S�o Paulo - O eleitorado brasileiro est� passando aos candidatos � Presid�ncia dois recados claros: ele quer crescimento, mas sem deixar de ampliar a inclus�o social. "O candidato que convencer o eleitor de que consegue estabilizar a atual crise (econ�mica) numa via de maior inclus�o e maior aumento do mercado de trabalho ser� provavelmente o que receber� maior apoio", avalia o cientista pol�tico Leonardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente da Associa��o Brasileira de Cientistas Pol�ticos (ABCP).
Esse cen�rio eleitoral, o impacto da economia nas urnas e a agenda social s�o temas do 9.º Congresso Nacional de Cientistas Pol�ticos, promovido desta segunda-feira at� quinta-feira (7), em Bras�lia, pela ABCP. O evento vai reunir 1.100 pessoas em mais de 800 palestras e debates.
Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Avritzer fez um cruzamento dos temas da campanha com os do evento, que ter� estudiosos de Argentina, Chile e EUA, entre outros. Leia os principais trechos da entrevista.
A temperatura da campanha
"A temperatura est� quente e assim vai se manter at� o fim da disputa. Por um lado, o PT tem 12 anos no poder, e isso conta. Mas n�o estou convencido ainda de que a oposi��o tenha um programa muito claro para mudar. A�cio Neves (PSDB) tem um enorme desafio, que � conquistar o eleitorado paulista."
O debate econ�mico
"Na economia, vejo duas situa��es. Uma delas � a do emprego e da capacidade de consumo da popula��o, que est� relativamente est�vel. A outra � a performance da economia em si, que tem sido questionada pelo mercado financeiro e pelo grande empresariado. Nessa intercess�o se dar� boa parte da disputa. Minha impress�o � que o eleitor quer crescimento de modo est�vel, mas dentro de uma via fortemente inclusiva. Quem convencer o eleitor de que consegue estabilizar a crise numa via de maior inclus�o e aumento do mercado de trabalho, provavelmente receber� o maior apoio."
Alian�as pol�ticas
"A qualidade da representa��o � um problema crucial, mas o pa�s n�o vai sair do presidencialismo de coaliz�o. Quem vencer vai ter de se compor, ou tentar uma reforma pol�tica. Se Dilma se reeleger e contar com uma bancada maior do PT no Congresso, o custo dessa coaliz�o tende a ser menor. No caso de vit�ria de A�cio, o PSDB come�a menor e ter� de negociar mais."
Redes sociais
"At� 2010 as redes sociais influenciaram muito pouco. Mas a expans�o dessas m�dias no Brasil tem sido significativa. Acho que todos os candidatos s�o hoje vulner�veis ao que circula na rede e n�o poder�o ignor�-la."
Os jovens e a campanha
"Nossas formas mais institucionalizadas n�o incorporam muito bem a popula��o jovem. Temos pesquisas mostrando que a m�dia de idade dos presentes nos or�amentos participativos � superior aos 40 anos. O mesmo se d� nas confer�ncias nacionais, que envolvem mais de 6 milh�es de participantes. Eram jovens, em sua maioria, os que em 2013 protestavam nas ruas. N�o vejo nas campanhas os candidatos dizendo que eles ter�o seu lugar."
Impunidade
"A impunidade � um dos nossos maiores desafios. � a ideia de que, no Brasil, muita gente n�o paga por seus crimes. Queremos ver qual o peso que essa quest�o vai ter na campanha."
Acerto com o passado
“Nossa democracia obteve grandes avan�os mas ainda n�o descobriu uma forma democr�tica, dentro das regras do jogo, de acertar contas com o passado. � outro tema essencial.”