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Estado de Minas

Comiss�o Nacional da Verdade faz dilig�ncia em antiga vila militar no Rio

Segundo a advogada Rosa Cardoso, uma das integrantes da comiss�o, os testemunhos e a an�lise dos peritos foram muito importantes para ajudar a reconhecer os locais de tortura


postado em 24/01/2014 20:42

Integrantes da Comiss�o Nacional da Verdade (CNV) fizeram nesta sexta-feira uma dilig�ncia t�cnica nas depend�ncias da antiga unidade da Pol�cia do Ex�rcito na Vila Militar de Deodoro, acompanhados por pessoas que foram torturadas na unidade durante a ditadura (1964-1985). Segundo a advogada Rosa Cardoso, uma das integrantes da comiss�o, os testemunhos e a an�lise dos peritos foram muito importantes para ajudar a reconhecer os locais de tortura, que passaram por muitas reformas ao longo dos �ltimos anos.

“Os peritos d�o autenticidade t�cnica, porque t�m compet�ncia para dizer que houve mudan�as e, confrontando com o testemunho das v�timas da tortura, podemos dizer que este � o lugar do qual est�o falando”, disse Rosa. Para ela, as informa��es ser�o fundamentais para a audi�ncia p�blica de para amanh� (24) no audit�rio do Arquivo Nacional, para apurar casos de morte e tortura na Vila Militar. “Estamos fechando as pontas do quebra-cabe�a, pois n�o falamos apenas para as pessoas mais pr�ximas, acostumadas a ler sobre tais fatos, que viveram esse per�odo e que acreditam nos fatos sem apresenta��o de maiores evid�ncias. Estamos falando para o futuro”, explicou a advogada. Por isso, � preciso apresentar a informa��o de uma maneira muito consistente, acrescentou.

A audi�ncia pretende investigar casos como o do sargento da Pol�cia Militar do antigo Estado da Guanabara Severino Viana Colou e do estudante de medicina Chael Charles Schreier, de 23 anos, que morreram no local em maio e novembro de 1969, respectivamente.

O advogado Francisco Celso Calmon, integrante do F�rum Direito � Mem�ria e � Verdade do Esp�rito Santo, foi preso por ser militante da Vanguarda Revolucion�ria Palmares (VAR-Palmares) e passou cerca de quatro meses na Vila Militar. “Ca� junto com minha namorada, hoje m�e dos meus tr�s filhos, que tinha apenas 16 anos e ficou encarcerada durante 42 dias”, disse Calmon, ao lembrar que j� estava l� quando o estudante Chael foi preso. “Ouvi os gritos do Chael at� ele n�o poder mais gritar”, relatou. Calmon � comiss�o uma lista com os nomes de 14 agentes do Estado que praticaram torturas na unidade de Deodoro, dois j� falecidos.

“Passaram mais de 50 presos por aqui. N�o me agrada voltar aqui, mas o que estamos fazendo aqui � hist�ria, n�o s� para n�s, n�o s� para este relat�rio, como tamb�m para essa guarni��o saber que aqui aconteceu isso [tortura]”, disse o advogado.

Para ele, o mais importante � que os algozes dos torturados sejam reconhecidos. “E que tenham a hombridade de comparecer amanh� [na audi�ncia] e esperamos que, al�m da Justi�a os criminalizar, talvez aconte�a um milagre, que seria uma autocr�tica deles, das For�as Armadas”, acrescentou.

Outra integrante da comiss�o, a advogada Eny Moreira, que defendeu dezenas de presos pol�ticos, juntamente com o jurista Her�clito Sobral Pinto, disse que "perdeu a conta" dos clientes torturados no local. “Nunca vi a tortura ser feita, mas sou testemunha de barb�ries”, afirmou Eny, lembrando o dia 10 de novembro de 1972, quando o Jornal Nacional informou que a 'terrorista' Aurora Maria Nascimento Furtado morreu em um tiroteio. “A fam�lia me pediu para liberar o corpo. Quando recebi o corpo, Aurora estava literalmente dilacerada: afundamento no maxilar, sem bicos dos seios, um dos olhos pendurado, rasgo do umbigo at� a vagina, fratura externa no bra�o – a �ltima coisa que fizeram com ela foi pressionar com um torniquete de a�o seu c�rebro. Por isso, o olho saltou”.

Rosalina Santa Cruz tamb�m ficou presa na Vila Militar, mas em outra unidade, e l� ficou com mais seis mulheres, todas na mesma cela, durante todo o ano de 1972. Rosalina lembrou que as mulheres eram sempre torturadas nuas e apenas por homens, geralmente, com choques na vagina. Seu irm�o, Fernando Santa Cruz, que foi preso no Rio, � considerado desaparecido pol�tico. “Minha m�e [Elzita] tem 100 anos e ainda espera not�cia do filho”.

A Comiss�o Nacional da Verdade foi criada em 2012 e deve encerrar seus trabalhos em dezembro deste ano, quando publicar� o relat�rio final, com conclus�es e recomenda��es para reformas em institui��es e pol�ticas p�blicas.


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