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Estado de Minas

Mulheres denunciam nas redes sociais abusos sexuais

Ass�dio sofrido por menina em programa de TV desencadeou um movimento de rep�dio na internet. Segundo pesquisa, 77% das mulheres brasileiras j� foram molestadas sexualmente


postado em 03/11/2015 06:00 / atualizado em 03/11/2015 07:35

Atriz Letícia Sabatella aderiu à campanha #meu primeiro assédio e contou ter sido vítima aos 12 anos (foto: GNT/Divulgação - 24/7/14)
Atriz Let�cia Sabatella aderiu � campanha #meu primeiro ass�dio e contou ter sido v�tima aos 12 anos (foto: GNT/Divulga��o - 24/7/14)

Al�m de voltar �s ruas para protestar, como ocorreu no �ltimo s�bado em Belo Horizonte, quando criticaram o projeto do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que dificulta o atendimento a v�timas de estupro, as mulheres tamb�m recorrem cada vez mais � internet para defender seus direitos ou denunciar abusos. Nas �ltimas semanas, as redes sociais foram inundadas por relatos de mulheres, de todas as idades, v�timas de ass�dio sexual. Os depoimentos, muitas vezes chocantes e dolorosos, revelam que esse abuso � muito mais corriqueiro do que muita gente pensa. A campanha come�ou h� duas semanas depois que a participante de um reality show de culin�ria Valentina Schulz, de apenas 12 anos, foi v�tima de ass�dio sexual depois que estreou na televis�o em rede nacional. Os absurdos dos coment�rios dirigidos a Valentina levaram o coletivo feminista Think Olga a lan�ar nas redes sociais uma campanha incentivando as mulheres a contarem sobre a primeira vez em que foram assediadas.

A organiza��o, que j� mantinha na internet um projeto conhecido por “Chega de Fiu-Fiu”, com direito a mapa do ass�dio sexual no Brasil, chegou a fazer na primeira semana da campanha um levantamento sobre as den�ncias, que traziam a hashtag (termo associado a uma mesma informa��o). Ao todo a express�o “meu primeiro ass�dio” foi citada em pelo menos 3.111 postagens com relatos de abusos, a maioria ainda na inf�ncia, quando as v�timas tinham entre 9 e 10 anos de idade.

FONTE: Facebook/Mapa do Assédio (www.thinkolga.org.br)/ ONG Énois Inteligência Jovem
FONTE: Facebook/Mapa do Ass�dio (www.thinkolga.org.br)/ ONG �nois Intelig�ncia Jovem
O levantamento do coletivo coincide com pesquisa recente feita pela ONG �Nois Intelig�ncia Jovem – em parceria com os institutos Vladimir Herzog e Patr�cia Galv�o – que revela que 94% das mulheres brasileiras j� foram assediadas verbalmente e 77% sexualmente. Feito em julho deste ano, o levantamento ouviu 2.285 mulheres de 370 cidades brasileiras, entre 14 e 24 anos. Entre os relatos mais comuns est�o ass�dio no transporte coletivo, apalpadas e beijo for�ado em locais p�blicos e baladas. Desde o ano passado, o abuso sexual infantil � considerado hediondo e o ass�dio sexual � crime desde 2009.

Mas o problema � que a maioria das agress�es – que s�o verbais ou atos obscenos – n�o � considerada crime, apenas contraven��o. Projeto em tramita��o na C�mara dos Deputados transforma esse tipo de ass�dio em crime, inclusive com pris�o. A proposi��o est� parada desde o ano passado na Comiss�o de Constitui��o, Justi�a e Cidadania. O texto j� tem parecer favor�vel, mas ainda n�o foi votado. O projeto come�ou a tramitar depois que a atriz Marina Ruy Barbosa foi assediada em p�blico por um f�, que tentou filmar sua calcinha com um celular. Nos depoimentos surgidos pelas redes sociais, esse tipo de abuso � um dos mais comuns. Eles tamb�m s�o a grande maioria no mapa do ass�dio do projeto “Chega de Fiu-Fiu”.

Desabafo

Caso, por exemplo, do relato da atriz Let�cia Sabatella que aderiu � campanha sobre o #meuprimeiroass�dio e contou ter sido v�tima aos 12 anos. Segundo ela, ao voltar de uma aula de bal�, foi parada na rua por um homem que pedia informa��o sobre a localiza��o de uma rua. Ao se aproximar do ve�culo para ajud�-lo, ele estava com o �rg�o sexual � mostra. A atriz conta que pegou um tijolo para jogar nele, o que acabou afugentando o agressor.

