Ap�s sua mulher fugir de casa com um pacote de documentos e dinheiro enquanto a Pol�cia Federal batia � sua porta, o operador do estaleiro Jurong, Guilherme Esteves de Jesus, foi denunciado � Justi�a por embara�ar a investiga��o. A acusa��o foi divulgada nesta quinta-feira e apresentada nessa quarta-feira (29) � noite � 13ª Vara Federal de Curitiba, onde correm os processos da opera��o Lava-Jato. Esteves � suspeito de pagar propinas que chegaram ao Partido dos Trabalhadores, pelas m�os do ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto.
Policiais e procuradores suspeitam que Guilherme Esteves foi um dos operadores que pagaram subornos ao ex-diretor de Engenharia da Petrobras, Renato Duque, e a funcion�rios da fornecedora de navios Sete Brasil, que pertence a estatal e a s�cios privados. De acordo com o ex-gerente da petroleira e ex-diretor da Sete, Pedro Barusco, de 0,9% a 1 % dos contratos para constru��o de navios – cerca de US$ 720 milh�es cada um – continham propinas, sendo dois ter�os delas enviadas para o PT, por meio de Vaccari. Isso acontecia com v�rios estaleiros, segundo o ex-funcion�rio, que fez acordo de dela��o premiada com os investigadores. O estaleiro Jurong, instalado no Esp�rito Santo e de propriedade de investidores de Cingapura, tem seis contratos para constru��o de seis navios para a petroleira por meio da Sete Brasil.
Cachorros soltos
O operador do Jurong est� preso desde 27 de mar�o e j� foi alvo de duas a��es da PF. Na primeira, em 5 de fevereiro, os policiais cumpriam mandado de busca e apreens�o de documentos em sua resid�ncia, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sua esposa, L�lia, atendeu aos agentes por interfone e atrasou a abertura do port�o afirmando que prenderia os cachorros. Mas, na verdade, ela fugia por uma sa�da lateral com “um volumoso pacote que continha valores em esp�cie, documentos e provas �teis” para a investiga��o de crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro, segundo a den�ncia da for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato.
A a��o de L�lia foi filmada. “Tais fatos s�o comprovados documentalmente a partir de imagens de v�deo capturadas a partir de c�meras de seguran�a que funcionavam na resid�ncia no dia da busca”, narram os nove procuradores.
Os investigadores acusam o casal de tentar enganar a equipe e policiais federais. “L�lia Loureiro em conjunto com o seu c�njuge Guilherme Esteves de Jesus, aproveitaram o retardamento do ingresso da equipe policial para reunir documentos, dinheiro e objetos que, encontrando-se na resid�ncia, seriam apreendidos.”
Os policiais s� conseguiram entrar na casa oito minutos depois de serem atendidos por L�lia no interfone. N�o encontrando a esposa de Guilherme Esteves, os federais o questionaram duas vezes sobre quem estava na resid�ncia. Primeiro, disse que s� estavam ele e suas duas filhas. Depois, disse n�o saber onde estava L�lia, que teria ficado nervosa ao atender os policiais ao interfone. Sem encontrar a esposa, os agentes questionaram o operador se ela poderia ter sa�do pelos fundos. Guilherme Esteves disse que n�o.
S� com as imagens das 11 c�meras externas de seguran�a da pr�pria resid�ncia � que a PF identificou que ela fugiu por uma sa�da lateral da casa. Antes de sair com o pacote, L�lia conversa com Guilherme Esteves, que depois fecha o port�o por onde ela deixa a casa.
Os procuradores ressaltam que o operador do Jurong mentiu aos policiais ao dizer que a mulher n�o poderia ter sa�do pelos fundos. “Guilherme Esteves dolosamente enganou os policiais com uma mentira para que eles n�o inciassem uma persegui��o de sua esposa, nas imedia��es do local das buscas, recuperando os documentos, valores e provas subtra�dos”, dizem na den�ncia.
Como n�o se sabe o que continha o pacote, o preju�zo �s investiga��es � de “propor��es incertas” para o Minist�rio P�blico.
O estaleiro Jurong e Guilherme Esteves n�o t�m se manifestado nas �ltimas vezes em que foram procurados pelo Correio.