
Come�ou nesta quarta-feira o julgamento do ex-prefeito de Una� Ant�rio M�nica, na sede da Justi�a Federal, em Belo Horizonte. Ant�rio � irm�o do fazendeiro Norberto M�nica, conhecido na cidade do Noroeste mineiro como o 'Rei do Feij�o', e foi condenado, na �ltima sexta-feira (30/10), como mandante do crime, com senten�a de 25 anos de pris�o para cada assassinato, totalizando 100 anos de pena. Norberto poder� abater da condena��o o per�odo de um ano e quatro meses de cumprimento de pena na cadeia. Por ser r�u prim�rio, ele recorrer� da senten�a em liberdade. A Chacina de Una� ocorreu em 2004 com a morte de tr�s fiscais e um motorista do Minist�rio do Trabalho e Emprego, que fiscalizavam den�ncias de trabalho escravo na regi�o.
Nesta quarta-feira, o advogado das vi�vas das v�timas e assistente de acusa��o, Ant�nio Francisco Patente, afirmou que haver� surpresas no julgamento de hoje. Segundo o advogado, h� provas contundentes do envolvimento de Ant�rio M�nica na Chacina de Una�. "Existe um caminh�o de provas que envolvem o Ant�rio na cadeia principal da decis�o do crime", afirmou Patente. O julgamento dever� durar at� sexta-feira (5). A previs�o � que durante o dia de hoje sejam ouvidas entre 15 e 20 testemunhas do crime.

Protestos
Na porta da sede da Justi�a Federal, na capital, manifestantantes gritaram assassino durante a chegada do r�u Ant�rio M�nica, que estava acompanhado do advogado Marcelo Leonardo. Nenhum dos dois quis falar com a imprensa. Ant�rio entrou na sede da Justi�a sorrindo. Perguntado se � inocente, ele n�o respondeu.
A presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais, Rosa Jorge, disse que a categoria est� confiante na condena��o de Ant�rio. Para ela, o ex-prefeito de Una� � o mentor da chacina. Ela tamb�m disse que � frustrante para os fiscais do trabalho ver Norberto M�nica recorrer da senten�a da condena��o em liberdade. "Como pode uma pessoa que pegou pena m�xina ser colocada em liberdade?", reclamou Rosa Jorge.
Delegado

O delegado disse que n�o participou da segunda parte das investiga��es, quando Ant�rio foi inclu�do como suspeito de participar do crime. Mas ressalvou que sabe que o uso do carro Marea, apontado pela acusa��o como sendo da mulher de Ant�rio, � um elemento importante para esclarecer os autores do crime.
De acordo com as investiga��es da for�a-terefa policial, o carro teria sido usado no dia anterior ao crime pelos pistoleiros acusados de matar as v�timas. Testemunhas viram o carro com os pistoleiros em um posto de gasolina.
Wagner Pinto tamb�m afirmou que, durante as investiga��es, foram colhidas evid�ncias de que a motiva��o do crime foi gerada pelo descontentamento de Norberto M�nica com o n�mero de multas dadas pelos fiscais mortos na chacina. O delegado disse que pouco antes das mortes houve fiscaliza��es em fazendas dos irm�os M�nica que provocou 'inconformismo' nos fazendeiros.
O delegado tamb�m refutou a argumenta��o da defesa de Norberto M�nica, que sustentou ser o cerealista Hugo Alves Pimenta o mandante do crime. Wagner Pinto disse que o cerealista n�o tinha motivo para ordenar o crime. Pimenta � acusado pelo Minist�rio P�blico Federal de ser o interm�diario da chacina ao contactar os pistoleiros que executaram o crime.
Defesa
O delegado Wagner Pinto tamb�m foi questionado pela defesa de Ant�rio M�nica. Perguntado por Marcelo Leonardo, advogado do r�u, se possui elementos suficientes para acusar Ant�rio de envolvimento na chacina, o delegado disse que n�o. No entanto, ele afirmou em seguida que ouviu rumores do envolvimento de Ant�rio no crime.
Vi�va
Helba Soares, vi�va do fiscal morto Nelson Silva, disse ao tribunal do j�ri que o marido chegou a comentar com ela as irregularidades encontradas na fazenda de Luiz M�nica, um dos irm�os de Norberto. No dia seguinte ao coment�rio, de acordo com Helba, Nelson saiu cedo, por volta das 7 horas. Pouco mais de quatro depois, ela recebeu a not�cia de que o marido estava morto.
Helba tamb�m relatou que Nelson comentou com ela que vinha sofrendo amea�as de funcion�rios dos irm�os M�nica. "Ele (Nelson Silva), incomodava muito", disse a mulher do fiscal. Ela contou que o marido tinha muito medo de ser morto.
Helba tamb�m disse que Celso M�nica teria dito a um cunhado dela que os M�nica n�o mataram quatro pais de fam�lia. "Mas quatro cachorros", afirmou Elba. Segundo ela, esta declara��o teria sido feita em um bar durante a campanha eleitoral de Ant�rio a prefeito de Una�.
O advogado Marcelo Leonardo contestou a declara��o de Elba. Segundo o advogado, o cunhado dela, Wanderli da Silva Rodrigues, prestou depoimento � Pol�cia Federal negando que tivesse escutado a declara��o de Celso. Elba rebateu a defesa de Ant�rio. De acordo com ela, o cunhado desmentiu a hist�ria por medo dos M�nica.
O tribunal do juri fez uma pausa para o almo�o e retorna ap�s 13h15.

Entenda o caso
A Chacina de Una� aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente. Os auditores fiscais do Trabalho Erast�tenes de Almeida Gon�alves, Jo�o Batista Soares Lage e Nelson Jos� da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros enquanto faziam uma fiscaliza��o de rotina na zona rural de Una�.
A Pol�cia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homic�dio triplamente qualificado: os fazendeiros e irm�os Ant�rio e Norberto M�nica, os empres�rios Hugo Alves Pimenta, Jos� Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, al�m de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rog�rio Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.
Um dos r�us, o empres�rio Francisco Elder, morreu no �ltimo dia 7, aos 77 anos. Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os tr�s primeiros respons�veis pela chacina de Una� s� foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por tr�s homic�dios triplamente qualificados e por forma��o de quadrilha, Rog�rio Alan Rocha Rios a 94 anos de pris�o pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclus�o por homic�dio triplamente qualificado.