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Estado de Minas

Cunha negocia com oposi��o e governo para se manter no poder

Acusado de corrup��o, o presidente da C�mara, Eduardo Cunha, tenta salvar o pr�prio mandato negociando com governo, que quer barrar impeachment, e oposi��o, que quer afastar a presidente


postado em 15/10/2015 06:00 / atualizado em 15/10/2015 07:38

"Essas decis�es podem significar guerra para uns e tr�gua para outros, � uma quest�o de interpreta��o" - Eduardo Cunha, presidente da C�mara dos Deputados (foto: Fernando Fraz�o/Ag�ncia Brasil - 9/10/15)

No jogo pol�tico, mesmo sem prest�gio, quem tem poder tem muito. Em menos de 24 horas, o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passou de alvo de tiroteio a pe�a estrat�gica para os planos da presidente Dilma Rousseff (PT) e da oposi��o. Com seu nome envolvido em corrup��o, alvo de pedido de cassa��o de mandato e impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de usar manobra regimental na an�lise de processos de impeachment da presidente, Cunha est� enfraquecido. Mas o deputado carioca continua homem forte no Congresso e ontem foi bajulado por pol�ticos de todos os lados. Resta saber com quem Cunha, que disse estar aberto ao di�logo com o Planalto e com oposicionistas, vai compactuar na tentativa de salvar seu pr�prio mandato.

“N�o tem tr�gua porque n�o tem guerra. N�o h� nem guerra nem tr�gua. O que h� � que tenho que cumprir a minha fun��o obrigat�ria de dar curso ao que � a minha obriga��o funcional no momento. Se isso � o fato de voc� ter que tomar decis�es e essas decis�es podem significar guerra para uns e tr�gua para outros, � uma quest�o de interpreta��o”, filosofou Cunha ontem, ao ser questionado sobre as press�es que vem sofrendo da oposi��o e do governo em torno do impeachment.

Logo cedo, a oposi��o tratou de procurar o peemedebista para lhe entregar of�cio pedindo que ele apresente recursos contra as tr�s liminares do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ter�a-feira, a Suprema Corte proibiu Cunha de usar o rito criado por ele na an�lise de den�ncias de crime de responsabilidade, dificultando a abertura do processo de impeachment contra Dilma.

O peemedebista atendeu prontamente ao pedido da oposi��o e afirmou que recorrer� at� sexta-feira. O documento � assinado pelos l�deres do DEM, PPS, PSDB, PSOL e do bloco da minoria. “Ao mesmo tempo, vamos entrar como amicus curiae, amigos da causa, para que tamb�m possamos entrar com a nossa vis�o sobre a mat�ria no STF”, refor�ou o l�der do DEM na C�mara, o deputado Mendon�a Filho (PE).

A aproxima��o se deve ao fato de, mesmo sem a capacidade de ditar as regras para eventual impeachment, Cunha ser figura-chave nesse processo. Ontem, ele voltou a afirmar que as liminares n�o o impedem de deferir ou indeferir pedidos de afastamento. “Tanto que ontem proferi decis�o de rejeitar cinco pedidos”, afirmou. Por causa disso, deputados da oposi��o tamb�m evitam falar sobre a cassa��o de Cunha. “J� houve uma manifesta��o p�blica propondo o afastamento dele”, disse Mendon�a Filho, desconversando. Ele se refere � nota divulgada pelos opositores no s�bado defendendo o afastamento do presidente.

Na ter�a-feira, PSOL e Rede entraram com pedido de investiga��o contra Cunha no Conselho de �tica. Do total de 50 deputados que assinam o requerimento, somente dois s�o dos partidos que pedem recurso das liminares sobre impeachment junto ao STF. Entre os petistas, foram 33 – pouco mais da metade da bancada, que tem 62 deputados – os que assinaram o pedido para cassar o mandato de Cunha.

A outra metade da bancada petista optou por n�o partir para o confronto. Pelo contr�rio. Ontem, o l�der de governo na C�mara, Jos� Guimar�es (PT-CE), publicou artigo no site do PT em que comenta as liminares do STF. “O momento agora � de estender a bandeira da paz, ter muita cautela e intensificar o di�logo com a sociedade e com o Congresso Nacional”, escreveu. Cunha tamb�m preferiu adotar o discurso da paz e chegou at� a elogiar o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, com quem est� retomando suas rela��es com o Planalto.

O presidente da C�mara, que venceu a disputa pelo comando do Legislativo com o voto de 267 dos 513 deputados, tamb�m se reuniu com o vice-presidente Michel Temer. As conversas caminham em torno de uma negocia��o. Cunha abre m�o de dar o pontap� para um suposto impeachment de Dilma e o Planalto tenta mant�-lo no cargo e afastar a possibilidade da cassa��o do mandato.

A situa��o do presidente da C�mara se complicou com a revela��o de uma investiga��o do Minist�rio P�blico da Su��a, que mostrou que ele movimentou R$ 23,2 milh�es em contas naquele pa�s n�o declaradas � Receita Federal brasileira. Foram atribu�das a ele e � mulher, Cl�udia Cordeiro Cruz, quatro contas banc�rias. Em uma delas, foram bloqueados R$ 7,4 milh�es em abril. Segundo as autoridades da Su��a, um neg�cio da Petrobras de US$ 34,5 milh�es fechado em 2011 no Benin, �frica, teria servido para abastecer as quatro contas.

Depois das novas den�ncias, at� a oposi��o, que vinha ajudando a sustentar a gest�o de Cunha, passou a defender a ren�ncia dele. Cunha entrou na lista de investigados na Opera��o Lava-Jato em julho, quando o delator J�lio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal, disse em depoimento ao juiz S�rgio Moro que o presidente da C�mara pediu propina na negocia��o de um contrato de navios-sondas da Petrobras.

SEM VIDA F�CIL

O processo que pede a cassa��o do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar, apresentado pelo PSOL e pela Rede, ser� comandado por um desafeto do presidente da C�mara.  A tramita��o ser� conduzida pelo deputado Jos� Carlos Ara�jo (PSD-BA), que em mar�o deste ano derrotou por 13 votos a 8 o deputado Arnaldo Faria de S� (PTB-SP), candidato de Cunha. “N�o vamos apreciar uma representa��o contra o presidente, mas contra o deputado Eduardo Cunha. Ali�s, aqui [no Conselho de �tica] s� h� espa�o para um presidente, que sou eu”, diz o deputado, que diz que o Conselho “n�o vai dar vida f�cil” a Cunha. Sem um aliado de Cunha neste posto-chave, a expectativa � que o processo na C�mara tramite com celeridade no Conselho de �tica.


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