
Bras�lia – No primeiro ato conjunto de campanha – embora em momentos de sabatina distintos na Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) –, os tr�s principais postulantes ao Pal�cio do Planalto tentaram seduzir o empresariado brasileiro com as propostas que implementar�o caso sejam eleitos em outubro. Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) defenderam a competitividade na ind�stria, a necessidade de uma reforma tribut�ria e de revis�es na legisla��o trabalhista. N�o apresentaram, contudo, propostas novas e pouco empolgaram os representantes do PIB nacional.

Tanto A�cio quanto Campos bateram na tecla de que o pa�s est� mergulhado em uma crise econ�mica que pode at� ser influenciada por fatores externos, mas que tem como agravante a falta de lideran�a pol�tica do governo Dilma. “A crise atual n�o � causada por problemas internacionais, mas por brasileiros”, resumiu o tucano. Campos seguiu na mesma linha: “O que falta s�o duas palavrinhas m�gicas que conhe�o muito bem: gest�o e lideran�a”, completou o socialista.

Eles insistiram que a onda de pessimismo que assola o pa�s e obriga os empres�rios a atrasar investimentos deriva da falta de pulso do governo. “N�o vou sequer me ater � quest�o do Santander (uma analista do banco espanhol afirmou que os fundamentos da economia brasileira v�o piorar caso Dilma seja reeleita). Vou ficar apenas nos relat�rios da Funda��o Getulio Vargas”, disse A�cio. “A nossa pol�tica de governan�a esclerosou”, acusou Campos.
A presidente Dilma Rousseff – a �ltima a ser sabatinada pelos empres�rios – defendeu o fim da onda de pessimismo que, segundo ela, tem se alastrado nesse per�odo pr�-eleitoral. Ela garantiu que n�o haver� um tarifa�o nas contas de energia e nos combust�veis em 2015. “Essa hist�ria do tarifa�o � prima-irm� de duas outras coisas: a primeira chama-se tempestade perfeita, e a outra chama-se racionamento de energia. Pregar esse tarifa�o agora � para assustar as pessoas e as empresas”, reclamou a presidente.
A tempestade perfeita a que se refere a Dilma � um jarg�o dos economistas segundo o qual a sa�de financeira e monet�ria de um pa�s se deteriora rapidamente por conta da conjuga��o de erros na condu��o da pol�tica interna e fatores externos negativos. Dilma afirmou que, ao se alastrar as ideias de tarifa�o ou racionamento, os empres�rios desistem de investir com medo de n�o ter energia para suprir as demandas. “Voc�s sabem perfeitamente que quando houve o racionamento em 2000 e 2001, o PIB do pa�s caiu dois pontos percentuais”, lembrou a presidente.
Investimento
A�cio e Eduardo tamb�m refor�aram a necessidade de um aumento na taxa de investimentos em infraestrutura no pa�s. O percentual atual representa 2,5% do PIB. Ambos defendem um valor pr�ximo dos 5%. O tucano prometeu ainda que o n�vel de investimento total, em 2018, subir� dos atuais 18% do PIB para 24%. Dilma rebateu, em sua interven��o, dizendo que herdou um pa�s sem projetos, sem engenheiros e acrescentou que tentou acelerar o ritmo das obras p�blicas com o Regime Diferenciado de Contrata��o (RDC). “Fui acusada de afrouxar os mecanismos de fiscaliza��o e controle, o que � um tolice”, declarou a presidente.
Sobre a redu��o da carga tribut�ria – uma das principais demandas apresentadas pelos empres�rios no documento com 42 pontos feito pela CNI e entregue aos presidenci�veis –, Eduardo e A�cio prometeram enviar, logo nas primeiras semanas de governo uma proposta de reforma tribut�ria ao Congresso. “Eu serei o primeiro presidente eleito desde a redemocratiza��o que vai reduzir a carga tribut�ria”, afirmou Eduardo. “Com a experi�ncia que tenho de parlamentar e governador de Minas, negociarei diretamente com o Congresso Nacional o processo de simplifica��o da estrutura de impostos no pa�s”, disse A�cio.
Dilma lembrou a s�rie de desonera��es que o seu governo e o do antecessor, Lula, promoveram desde 2008. “Imagina qual seria a situa��o da ind�stria hoje se, l� atr�s, n�o tiv�ssemos tomado as medidas antic�clicas necess�rias para o pa�s continuar crescendo”, indagou a presidente.
Executivos em posi��o neutra

O presidente da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, comentou que o evento foi importante para que o setor industrial ouvisse as diferentes propostas dos candidatos. Ele explicou que far� uma avalia��o detalhada do que foi apresentado pelos tr�s e, ap�s esse processo, identificar� quais s�o as melhores para o setor. “Somos uma entidade apol�tica e n�o declaramos apoio a nenhum candidato. Esse � um momento de reflex�o”, detalhou.
Para o integrante do Conselho de Administra��o do grupo Ultra Pedro Wongtschowski, os tr�s ainda n�o detalharam quais medidas ser�o tomadas para impulsionar os neg�cios do setor industrial. “Ainda precisamos aguardar a entrega formal dos programas de governo para entender as reais inten��es de cada um”, disse.
Na opini�o do presidente da Alupar, Paulo Godoy, o presidente eleito n�o ter� uma tarefa f�cil para enfrentar o desafio de diminuir a burocracia existente no pa�s. De acordo com ele, ser� necess�ria uma grande articula��o pol�tica tamb�m para fazer uma reforma tribut�ria. “N�o vi diferen�as nas propostas apresentadas. O que ter� um peso maior nesse processo � a capacidade colocar em pr�tica as propostas apresentadas”, detalhou.
O presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria El�trica e Eletr�nica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que o governo Dilma Rousseff tem dificuldades em firmar parcerias comerciais com outros pa�ses. “A�cio e Campos t�m boas propostas para esse tema, sem vi�s ideol�gico”, concluiu.