
Programados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para serem lan�ados at� julho, os editais para a duplica��o do trecho mais perigoso da BR-381, entre Belo Horizonte e o trevo de Caet�, v�o ficar para o ano que vem. A parte mais movimentada da rodovia se tornou uma dor de cabe�a para o �rg�o federal, que estuda a melhor forma de licitar os lotes mais pr�ximos da capital mineira e os valores a serem gastos com desapropria��es de im�veis nas margens da via. Para os moradores vizinhos da BR, que ganhou o apelido de Rodovia da Morte pelo alto n�mero de acidentes fatais (107 mortos entre 2013 e 2014), as indefini��es do governo federal sobre a data para lan�ar os primeiros passos da obra no trecho da Grande BH significam transtornos, adiamentos de sonhos e frustra��es.
A comerciante n�o acredita que a duplica��o ocorrer� pr�ximo a Belo Horizonte t�o cedo, uma vez que s�o muitos bairros vizinhos � rodovia e o custo seria alto. O receio de Valdirene � confirmado pelo Dnit que informou que “n�o s� as obras da BR-381, assim como todas as demais obras em andamento pelo Brasil podem sofrer reflexos provenientes do per�odo de recess�o do mercado financeiro”. Empres�rios que acompanham o andamento da obra est�o pessimistas sobre o in�cio da duplica��o no trecho mais perigoso da 381 e afirmam que, nos bastidores, o Dnit j� trabalha com o lan�amento dos editais s� no in�cio de 2016.
O �rg�o descumpriu os prazos para o lan�amento do edital duas vezes ap�s a licita��o em 2014. Ao declarar fracassado o processo para a duplica��o do trecho entre BH e Caet�, o �rg�o informou que a obra foi considerada de dif�cil execu��o na compara��o entre os 11 lotes em que foi dividida. O motivo � o grande n�mero de desapropria��es necess�rias para a execu��o de um novo tra�ado da via. Somente na jun��o com o Anel Rodovi�rio, na comunidade Vila da Luz, moram cerca de 1,5 mil fam�lias.
Desilus�o
As indefini��es sobre a duplica��o fazem com que as popula��es de bairros vizinhos da Rodovia da Morte se tornem cada vez mais descrentes com a pol�tica brasileira. Ap�s v�rias reuni�es entre os moradores e encontros com autoridades para discutir as obras no trecho, poucas solu��es sa�ram do papel. “A comunidade cobra uma decis�o, quer saber o que vai acontecer nos pr�ximos anos, mas ficamos sempre no escuro. Na �ltima reuni�o, apareceram alguns engenheiros do Dnit, mas eles n�o deram certeza nenhuma. A obra come�ar� este ano? Vamos ser realocados? Essas quest�es est�o sendo colocadas desde 2013, mas, apenas em per�odos eleitorais � que aparecem deputados ou vereadores e nos prometem que v�o acompanhar a quest�o de perto. J� nem acreditamos mais”, critica a aposentada Leda Maria Teixeira, de 62 anos, do Bairro Bom Destino.
O presidente da Associa��o de Moradores dos Bairros Borges, Vila Am�lia e S�o Rafael, Marcio Ant�nio Moreira, alerta que a defini��o sobre quais im�veis ser�o desapropriados � importante para que as pessoas possam planejar suas vidas. “Muitos querem fazer obras em suas casas, aumentar casas ou melhorar o que j� est� constru�do. Mas ningu�m quer fazer isso e ter de sair logo depois. Seria desperd�cio de dinheiro”, comenta Marcio Ant�nio.
Ele lembra que, depois de audi�ncia p�blica na Assembleia, no in�cio do ano, em que foram prometidas reuni�es com moradores para explicar detalhes da obra, o Dnit n�o deu retorno � popula��o local. A falta de transpar�ncia tem criado uma descren�a em rela��o aos meios poss�veis para buscar informa��o. “N�o houve mais contato com os moradores do bairro. Na pr�xima semana, vamos tentar novamente conversar com o Dnit”, diz Marcio.

Sonhos adiados ao lado da pista
Al�m dos moradores, as incertezas sobre a duplica��o nos lotes pr�ximos � capital afetam comerciantes e lojistas vizinhos da rodovia. Impedidos de aumentar lojas e supermercados, eles contam que a demora no lan�amento dos novos editais significa adiamento de investimentos na expans�o de suas atividades. Dono de uma venda no Bairro Bom Destino h� 20 anos, o comerciante Salvador Dutra lamenta que nos �ltimos sete anos – per�odo que sua loja passou a faturar mais com o aquecimento do com�rcio na regi�o –, ele se viu impedido de aumentar seu estabelecimento. “A orienta��o que nos foi repassada � n�o fazer obras, porque � preciso avaliar os im�veis sem altera��es”, explica.
Situa��o parecida � vivida pelo mec�nico Daniel Cesar, que trabalha �s margens da rodovia no Bairro Borges h� dois anos e reclama da falta de informa��es divulgadas pelo Dnit. “No ano passado, um grupo de engenheiros esteve aqui. Nos passaram uma lista de documentos para juntarmos, mas n�o voltaram para recolher nenhum deles. Deste ent�o, n�o voltamos a ouvir not�cias sobre o que ocorrer� neste trecho. O que sabemos � que, em outros em que a obra j� come�ou, o ritmo � bem lento por falta de dinheiro”, explica Daniel.
De acordo com o �ltimo relat�rio da ger�ncia de projetos do Dnit, divulgado em junho, cinco dos 11 lotes da duplica��o est�o em obras. O lote 3.2, pr�ximo ao munic�pio de Jaguara�u, foi finalizado. No trecho de 825 metros, foram entregues os t�neis que permitir�o um novo tra�ado da rodovia. O segundo lote mais avan�ado � o 3.3, pr�ximo ao munic�pio de Ant�nio Dias, com 66% das obras realizadas. Os outros tr�s lotes com obras em andamento est�o com menos de 20% das obras finalizadas, sendo que nos lotes 1 e 2, pr�ximos a Governador Valadares, os empreiteiros reclamaram de atrasos nos pagamentos do Dnit e, na semana passada, chegaram a fechar a rodovia em protesto. Nos outros seis lotes, a obra ainda n�o come�ou.