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Estado de Minas

Mulheres v�o �s ruas pelo direito de ser livre

Mobiliza��o de mulheres nas ruas do pa�s chama a aten��o para temas pol�micos em debateno Congresso, entre eles o projeto que cria restri��es e penas a quem fizer ou recomendar aborto


postado em 03/11/2015 06:00 / atualizado em 03/11/2015 07:21

Mãe solteira, a produtora cultural Irlana Cassini critica o conteúdo do Estatuto da Família(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
M�e solteira, a produtora cultural Irlana Cassini critica o conte�do do Estatuto da Fam�lia (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Depois de se envolver em den�ncias de corrup��o e ter suas contas secretas na Su��a reveladas pelo Minist�rio P�blico daquele pa�s, o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu, com sua postura conservadora, reacender a luta das mulheres no Brasil. O estopim foi um projeto de lei de sua autoria que dificulta o atendimento das v�timas de estupro no sistema de Sa�de e torna mais restrito o aborto legal para aquelas que ficarem gr�vidas em raz�o da viol�ncia sofrida. Resultado: Cunha levou, desde a �ltima semana, milhares de mulheres �s ruas para lutar, como h� tempos n�o se via, pelas suas conquistas. Nenhum direito a menos � o novo mote da pauta, que com a personaliza��o do risco do retrocesso no peemedebista, ganhou tamb�m o nome de Fora Cunha, frase que tem sido constante nos cartazes dessas manifesta��es pelo pa�s.

Na Avenida Paulista, em S�o Paulo, foram cerca de 15 mil mulheres gritando contra o Projeto de Lei 5069/13 na sexta-feira. Na quarta-feira, cerca de 5 mil, segundo a organiza��o, sa�ram pelas ruas do Rio de Janeiro para pedir autonomia sobre o pr�prio corpo. Tamb�m houve atos em Belo Horizonte, Bras�lia, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Recife. E elas garantem, a luta, que tamb�m ganhou a ades�o dos homens, vai continuar. As manifesta��es come�aram depois que o texto, sob a batuta de Cunha, foi aprovado pela Comiss�o de Constitui��o, Justi�a e Cidadania, ficando pronto para ser votado em plen�rio.

A professora Sara Azevedo, de 30 anos, do Coletivo Juntas, que tem organizado manifesta��es contra o projeto e pelo Fora Cunha, afirma que o grau de instabilidade atual fez as pautas do movimento feminista mais fortes. “As diversas pautas tratadas dentro da C�mara, que � a mais retr�grada dos �ltimos anos, passam por um processo de ataques cada vez mais ferozes aos nossos direitos, que n�o foram conquistados de bandeja. Isso nos obriga a nos reorganizar. O PL 5.069 foi a gota d'�gua para os movimentos explodirem nas ruas tamb�m.”

Para Sara, est� havendo uma “nova primavera das mulheres” e a pauta � extensa. Elas j� vinham debatendo a legaliza��o do aborto e o direito da mulher de usar a roupa que quiser, luta que ficou conhecida desde 2011 quando explodiu no Canad� a Marcha das Vadias. Batalham tamb�m por direitos e sal�rios iguais no mercado de trabalho. Depois do ato que teve apoio de cerca de 200 pessoas na Pra�a da Liberdade, no s�bado, as Mulheres contra Cunha discutem a possibilidade de fazer mais um protesto na capital mineira. “Foi dada a largada, a gente espera crescer e principalmente derrubar o Cunha, que representa tudo isso que vai de encontro aos nossos direitos”, disse.

Neusa Melo, da Rede Feminista de Saúde, diz que o PL 5.069 destrói a possibilidade de mulheres que foram estupradas se reerguerem (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Neusa Melo, da Rede Feminista de Sa�de, diz que o PL 5.069 destr�i a possibilidade de mulheres que foram estupradas se reerguerem (foto: Euler J�nior/EM/D.A Press)

RETROCESSO
A ge�grafa Neusa Melo, de 57, da Rede Feminista de Sa�de, considera que o pa�s vive um momento de retrocesso absoluto na quest�o do direito das mulheres. “O estupro � um tipo de viol�ncia que persegue a mulher ao longo da vida e � responsabilidade do estado dar garantias para que essa mulher tenha condi��o de superar esse tipo de viol�ncia. O PL 5.069 est� destruindo a possibilidade de essas mulheres se reerguerem. O que est�o propondo � um retrocesso de mais de 40 anos”, afirma.

Outro projeto considerado prejudicial �s mulheres � o Estatuto da Fam�lia, tamb�m aprovado em comiss�o da C�mara. Por ele, a produtora cultural Irlana Toledo Cassini, de 29, m�e solteira que cria a filha em uma casa coletiva, n�o se enquadra na defini��o familiar. “Quem defende isso vive em um mundo que n�o � o mesmo que a gente est�. Embora as fam�lias sejam geridas muito em torno do feminino, a gente sabe que chega a ser mais raro uma crian�a ser criada por um pai e uma m�e, principalmente os biol�gicos, do que qualquer outro formato”, disse.

 

An�lise da not�cia

Mulheres d�o exemplo

Paulo Nogueira

Enquanto o governo e o Congresso deixam o pa�s em banho-maria e a popula��o perplexa diante da paralisia da economia e da troca de acusa��es de corrup��o, as mulheres d�o exemplo contra a in�rcia. Al�m do grito nas ruas, elas contam cada vez mais com as redes sociais para denunciar o preconceito, o machismo e o abuso sexual. O feiti�o se volta contra o feiticeiro, como diz o velho ditado, e tende a punir quem usa o anonimato na rede virtual para cometer crimes. O poder p�blico patina, envolto em um acordo velado que pode barrar os processos de impeachment da presidente Dilma e de cassa��o do presidente da C�mara, Eduardo Cunha. E as mulheres aceleram a luta por seus direitos.


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