O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e 7 meses de cadeia no processo do mensal�o e preso desde 5 de fevereiro na It�lia, contratou novo advogado para fazer a sua defesa em territ�rio italiano. Al�m do advogado de of�cio Lorenzo Bergami - designado pela Justi�a ap�s sua captura em Pozzo di Maranello -, o ex-dirigente do BB � agora defendido por Alessandro Sivelli, criminalista que atua na regi�o de Modena, cidade em que fica o pres�dio de Sant'Anna, onde Pizzolato est� preso.
A contrata��o de um segundo advogado indica que Pizzolato se prepara para uma batalha longa em torno do pedido de extradi��o a ser apresentado pelo governo brasileiro nos pr�ximos dias. Detentor de dupla nacionalidade (italiana e brasileira) e condenado por peculato, lavagem de dinheiro e corrup��o passiva, o ex-dirigente do BB fugiu clandestinamente para a It�lia, via Buenos Aires, em 12 de setembro. Usou na fuga documentos de Celso Pizzolato, um irm�o que morreu em 1978, em um acidente de tr�nsito.
Procuradores brasileiros avaliam que o processo de extradi��o poder� levar pelo menos seis meses. Nesta segunda-feira, 17, a Corte de Apela��o de Bolonha decidiu acolher pedido do Minist�rio da Justi�a para manter o ex-diretor do BB na cadeia. O procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da Rep�blica do Brasil, interpretou o pedido do minist�rio italiano como um sinal de que a extradi��o, embora dif�cil, poder� acontecer. Para ele, n�o faria sentido manter Pizzolato preso se n�o fosse para garantir que pudesse ser extraditado.
No Brasil, ativistas que apoiam Pizzolato empenharam-se, nos �ltimos dias, em traduzir para o italiano pe�as do processo que, segundo eles, favorecem Pizzolato, como o regulamento do Fundo Visanet (do qual Pizzolato, segundo a acusa��o, teria desviado mais de R$ 70 milh�es por meio da DNA Propaganda, ag�ncia do publicit�rio Marcos Val�rio), relat�rios de auditoria no Visanet e o Laudo 2828 da Pol�cia Federal. O objetivo � que os advogados italianos possam us�-los em uma poss�vel argumenta��o de que Pizzolato foi v�tima de processo pol�tico, que teria contrariado as provas dos autos.
Ironicamente, a Procuradoria faz trabalho semelhante, mas em sentido oposto. No mesmo per�odo, tradutores contratados pela PGR dedicaram-se a verter para o italiano as principais pe�as da A��o Penal 470 envolvendo a condena��o de Pizzolato, para instruir o pedido de extradi��o. Ser�o em torno de 200 p�ginas de documentos. Entre eles, a den�ncia da procuradoria, o ac�rd�o e a carta de senten�a, informaram Pelella e o chefe do setor de Coopera��o Internacional da PGR, Vladimir Aras.
O pedido brasileiro ser� julgado pela Corte de Apela��o em Bolonha, com possibilidade de recurso � Corte de Cassa��o, em Roma. A decis�o final sobre a extradi��o, por�m, ser� pol�tica e caber� ao Minist�rio da Justi�a. Os crimes cometidos por Pizzolato ao usar documentos falsos em territ�rio italiano s�o objeto de duas investiga��es, uma em La Spezia, onde ele alugou uma casa, e outra em M�dena. S�o, por�m, considerados delitos de baixa gravidade, que raramente s�o punidos com pris�o.