As comiss�es Nacional e Estadual da Verdade realizaram hoje a �ltima das sete dilig�ncias em instala��es militares que funcionaram como centros de tortura durante a ditadura civil-militar. Um ex-militar e 13 ex-presos pol�ticos visitaram a Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores, em S�o Gon�alo, na regi�o metropolitana do Rio, com peritos e pesquisadores.
O grupo visitou o lugar de triagem e interrogat�rio; a Ponta dos Oitis, onde ficavam duas casas identificadas pelas v�timas como centros de tortura; a guarita com um pequeno quarto usado como cela solit�ria; e o alojamento onde atualmente est� a sede da Base.
As v�timas contaram que as torturas eram acompanhadas pelo m�dico Jos� Lino Coutinho que indicava aos militares se os presos ainda tinham condi��es f�sicas de serem torturados. Alguns presos eram levados para o Centro de Informa��es da Marinha (Cenimar) para novos "esclarecimentos".
Para o coordenador da CNV, Pedro Dallari, havia uma sistem�tica entre as instala��es militares para que "as graves viola��es de direitos humanos" fossem cometidas. "O decr�scimo de uso da Ilha, coincide com a intensifica��o do uso do Doi-Codi (Destacamento de Opera��es de Informa��es - Centro de Opera��es de Defesa Interna) do Rio e da Casa da Morte de Petr�polis (a partir de 1971)".
Ent�o soldado dos Fuzileiros Navais, Heleno Cruz, ingressou nas For�as Armadas em 1969 "para ajudar os presos". Pelo menos tr�s vezes, jogou na Ba�a de Guanabara torniquetes, martelos e outros equipamentos usados nas sess�es de tortura. Tamb�m disse que agentes da Pol�cia Federal e da Ag�ncia Central de Intelig�ncia dos Estados Unidos (CIA) iam � base torturar os presos.
"Reconhecemos todos os lugares onde as torturas ocorreram com a coniv�ncia do comandante da Ilha (capit�o de Mar e Guerra Jos� Clemente Monteiro)", ressaltou emocionada Zil�a Reznik. Ela afirma ter sido a segunda mulher a ser presa em todo o Sudeste e a primeira a ser levada para a Ilha das Flores.
Umberto Trigueiros relembrou que passou a maior parte do tempo nu e detido na solit�ria embaixo da guarita de onde era retirado para ser torturado. "Tivemos o azar ou a sorte de ser presos em 1969 ou ter�amos sido dizimados".
Agora a CNV produzir� o relat�rio final que ser� entregue � presidente Dilma Rousseff (PT) em 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos.
