O Pal�cio do Planalto est� fazendo um pente-fino nos cargos de primeiro, segundo e terceiro escal�es do governo para mapear as indica��es pol�ticas e us�-las como forma de evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O objetivo � tentar detectar os reais padrinhos dos ocupantes dos cargos de confian�a em Bras�lia e nos Estados para pression�-los a votar contra o afastamento, ou negociar essas nomea��es com quem esteja disposto a defender a perman�ncia da petista.
O governo evita informar quantos s�o os cargos distribu�dos a afilhados de parlamentares ou caciques pol�ticos entre os cerca de 22 mil postos comissionados na m�quina federal. Sabe-se, por�m, que h� deputados publicamente favor�veis ao impeachment que indicaram nomes para essas vagas. H� tamb�m o que chamam de "barriga de aluguel": um parlamentar indica um nome que, na verdade, � ligado a outra legenda ou grupo pol�tico, o que torna mais dif�cil o rastreamento.
Est�o no radar do governo, por exemplo, os afilhados do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), patrocinador do processo de impeachment de Dilma e inimigo n�mero um do Planalto. O Planalto trata como "inaceit�vel" manter as indica��es feitas pelo peemedebista. Outra situa��o j� detectada envolve o principal �rg�o do turismo e a bancada do PMDB catarinense.
O atual presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) � o catarinense Vin�cius Lummertz, nomeado na cota do vice-presidente Michel Temer, mas indicado pelo deputado Mauro Mariani, que � presidente do PMDB de Santa Catarina e para quem o impeachment se tornou "inevit�vel", como disse em entrevista a um colunista de seu Estado em outubro.
Volta no tempo
O Planalto, no entanto, sabe que � muito dif�cil desenrolar o novelo de cada nomea��o e detectar a origem da indica��o pol�tica. Mas o trabalho em curso envolve vasculhar nomea��es antigas, inclusive dos governos Itamar Franco, que era peemedebista, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
V�rias dessas nomea��es foram esquecidas e os supostos afilhados ainda est�o nos mesmos cargos. Esse problema n�o existe apenas em rela��o ao PMDB, mas em todos os partidos da base. Da� a tentativa de mapeamento e busca da origem da indica��o pol�tica. Embora o mapeamento dos cargos seja recorrente - foi feito nos dois mandatos de Luiz In�cio Lula da Silva e j� na gest�o Dilma -, nem sempre se conseguiu detectar o padrinho "original" de um ocupante de cargo de confian�a. At� porque h� funcion�rios de segundo e terceiro escal�es que buscam novos padrinhos pol�ticos para manterem o comissionamento ou que escondem o apadrinhamento, justamente para evitar press�o sobre seus aliados pol�ticos.
Ainda no segundo mandato de Lula, os articuladores pol�ticos da gest�o petista avaliaram que, dos cerca de 22 mil cargos no governo, 5 mil seriam os realmente importantes para a divis�o de poder entre os dez partidos que apoiavam o presidente no Congresso naquela �poca.
Hoje, em tese, h� 18 legendas que dizem sustentar Dilma, mas na pr�tica essas siglas conseguem garantir apenas cerca de 250 votos contra o impeachment na C�mara. O n�mero � suficiente para impedir a abertura de processo pelo afastamento de Dilma, mas pequeno para uma base de apoio ao governo - � inferior � maioria simples da C�mara, composta por 513 deputados.
Lideran�as
O mapeamento tamb�m dar� subs�dio �s conversas que o governo ter� a partir desta semana sobre a escolha das lideran�as dos partidos da base, em fevereiro. Para o Planalto, � fundamental garantir o maior n�mero de l�deres na C�mara contr�rios ao impeachment, pois eles v�o indicar os integrantes da Comiss�o Especial do impeachment. Essa tarefa est� a cargo do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
O desafio � n�o fazer com que essa interfer�ncia abra crises como a ocorrida no PMDB, que teve o l�der Leonardo Picciani (RJ), contr�rio ao impeachment, destitu�do e reconduzido ao posto.