
"Indagado se j� recebeu cobran�as ou press�es de Ricado Marcelo Villani (dono da Muranno) no sentido de que o mesmo iria denunciar o pagamento de vantagens indevidas feitas em beneficio do PT, o declarante (Gabrielli) afirma que jamais recebeu qualquer tipo de cobran�a ou press�o", afirmou o ex-presidente da Petrobras, em depoimento prestado � PF no dia 9, em Bras�lia.
"Jamais realizou ou determinou o pagamento de valores a Ricardo Villani ou qualquer de suas empresas", disse Gabrielli, em depoimento ao delegado Jos�lio Azevedo de Souza. O documento foi anexado ao inqu�rito em que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi ouvido como informante, na semana passada.
Os R$ 6 milh�es foram pagos a Muranno pelo doleiro Alberto Youssef - pe�a central da Lava Jato - a partir de 2010. Tanto o doleiro como ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmaram em suas dela��es premiadas que os pagamentos foram feitos a mando do ex-presidente Gabrielli por "pend�ncias" da estatal com a ag�ncia.
Segundo o doleiro afirmou, a ag�ncia de propaganda era contratada pela Petrobras e tinha d�vidas a receber. Villani estaria pressionando o governo Lula para obter os valores atrasados e amea�ava denunciar os esquemas de corrup��o e propina na estatal - que era controlado pelo PT, PMDB e PP.
O ex-diretor de Abastecimento confirmou que partiu do ex-presidente da Petrobras a ordem para o pagamento da Muranno. "Em determinada oportunidade, o ent�o presidente da empresa S�rgio Gabrielli mencionou ao declarante a exist�ncia de uma 'pend�ncia' da Petrobras junto a empresa (Muranno) e solicitou ao declarante que fosse resolvida", afirmou, no dia 14 de julho.
Youssef detalhou como providenciou o pagamento. "Houve a suspens�o de contratos pela Petrobras, prejudicando recebimentos da parte acordada com as empresas, que deveriam ser quitados independentemente de suspens�o", afirmou o doleiro. Os pagamentos teriam come�ado no final de 2010, ano da primeira elei��o da presidente Dilma Rousseff. "Destinou no total aproximadamente R$ 6 milh�es �s duas empresas de publicidade", explicou Youssef.
"Pagou parte em dinheiro e parte em TEDs, feitas pela MO Consultoria ou Empreiteira Rigidez, e tamb�m pagou parte com dep�sitos da Sanko Sider." As duas primeiras eram firmas de fachada de sua lavanderia e a Sanko atuava em parceria com seus esquemas de lavagem na Petrobras.
O doleiro revelou que cuidou dos pagamentos por parte do PP. "Soube que o PMDB acabou n�o contribuindo com nada", disse Youssef. "Quanto � parte de deveria ser paga pelo PT, o depoente foi procurado por J�lio Camargo que informou que cuidaria da parte que o PT deveria arcar e ent�o repassou valores ao depoente mediante pagamentos de ordens no exterior em contas indicadas pelo depoente", registrou a PF.
Defesa
Ouvido pela PF em Bras�lia, Gabrielli negou tudo. "S�o absolutamente mentirosas as afirma��es feitas por Paulo Roberto Costa." Ele disse que n�o "conhece e jamais teve qualquer contato, publico ou particular, com o dono da Muranno.
A Muranno prestou servi�os de divulga��o para a Petrobras em eventos da F�rmula Indy, nos Estados Unidos. Documentos entregues no m�s passado pela estatal � Lava Jato mostram que no ano de 2008 foram feitos 22 pagamentos oficiais para a ag�ncia, por 'pequenos servi�os' - que dispensam licita��es -, no total de R$ 2,5 milh�es.
Em depoimento � PF, Villani afirmou no ano passado que prestou servi�os para a Petrobras e teria a receber R$ 7 milh�es. Ele afirmou que em duas ocasi�es procurou o ex-diretor de Abastecimento, ap�s sua sa�da da estatal, em 2012, para receber valores n�o pagos.
Os contratos da Muranno integram um pacote de pagamentos considerados irregulares pela pr�pria companhia, que resultaram na demiss�o de um apadrinhado de Gabrielli, o ex-gerente de Marketing da �rea de Abastecimento Geovanne de Morais.
Villani entregou para a Lava Jato o material produzido pela ag�ncia nos eventos de F�rmula Indy, bem como as trocas de e-mails, entre 2006 e 2009, que comprovariam a contrata��o e suas rela��es internas na estatal, em especial com o ex-gerente de Marketing.
Morais foi citado ainda pela ex-subordinada de Paulo Roberto Costa, Venina Velosa da Fonseca, como respons�vel pelos pagamentos de servi�os n�o prestados para a a Muranno.
Gabrielli nega tamb�m que tenha sido avisado por Venina sobre corrup��o. "As discuss�es existentes neste per�odo diziam respeito ao valor elevado dos contratos e n�o a poss�vel obten��o de vantagens indevidas."
O ex-gerente de Marketing � da Bahia e ligado ao grupo pol�tico petista do ex-presidente da Petrobras. Gabrielli nega e diz que o ex-funcion�rio foi punido com a demiss�o, assim que se comprovou internamente sua responsabilidade e irregularidades em contratos da �rea, no ano de 2008.