afirmam os advogados de Donadon no pedido encaminhado ao STF nesta semana.
Vaiv�m pol�tico
Os novatos, Solidariedade e Pros, garantem que atra�ram pelo menos 34 parlamentares para suas legendas
Juntos, esses 34 congressistas j� trocaram de partido 46 vezes
Caso migrem para as novas legendas, completar�o 80 trocas
Um deles, o deputado Maur�cio Trindade (PR-BA), est� indo para o s�timo partido
�, no m�nimo, a terceira troca de sigla de 23 deles
Dos 34, apenas nove nunca trocaram de legenda
Nove parlamentares respondem a a��es penais