
Brasilia - O ministro Joaquim Barbosa preside nesta ter�a-feira a �ltima participa��o dele em sess�o do Supremo Tribunal Federal. A aposentadoria de Barbosa est� prevista para este m�s. Relator do processo do mensal�o, Barbosa deixou a marca dele ao conduzir � condena��o personagens importantes do governo Lula, como o ex-ministro Jos� Dirceu.
Uma condena��o que contrariou a tradi��o de impunidade no julgamento de pol�ticos suspeitos de corrup��o. No imagin�rio da opini�o p�blica, foi al�ado � condi��o de xerife, de her�i nacional, de algoz do PT.
A fama decorreu das discuss�es travadas em plen�rio, das cr�ticas aos costumes pol�ticos e aos ataques contra o julgamento diferenciado de r�us ricos ou poderosos. Mas seus cr�ticos apontam um lado diverso da moeda: ele n�o teria transformado as bandeiras defendidas publicamente em pol�ticas p�blicas.
Barbosa vai renunciar aos cargos de presidente e ministro do STF quatro meses antes do fim de seu mandato de chefe do Judici�rio. Ele afasta-se em meio a um clima de isolamento no tribunal, cuja derrota na �ltima quarta-feira foi o ponto final. Naquele dia, o plen�rio derrubou decis�es de Barbosa e liberou condenados no processo do mensal�o para o trabalho fora do pres�dio.
Desconfian�a
Barbosa teve em seu gabinete as investiga��es do mensal�o durante nove dos 11 anos em que permaneceu no STF. Foi sorteado relator do processo em 2005. Suspeitava que o julgamento teria o mesmo destino de casos anteriores do tribunal: absolvi��o e impunidade.
Ao contr�rio do que projetara, o julgamento terminou com a condena��o � pris�o de praticamente todos os principais articuladores do esquema, a come�ar pelo ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu, apontado como mentor intelectual do mensal�o.
Barbosa foi indicado para o STF pelo presidente Luiz In�cio Lula da Silva em 2003, que havia decidido nomear um negro para o STF. O ent�o procurador da Rep�blica votou em Lula em 2002. Em 2006, apesar da descoberta do esquema do mensal�o, manteve apoio ao presidente. Na cerim�nia no Pal�cio do Planalto, ap�s ser indicado, afirmou que sua escolha sinalizava para a sociedade “o fim de certas barreiras vis�veis e invis�veis”.
Desde a chegada � Corte, envolveu-se em discuss�es com seus pares. A primeira delas com o ministro Marco Aur�lio Mello, que durante um julgamento assim reagiu ao tom considerado por ele agressivo de Barbosa: “Para discutir mediante agress�es, o lugar n�o � o plen�rio do STF, mas a rua”.
Durante o julgamento do mensal�o, alvejou por diversas vezes o ministro Ricardo Lewandowski, afirmando, dentre outras coisas, que o colega atuava como advogado de defesa dos r�us.
No m�s passado, Barbosa pediu ao Minist�rio P�blico que tome provid�ncias contra o advogado Luiz Fernando Pacheco, defensor do ex-deputado Jos� Genoino, tamb�m condenado no mensal�o. Dias antes, eles discutiram e Barbosa ordenou que seguran�as expulsassem o advogado do plen�rio do STF.
O epis�dio levou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a emitir nota de rep�dio a Barbosa. A entidade n�o foi a �nica a ter problemas com o presidente do Supremo. As rela��es dele com associa��es representativas de ju�zes tamb�m n�o foram boas.
Barbosa deixa o STF nas pr�ximas semanas, mas n�o releva o que far� depois de aposentado, aos 59 anos. Cortejado para disputar as elei��es deste ano, ele recusou convites de partidos para se filiar. Mas n�o descarta, no futuro, disputar um cargo pol�tico.
Com Ag�ncia Estado