S�o Paulo - Suspeito de receber propina em contas da Su��a, o ex-diretor de opera��es e manuten��o da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) Jo�o Roberto Zaniboni assinou cinco contratos de aditamentos com as multinacionais acusadas de integrar o cartel de trens. Os acordos foram fechados pelo engenheiro entre outubro e dezembro de 2002, no governo do tucano Geraldo Alckmin.
Promotores e procuradores que rastreiam contratos de estatais paulistas avaliam que os extratos banc�rios indicam o primeiro caso concreto de corrup��o na grande investiga��o sobre o alcance dos casos Alstom e Siemens - multinacionais sob investiga��o por forma��o de carteis para obter a supremacia de licita��es da CPTM e no Metr�, no peri�do de 1998 a 2008.
Um dos aditamentos que Zaniboni subscreveu, em 20 de dezembro de 2002, fez subir em R$ 4,13 milh�es contrato com a Alstom para presta��o de servi�os de revis�o geral com fornecimento de materiais de 29 trens. O valor original do contrato, que fora fechado em 21 de agosto de 1998, saltou de R$ 19,49 milh�es para R$ 23,62 milh�es.
No mesmo dia em que aditou o contrato da Alstom, Zaniboni fez outros dois acordos, um com a Inepar e o outro com a Bombardier - o primeiro representou acr�scimo de R$ 3,08 milh�es, o segundo de R$ 3,13 milh�es.
Trilha
A investiga��o mostra o caminho da propina at� a conta de Zaniboni. A Alstom fez dep�sitos na Fran�a em favor de duas offshores sediadas no Uruguai, controladas pelos irm�os Arthur Teixeira Gomes e S�rgio Meira Teixeira - suspeitos de terem agido como lobistas e consultores da multinacional.
Os aportes foram realizados no per�odo entre 22 de setembro de 1999 e 20 de dezembro de 2002. Os ativos de Zaniboni tem origem em propinas que teriam sido pagas ao engenheiro antes dos aditamentos, segundo o Miniswt�rio P�blico.
“Foi poss�vel comprovar no per�odo entre maio de 2000 e dezembro de 2000 pagamentos isolados dos indiciados Gomes Teixeira e Meira Teixeira a tal Jo�o Roberto Zaniboni que foi, entre 1999 e 2003 diretor da CPTM, uma companhia estadual de S�o Paulo”, diz relat�rio dos investigadores su��os.
Na semana passada, diante da for�a tarefa de promotores e procuradores, Zaniboni disse que o dinheiro em sua conta na Su��a tem origem em consultoria que alega ter prestado para os irm�os Teixeira. Ele n�o detalhou exatamente os servi�os e afirmou que n�o possui c�pias dos contratos de consultoria.
O advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o ex-diretor da CPTM, recha�ou a suspeita de propina. “(Zaniboni) recebeu os valores por servi�os efetivamente prestados de consultoria anteriormente � posse na diretoria da CPTM.” Pacheco afirma que os aditamentos autorizados pelo engenheiro “foram todos absolutamente legais e t�m justificativa plaus�vel por intercorr�ncias no cumprimento dos contratos”. O advogado confirmou que Zaniboni n�o tem c�pia dos acordos de consultoria. “N�o teve contrato.”
Alckmin comentou o caso. “Seja funcion�rio ou ex-funcion�rio, haver� toler�ncia zero”, disse o governador, segundo quem o ex-diretor da CPTM j� havia sido chamado para falar � Procuradoria Geral do Estado, que acompanha o caso do cartel, mas n�o compareceu. Zaniboni n�o trabalha mais no governo paulista desde 2003.