
O an�ncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da C�mara dos Deputados, de abrir o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff causou um verdadeiro tsunami n�o s� no meio pol�tico como tamb�m em toda a sociedade. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aur�lio Mello classificou de “inimagin�vel” que Cunha tenha tomado a medida como retalia��o � decis�o do PT de votar pelo prosseguimento do processo de cassa��o de seu mandato na Comiss�o de �tica. "N�o se pode atuar dessa forma. A atua��o deve ser independente”, afirmou o ministro.
Marco Aur�lio, que j� defendeu a ren�ncia de Cunha do comando da C�mara por causa das investiga��es do esquema de corrup��o, minimizou a influ�ncia do peemedebista no processo. O ministro afirmou que o parlamentar apenas aceitou a tramita��o do pedido de impeachment num gesto protocolar. “Ele n�o toca no processo. Quem tocar� o processo ser� o colegiado. N�o h� esse poder do presidente da Casa receber ou n�o receber a not�cia da pr�tica que leva ao impeachment”, disse.
O senador e presidente nacional do PSDB, A�cio Neves (MG), afirmou que o partido recebeu com “absoluta naturalidade” a decis�o do presidente da C�mara, segundo ele “ancorada naquilo que prev� a Constitui��o”. Pedindo prud�ncia, o tucano, no entanto, discordou da tese de que a abertura do processo de impeachment seja um golpe. “N�s apoiamos a proposta do impeachment, isso n�o � golpe”, disse ele.
A�cio repetiu v�rias vezes que a Dilma “perdeu as condi��es de governar” e avaliou que caber� aos parlamentares, primeiro na C�mara, depois no Senado, “acolher o sentimento da popula��o brasileira”. O parlamentar considerou como “extremamente consistente” a pe�a que deu origem ao pedido de impeachment – produzida por juristas como Miguel Reale Jr., ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, e H�lio Bicudo, um dos fundadores do PT. “O que existe neste momento � o sentimento da prud�ncia para que o processo tenha o tr�mite adequado e a presidente apresente suas justificativas.”O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), n�o quis comentar a decis�o de Cunha. “”N�o � prudente antecipar qualquer posi��o”, disse. J� o presidente do Solidariedade (SD), deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da For�a, n�o escondia a satisfa��o com o an�ncio e lembrou que trabalhou “o ano inteiro pelo impeachment de Dilma”. Mas o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), defensor ferrenho da cassa��o de Dilma abriu fogo contra Cunha, dizendo que assim como a petista, Cunha n�o tem condi��es morais de abri o processo.
Vingan�a
Da base de apoio ao governo petista, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-SC) se manifestou nas redes sociais e chamou de “sentimento de vingan�a” a iniciativa de Cunha. “A decis�o dele viola e rasga os votos dados por 53 milh�es de brasileiros e pode representar a ruptura de nossa jovem democracia. Estamos assistindo a um golpe contra a democracia”, disse a senadora pelo Facebook.
Para o professor em�rito da Faculdade de Direito da Universidade de S�o Paulo Dalmo de Abreu Dallari, o PT n�o deve questionar o pedido de impeachment da presidente Dilma. “Nem � caso do governo questionar esse pedido. Ele deve ignor�-lo, j� que n�o h� base jur�dica”, afirmou o jurista.
Os movimentos sociais favor�veis ao impeachment comemoraram e prometem convocar novas manifesta��es. “Este � um dia hist�rico, porque, finalmente, o pedido que vem da popula��o est� sendo atendido”, disse Rog�rio Chequer, porta-voz do Vem pra Rua. Ele ponderou que, embora pesem acusa��es contra Cunha, ele ainda � presidente da C�mara e, portanto, tem compet�ncia para tomar a decis�o. “Esse pedido n�o veio de pol�ticos, veio de um clamor popular e � isso o que importa,” afirmou Chequer.
L�deres de movimentos sociais prometeram reagir nas ruas � tentativa de impeachment de Dilma. L�der do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Jo�o Pedro Stedile, tachou como golpe a abertura do processo e disse que organiza��es de esquerda far�o avalia��es para definir como fazer press�o em favor da petista. “O povo brasileiro elegeu a presidenta e mais 27 de governadores. E todos t�m direito de conclu�rem seus mandatos constitucionais.”