S�o Paulo - Dossi� composto de 90 documentos da Procuradoria da Su��a, de posse das autoridades brasileiras, fecha o cerco ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Robson Riedel Marinho, ex-chefe da Casa Civil do governo M�rio Covas (PSDB). O extenso relat�rio, de 282 p�ginas, revela passo a passo como Marinho recebeu US$ 1,1 milh�o em uma conta secreta no banco Cr�dit Lyonnais Suisse de Genebra e cont�m o depoimento do executivo da multinacional francesa Michel Cabane, segundo o qual o conselheiro foi destinat�rio de propinas.
Em depoimento aos procuradores su��os, Cabane declarou: “Na ocasi�o de conversas informais com o sr. Foigel (Jonio Foigel, diretor de uma coligada da Alstom) e o sr. Botto (ex-diretor comercial da Alstom na Fran�a), compreendi que se tratava de uma pessoa, de certo senhor Robson Marinho. Ele era membro do Tribunal de Contas do Estado de S�o Paulo. Essa � a �ltima inst�ncia que fiscaliza as companhias estaduais assim com o estabelecimento das contas.”
Cabane foi indagado sobre se Marinho foi o �nico destinat�rio dos pagamentos. “Eu n�o sei se apenas essa pessoa recebeu dinheiro ou se o senhor Marinho o distribuiu ou n�o.”
O criminalista Celso Vilardi, que defende o conselheiro, foi categ�rico. “Essas conversas (a que Cabane fez refer�ncia) se referem a 1998. Eu reafirmo que n�o fazem o menor sentido, tendo em vista que em 1998 n�o existia nenhum contrato sob julgamento do TCE. Mais do que isso, naquela �poca ningu�m sabia que, tr�s anos depois, seria julgada a garantia do seguro (dos equipamentos do contrato Gisel), �nico contato que o conselheiro teve com o caso.”
O Minist�rio P�blico Federal est� convencido de que os valores foram creditados na conta 17321-1, titularizada por Marinho, como propina no caso Alstom, suposto esquema de corrup��o no setor de energia do governo paulista entre 1998 e 2002, governos Covas e Geraldo Alckmin.
Transfer�ncias
Os pap�is que refor�am suspeitas contra Marinho foram recebidos pelo Departamento de Recupera��o de Ativos e Coopera��o Jur�dica Internacional (DRCI), do Minist�rio da Justi�a, e fazem parte do Of�cio 155/11 dos autos. Eles reconstituem desde a abertura da conta, em 10 de mar�o de 1998, at� a sucess�o de ordens de transfer�ncias em favor do conselheiro pelo empres�rio Sabino Indelicato, r�u no caso Alstom por corrup��o e lavagem de dinheiro.
Uma dessas ordens foi dada de punho pr�prio - Indelicato mandou, via fax, orienta��o ao Cr�dit Lyonnais, onde tamb�m mant�m conta, para repasse de US$ 242.962. A opera��o � datada de 24 de fevereiro de 2005.
A documenta��o inclui a c�pia do passaporte do conselheiro, que ele apresentou quando abriu a conta, e o momento em que passa a usar a offshore Higgins Finance Ltd para custodiar seus ativos. A Higgins foi constitu�da no para�so fiscal das Ilhas Virgens Brit�nicas. Marinho � o detentor do direito econ�mico da offshore “ao qual pertencem os valores que ser�o confiados ao banco”.
Entre 1998 e 2005, Indelicato fez oito remessas para o conselheiro, que tamb�m recebeu da offshore MCA Uruguay, usada pelo esquema Alstom.
Nessa segunda-feira (10), o governador Alckmin defendeu investiga��o rigorosa. “Em rela��o a Robson Marinho, acho que tem que apurar, o que todos n�s queremos � que haja uma apura��o rigorosa, que se esclare�am as quest�es e as puni��es devidas. Ent�o, � avan�ar com a investiga��o.”