Bastaram horas da reelei��o da presidente da Rep�blica, Dilma Rousseff, para a Petrobras mudar de estrat�gia e passar a adotar uma comunica��o ofensiva com objetivo de blindar sua imagem e de se precaver de san��es e processos judiciais decorrentes de investiga��es de corrup��o na estatal. Logo na manh� da segunda-feira, 27, a petroleira enviou comunicado ao mercado financeiro enfatizando o seu papel de v�tima nos casos de lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa denunciados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa � Pol�cia Federal, na Opera��o Lava Jato.
Para comprovar transpar�ncia em sua atua��o, contratou ainda dois escrit�rios independentes de advocacia que ir�o auditar com autonomia as acusa��es feitas por Costa. Mas apenas nesta quinta-feira, 30, tr�s dias ap�s o primeiro an�ncio, tornou p�blico os nomes dos escrit�rios contratados: o brasileiro Trench, Rossi e Watanabe Advogados e o americano Gibson, Dunn & Crutcher.
Com a mesma estrat�gia, a estatal entrou com pedido na Justi�a Federal do Paran� para que Costa preste depoimento �s suas comiss�es internas. O ex-diretor cumpre pris�o domiciliar ap�s fechar acordo de dela��o premiada com a PF e o acesso da Petrobr�s ao depoimentos depende autoriza��o da Justi�a.
Todas essas medidas servir�o para a petroleira ter uma dimens�o do rombo que a corrup��o causou em seu caixa. Mas tamb�m atende �s exig�ncias do Departamento de Justi�a dos Estados Unidos e da entidade reguladora do mercado financeiro no pa�s, a Securite and Exchange Comission (SEC). A Petrobras � listada na bolsa de valores americana e, desde que Costa come�ou a depor � Pol�cia Federal no regime de dela��o premiada, as duas institui��es investigam a estatal brasileira. Foi exatamente para atender � lei anticorrup��o americana, que foram contratados os dois escrit�rios de advocacia.
Segundo a Lei das Sociedades An�nimas, diretores e conselheiros de empresas participantes do mercado financeiro devem agir com lealdade e dilig�ncia em seus neg�cios. Os executivos t�m a obriga��o de fiscalizar seus contratos e se posicionarem para esclarecer casos de ind�cios de irregularidades, lesivos � companhia e aos acionistas. O descumprimento da legisla��o pode ser punido administrativamente pelos reguladores do mercado de capitais, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A auditoria independente pode ser usada para que a empresa apresente uma proposta de acordo para encerrar sem julgamento futuros processos sancionadores que venham a ser abertos pela SEC e pela Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), reguladora do mercado brasileiro.
No dia a dia, as medidas de transpar�ncia tomadas pela estatal nos �ltimos dias servem ainda para evitar problemas com outras petroleiras com as quais mant�m sociedade em projetos de explora��o e produ��o de petr�leo e g�s. Executivo de uma petroleira ouvida pelo Estado, que n�o quis se identificar, contou que, se as den�ncias de corrup��o se aprofundarem, a matriz no exterior, ir� exigir mais a��es de governan�a corporativa por parte da Petrobr�s. Al�m de temer pela evas�o de recursos nos projetos, as companhias se preocupam em ver suas imagens contaminadas por epis�dios de corrup��o.