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Estado de Minas

Partidos t�m perdido for�a para orientar vota��es no Congresso

Cada vez mais, parlamentares ignoram orienta��es das lideran�as da legenda no Congresso e votam por influ�ncia de bancadas suprapartid�rias, como a ruralista, a evang�lica e a da bala


postado em 21/06/2015 06:00 / atualizado em 21/06/2015 11:28


Bras�lia A crise de lideran�as pol�ticas fortes no Congresso, somada a um contingente de parlamentares escolhidos mais por serem puxadores de votos do que pelos compromissos program�ticos e ideol�gicos com as legendas �s quais se filiaram, tem levado a um sucessivo aumento na infidelidade das bancadas nas vota��es no Legislativo federal. O n�vel de trai��o n�o se verifica apenas nas rela��es entre a base governista e o Pal�cio do Planalto. Em vota��es espec�ficas, como a reforma pol�tica, a orienta��o das lideran�as partid�rias n�o tem sido seguida � risca nem mesmo entre os partidos de oposi��o. Com isso, cresce a influ�ncia de bancadas tem�ticas.

No caso da an�lise sobre o fim das coliga��es, por exemplo, o l�der do PMDB na C�mara, Leonardo Picciani (RJ), orientou a bancada a se manifestar contra a iniciativa, mas 66% dos deputados peemedebistas votaram a favor da proposta. Quando o plen�rio da C�mara analisou o projeto do “distrit�o” – segundo o qual os parlamentares mais votados, independentemente de coliga��es ou partidos, ser�o aqueles que tomar�o posse –, o Solidariedade encaminhou voto “sim”, mas quase 36% dos deputados votaram diferente da orienta��o. “A reforma pol�tica, como est� sendo feita aqui na C�mara, vai aprofundar ainda mais isso. Estamos destruindo os partidos e amea�ando a democracia brasileira”, disse o deputado Jos� Carlos Aleluia (DEM-BA).

O pr�prio Aleluia, que j� comandou a bancada, recentemente desrespeitou uma orienta��o do l�der do DEM, Mendon�a Filho (PE), ao votar com o governo nas mudan�as propostas no seguro-desemprego e nas pens�es por morte. Segundo ele, votou por convic��o sobre a necessidade de um ajuste para colocar as contas em ordem. “N�s conversamos com ele (e com os demais deputados que votaram da mesma forma), mas n�o conseguimos alterar a posi��o”, disse, � �poca, Mendon�a Filho.

Aleluia acredita que o atual modelo eleitoral impede que as pessoas discutam programas de governo. “O que est� ditando as coisas � o tempo de televis�o e o Fundo Partid�rio, o que individualiza as candidaturas. Esse processo de apostar tudo na televis�o est� deseducando a popula��o brasileira”, criticou o parlamentar baiano.

Deputado conhecido por ter opini�es fortes, J�lio Delgado (PSB-MG) afirma que h� um decr�scimo na qualidade do debate legislativo atual. Ele admite que um dos principais problemas � que o Congresso, especialmente a C�mara, tem se tornado cada vez mais corporativo, com representantes espec�ficos de setores da sociedade que n�o conseguem pensar na macropol�tica para o pa�s. “Temos cada vez mais sindicalistas, militares, ruralistas e representantes da sa�de, e menos parlamentares capazes de pensar em sa�das para os grandes problemas do pa�s”, lamenta.

Delgado afirma ainda que a chegada de deputados novos, com pouca experi�ncia pol�tica, faz com que haja uma dificuldade grande de seguir as orienta��es das lideran�as de bancada. “Tirando alguns l�deres, como o Jovair Arantes (GO), que consegue ter alguma ascend�ncia sobre a bancada, vemos outros casos de lideran�as com extremas dificuldades em impor suas vis�es”, completou o deputado socialista, citando, por exemplo, o tucano Carlos Sampaio (SP), que sofre com a divis�o interna na bancada entre deputados ligados ao senador A�cio Neves (MG), ao senador Jos� Serra (SP) e ao governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin.

Puxadores de voto


Para o diretor de documenta��o do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, os partidos tamb�m t�m ficado ref�ns de outro problema. Para refor�ar o tempo de televis�o e o Fundo Partid�rio, eles se veem obrigados a trazer candidatos puxadores de votos que nem sempre t�m compromisso com as bandeiras pol�ticas da legenda. “Ao convencer, por exemplo, o ex-presidente do Corinthians Andr�s Sanchez a se candidatar a deputado federal, o PT abre espa�o para que ele vote de acordo com as pr�prias convic��es”, disse Queiroz.

O cientista pol�tico Carlos Melo, do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, prefere n�o colocar a responsabilidade apenas nos liderados, mas tamb�m na incapacidade dos l�deres de convencerem as pr�prias bancadas. “Temos uma car�ncia de l�deres no mundo, que dir� aqui. Muitos daqueles que est�o em postos de comando hoje s�o apenas representantes de interesses. Intelectuais, empres�rios e representantes da sociedade se afastaram da pol�tica”, disse Melo. Durante palestra numa universidade de Bras�lia, na quinta-feira, o senador Jos� Serra disse que nunca se conformou com a tese de que a pol�tica � a arte do poss�vel. “Para mim, a pol�tica � a arte de estender os limites do poss�vel”, disse ele. “Serra � de uma outra gera��o que, infelizmente, est� em falta na pol�tica atual”, disse Melo.


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