Mas os casos de ass�dio sexual tamb�m s�o elevados e os depoimentos que est�o sendo veiculados chocantes. Uma internauta, tamb�m v�tima de ass�dio, resolveu compilar os casos em uma p�gina criada por ela no Facebook h� uma semana. Batizada de “Primeiro Ass�dio”, ela conta que j� recebeu cerca de 200 depoimentos. “Alguns s�o t�o tristes que fico emocionada”, conta a estudante de enfermagem Luiza (nome fict�cio), de 17 anos, v�timas de ass�dio dos 11 aos 14 anos pelo padrasto. “Eu sempre tive vontade de contar minha hist�ria, desabafar, e essa campanha que rolou na internet acabou ajudando”. Luiza conta que sofreu abuso do padastro, mas que s� teve coragem de contar para a fam�lia depois de tr�s anos. “Mas nem minha m�e acreditou em mim. S� a minha av�, que morreu logo depois. Sofri muito, mas amadureci com essa tristeza e hoje n�o tenho mais culpa. Antes achava que o problema era comigo”.

O padrasto ainda mora na mesma casa que ela. “Mas hoje nem olho para ele. S� tenho nojo. Muito mesmo.” Segundo ela, apesar de ningu�m ter acreditado em seus relatos, os abusos cessaram depois que ela exp�s o caso. Para ela, um dos grandes problemas do ass�dio na inf�ncia � que a fam�lia muitas vezes n�o acredita. “Ou finge que n�o acredita quando o agressor � uma pessoa conhecida ou da fam�lia.” Por isso, segundo ela, � importante que todas essas hist�rias venham � tona. “As mulheres est�o tendo coragem de denunciar tudo isso e lutar para que n�o mais aconte�a.”

O drama do ass�dio/depoimentos volunt�rios das v�timas

Tenho 17 anos e estou terminando o 3º ano do ensino m�dio. H� mais ou menos um ano, um professor come�ou a me assediar. Ele me enviava e-mails por uma conta fake falando sobre sonhos er�ticos que tinha comigo, vivia me abra�ando pelos corredores (e isso era at� normal, porque ele abra�ava todos os alunos). A diferen�a � que ele falava coisas no meu ouvido, como ‘Estou louco pra pegar nos seus seios’ ou ‘Voc� est� a cada dia mais gostosa’… coisas assim, e eu ficava superconstrangida e tinha medo de que ningu�m acreditasse em mim ou de contar pra algu�m, porque eu n�o tinha como provar que ele fazia isso. H� tr�s meses sa� da escola.” J. C.

“Quando eu tinha 19 anos, fazia cursinho pr�-vestibular no Centro de Belo Horizonte. Para chegar l�, eu (e muita gente) tinha que passar por uma passagem entre uma banca de jornal e um pr�dio – ou era isso ou caminhar na avenida. Um dia, na hora do almo�o, passando por ali, percebi algu�m sussurrando no meu ouvido grosserias de baix�ssimo cal�o, que nem me atrevo a repetir. O amontoado de gente n�o andava e foi me dando medo daquele homem me passar a m�o. Ent�o, tomada de raiva e indigna��o, forcei a passagem e, assim que sa� do espa�o apertado, bati nele com toda a for�a usando meu caderno. No entanto, ele come�ou a me xingar e me estapear na cara – logo depois, saiu correndo na dire��o contr�ria.”Jana�na

“Era uma calourada de um curso universit�rio. Uma certa hora, um cara chega pra mim, j� se impondo, querendo me beijar. Eu disse que n�o. Ele insistiu. Continuei dizendo que n�o e ele continuou a insistir. Quando eu consegui sair dele, ele come�ou a me xingar: ‘Piranha, essa menina � uma piranha’.” L. B.

Uma hist�ria de desafios

7 de dezembro de 1940

C�digo Penal (Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940) diz que n�o se pune aborto praticado por m�dico se n�o h� outro meio de salvar a vida da gestante e se a gravidez � resultado de aborto e houver consentimento da gestante

18 de agosto de 1960
A primeira p�lula anticoncepcional � lan�ada em 1960, nos EUA. No Brasil, chegou tr�s anos depois. � considerada uma das propulsoras da revolu��o sexual, garantindo a libera��o da mulher para o sexo sem o risco de gravidez indesejada.

23 de junho de 1977
Congresso Nacional aprova a Lei do Div�rcio, que permite ao homem e � mulher, alvo de preconceito, se casar novamente.

7 de agosto de 2006
Lei Maria da Penha: A Lei 11.340, inspirada na farmac�utica Maria da Penha, que se tornou s�mbolo da luta contra a viol�ncia contra a mulher no pa�s, estabelece mecanismos para coibir a viol�ncia dom�stica e familiar contra a mulher.

14 de abril de 2015
Prefeitura de S�o Paulo sanciona a Lei 16.161, que estabelece multa de R$ 500 ao estabelecimento que proibir ou constranger a mulher que amamentar seu beb� em p�blico.
 

 

 


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