Roma - Andrea Haas, mulher de Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensal�o, participou nesta ter�a-feira de uma coletiva de imprensa organizada por parlamentares italianos da Comiss�o de Direitos Humanos do Senado para discutir o caso da extradi��o para o Brasil do ex-diretor do Banco do Brasil.
Andrea abriu sua r�pida interven��o dizendo ser terr�vel pensar que Pizzolato possa ser extraditado e tenha que cumprir pena em uma penitenci�ria brasileira. Para ela, Pizzolato n�o teve um processo justo no Brasil, o que houve foi um processo pol�tico-midi�tico.
"Henrique n�o era um pol�tico ou um ministro, mas pagou mais do que os outros, foi usado como bode expiat�rio para encobrir poderosos", diz.
A extradi��o de Pizzolato, decidida pelo governo italiano, foi suspensa pela segunda vez na �ltima sexta-feira,12, quando o Minist�rio da Justi�a decidiu esperar at� que o Conselho de Estado analise o recurso apresentado pela defesa do ex-diretor do Banco do Brasil.
Nessa segunda, 15, em uma audi�ncia preliminar de urg�ncia, o presidente da 4ª sess�o penal Riccardo Virgilio ouviu as partes do processo e acolheu o recurso, marcando para o dia 23 deste m�s a audi�ncia que deve julgar o caso.
Segundo os senadores, n�o s�o suficientes as garantias apresentadas pelo governo brasileiro de que Pizzolato ter� seus direitos respeitados e n�o correr� risco de vida na penitenci�ria da Papuda, em Bras�lia, para onde seria transferido.
Para o senador Luigi Manconi, presidente da Comiss�o de Direitos Humanos, a ala de vulner�veis apresentada pelo governo n�o � definitiva. "O governo brasileiro deve ser claro sobre o que pretende fazer com Pizzolato. Ele ir� a uma ala de vulner�veis onde n�o ter� contato com presos comuns enquanto estiver no regime fechado, mas onde o colocar�o quando passar ao regime semiaberto? Como podem garantir que n�o correr� perigo? Isso n�o foi esclarecido pelo governo brasileiro", disse.
O senador ainda lembrou que o ministro concedeu a extradi��o para cumprir obriga��es de acordos de coopera��o internacional com o Brasil, sem levar em conta a quest�o da reciprocidade - o Brasil n�o extradita cidad�os brasileiros.
"� suficiente ler os relat�rios da Anistia Internacional e da (ONG) Human Rights Watch para ter certeza das condi��es desumanas das pris�es brasileiras. Apesar disso, o Minist�rio da Justi�a concedeu a extradi��o", criticou. "Por que mandar Pizzolato a um sistema que n�o garante o respeito dos direitos humanos e por que interromper um programa de ressocializa��o que ele j� est� seguindo em Modena quando existem modos para fazer com que ele cumpra sua pena de pris�o na It�lia?"
N�o � a primeira vez que o caso de Pizzolato � tratado no Senado italiano unindo pol�ticos de partidos de esquerda e de direita. Um grupo de 21 senadores do partido democr�tico j� havia escrito uma carta ao ministro Andrea Orlando pedindo que ele n�o concedesse a extradi��o do ex-diretor do BB. Em maio, ap�s a decis�o favor�vel de Orlando, tamb�m entrou em campo o senador Carlo Giovanardi, do partido Nuovo Centro Destra.
Processo
Pizzolato fugiu do Brasil quando foi condenado a 12 anos e sete meses de pris�o no caso do mensal�o. Mas acabou sendo preso em Maranello, norte da It�lia em fevereiro de 2014. O processo de extradi��o j� dura 18 meses.