Condenado na Su��a por lavagem de dinheiro e indiciado no Brasil sob suspeita de corrup��o, forma��o de cartel, crime financeiro e tamb�m lavagem de dinheiro, o ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) Jo�o Roberto Zaniboni prestou servi�os de consultoria por meia d�cada ao governo tucano de S�o Paulo, o mesmo que � suspeito de lesar quando era seu funcion�rio. Nos �ltimos quatro anos, Zaniboni, um dos principais personagens do caso do cartel, recebeu R$ 32,9 milh�es, junto com seus s�cios, dos cofres paulistas.
Zaniboni virou s�cio da Focco em julho de 2008 e j� fechou seus primeiros contratos com o governo estadual em 2009. Hoje, a empresa tem contratos com CPTM, Metr�, Secretaria de Transportes Metropolitanos, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e Ag�ncia Reguladora de Servi�os P�blicos Delegados de Transporte do Estado de S�o Paulo (Artesp). Zaniboni deixou formalmente a sociedade em agosto deste ano, ap�s ver seu nome envolvido no esc�ndalo do cartel de trens.
S�o ao menos oito acordos da Focco com o governo paulista. Em alguns deles, ela participa de cons�rcios. Os servi�os s�o de apoio � supervis�o de obras. Ela atua, por exemplo, em reformas e moderniza��o de linhas da CPTM e na constru��o do monotrilho que liga o Morumbi ao Jabaquara, passando pelo aeroporto de Congonhas, na zona sul.
Os valores pagos pelos cofres estaduais � empresa foram retirados do site da Secretaria da Fazenda de S�o Paulo. No portal n�o constam dados de 2009.
Sediada na Rua Estados Unidos, nos Jardins, regi�o central de S�o Paulo, a Focco tem 120 funcion�rios, a maior parte de engenheiros, segundo Luiz Fernando Pacheco, advogado de Zaniboni. Pacheco sustenta que todos os servi�os ao governo do Estado foram prestados.
A gest�o Alckmin tamb�m diz que o contratos respeitam a lei. O governo informou ainda que a Corregedoria-Geral de Administra��o vai checar, “por amostragem, a efetiva execu��o dos servi�os contratados”.
Federal
A Focco tamb�m mant�m contratos com o governo federal. A empresa de Zaniboni recebeu, entre 2011 e 2013, R$ 168,2 mil dos cofres de estatais do governo Dilma Rousseff, sendo R$ 36,5 mil da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o restante da Valec, respons�vel pelas ferrovias brasileiras. Antes, n�o havia contratos da Focco no governo federal.
Na CBTU, a empresa de Zaniboni fechou, em dezembro de 2012, um acordo para consultoria nos contratos de fornecimento de material rodante metroferrovi�rio constantes do Plano de Acelera��o do Crescimento (PAC). Ela participa de um cons�rcio com a P�lux. Na Valec, a Focco assinou, em 2010 - passando a receber no ano seguinte -, contrato para supervis�o de um dos lotes da Ferrovia Leste-Oeste no trecho entre Ilh�us e Barreiras na Bahia. No caso, ela participa de um cons�rcio com outras duas empresas, a Vetec e a Diefra.As estatais federais dizem que n�o houve irregularidade nas licita��es e que os servi�os est�o sendo prestados adequadamente.
At� o momento, as investiga��es que envolvem Zaniboni e sua ex-empresa identificaram ind�cios de crimes que teriam ocorrido quando ele era diretor da CPTM. Os investigadores, no Brasil e na Su��a, buscam saber se o esquema permaneceu para al�m do per�odo de suspeita de a��o do cartel, entre 1998 e 2008.
Frentes
Para conden�-lo semanas atr�s, o Minist�rio P�blico da Su��a identificou dep�sitos de US$ 836 mil, entre 1999 e 2002, em uma conta sua no banco Credit Suisse em Zurique. Segundo os investigadores do pa�s europeu, uma parte desse dinheiro foi paga por lobistas do esquema, suspeitos de serem os pagadores de propina do cartel, entre eles o consultor Arthur Teixeira.
O s�cio de Zaniboni na Focco, Ademir Ven�ncio de Ara�jo, foi ex-diretor de obras da CPTM. Ele tamb�m foi indiciado pela Pol�cia Federal pelos mesmos crimes. Eles s�o suspeitos de atuarem junto com Oliver Hossepian, ex-presidente da estatal de trens, como “intermedi�rios” da propina, utilizando as contas da Focco.
Na decis�o da Justi�a brasileira de novembro, em que determinou o bloqueio das contas do ex-diretor da CPTM, o juiz federal Marcelo Cavali anotou, citando o pedido feito pela Pol�cia Federal: “Hoje, ademais, Ademir Ven�ncio de Ara�jo, Jo�o Roberto Zaniboni e Oliver Hossepian Salles de Lima seriam os intermedi�rios no pagamento de propinas, conforme demonstraria a suspeita movimenta��o da empresa Focco Tecnologia e Engenharia”.