
Novo delator da Opera��o Lava-Jato, o engenheiro Agosthilde M�naco de Carvalho declarou � for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal que o ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver� lhe disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, poderia "honrar compromissos pol�ticos" do ent�o presidente da estatal Jos� S�rgio Gabrielli. "De acordo com as informa��es fornecidas por Nestor Cerver�, este neg�cio atenderia ao interesse de Gabrielli em realizar o Revamp (Renova��o do Parque de Refino) e ao interesse da �rea internacional em adquirir a Refinaria", declarou M�naco.
Nesta segunda-feira, a Pol�cia Federal deflagrou a Opera��o Corros�o, 20ª fase da Lava-Jato. A nova etapa da investiga��o mira Pasadena, caso emblem�tico da corrup��o instalada na Petrobras. Segundo o Tribunal de Contas da Uni�o, a compra da refinaria causou um preju�zo de US$ 792 milh�es.
Segundo o delator, Cerver� afirmou que antes mesmo do fechamento do contrato de compra de Pasadena, "o presidente Gabrielli j� havia indicado a Construtora Norberto Odebrecht para realizar o Revamp para 200.000 barris/dia".
"O diretor Nestor, em tom de desabafo, disse ao depoente que o presidente Gabrielli estava muito interessado em resolver o assunto e dar a obra do Revamp para a Odebrecht", relatou.
Homem de confian�a de Cerver�, o engenheiro Agosthilde M�naco de Carvalho contou que no final de 2004 recebeu determina��o do ent�o diretor de Internacional para localizar refinarias de petr�leo que estivessem � venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras. Segundo ele, na �poca era parte do plano estrat�gico da companhia o escoamento da produ��o excedente de petr�leo para o exterior.
Agosthilde M�naco de Carvalho afirmou que em janeiro de 2005, durante um telefonema com o presidente da Astra Oil, Alberto Failhaber, ent�o propriet�ria de Pasadena, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria e teria interesse em revend�-la.
"Nesta liga��o o Sr. Alberto Failhaber, perguntado sobre as condi��es da refinaria, disse que a mesma precisava "tomar um banho de loja" para ficar nos padr�es de qualidade t�cnica da Petrobras, uma vez que ela foi comprada na "bacia da almas", posto que o antigo propriet�rio (Crown), por problemas financeiros, quase n�o mais investia em manuten��o preventiva, os equipamentos estavam desgastados e mal conservados, tinham problemas de seguran�a operacional, a m�o de obra desmotivada e, principalmente, sem cr�dito para aquisi��o de �leo, mat�ri- prima operacional", declarou.
O delator contou � for�a-tarefa da Lava-Jato que levou essas informa��es a Cerver�. Segundo ele, o ent�o diretor da Petrobras disse, "abrindo um sorriso": "N�s tamb�m podemos comprar esta refinaria na bacia das almas, pois a Astra, sendo uma empresa de trading, n�o tem estrutura t�cnica nem capital para fazer um adequado investimento, al�m do mais, se chegarmos a um acordo com ela (Astra), um Revamp da refinaria deixar� bastante satisfeito o presidente da Petrobras, pois sei que ele tem alguns compromissos pol�ticos a saldar, portanto com Pasadena mataremos dois coelhos com uma �nica cajadada: refinar o �leo de Marlim nos Estados Unidos e o presidente Gabrielli poder honrar seus compromissos pol�ticos".
O bra�o direito de Cerver� afirmou � for�a-tarefa da Lava-Jato que uma comiss�o visitou a refinaria de Pasadena para avalia��o. "Nesta visita, ocorrida entre os dias 29 a 31 de mar�o de 2005, verificou que a mesma realmente encontrava-se em p�ssimas condi��es de conserva��o, se comparada �s refinarias brasileiras, e que seriam necess�rias v�rias reformas na refinaria para que ficasse em boas condi��es; que todos os membros da comiss�o observaram que a refinaria n�o estava em boas condi��es; que foi elogiada a localiza��o f�sica, mas n�o a condi��o operacional da refinaria; que ao retornar ao Brasil comunicou esses fatos ao diretor Nestor e recebeu a mesma informa��o, 'n�o se meta, M�naco, isso � coisa da Presid�ncia'".
Agosthilde M�naco de Carvalho declarou ainda que Cerver� lhe mostrou um e-mail, datado de 25 de maio de 2006, encaminhado pelo ent�o diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque - bra�o do PT na estatal - no qual "o respons�vel da Construtora Norberto Odebrecht relata o convite �s outras construtoras para dividirem a obra de Revamp da refinaria de Pasadena".
"As outras construtoras convocadas para a rodada eram Andrade Gutierrez, Camargo Corr�a, Queiroz Galv�o e Ultratec; que o sr. Alberto Failhaber contou ao depoente, em uma das visitas que fez � sede da Petrobras, que tentaram 'empurrar goela abaixo' o Revamp de 200.000 barris/dia e a contrata��o da Construtora Norberto Odebrecht para fazer a obra", relatou o delator.
Procurado na manh� desta segunda-feira, o ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli n�o se manifestou.