Decis�es recentes do ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, ampliaram o distanciamento entre ele, o PT e o Pal�cio do Planalto. O desgaste foi refor�ado pela "dobradinha" entre o ex-advogado-geral da Uni�o na gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva e o ministro do STF mais cr�tico ao governo, Gilmar Mendes.
No Pal�cio do Planalto, tr�s epis�dios ilustram o afastamento de Toffoli em rela��o ao governo e ao PT, embora ainda hoje ele seja alvo de grupos antipetistas. O mais recente ocorreu na an�lise do rito do impeachment no Supremo, em dezembro.
"Se um presidente n�o tem apoio de 1/3 dos deputados, fica dif�cil a governabilidade", afirmou o ministro naquela sess�o, ao se alinhar aos votos vencidos de Luiz Edson Fachin e Gilmar Mendes, contr�rios � tese governista, que venceu a discuss�o.
Dois meses antes, no TSE, Toffoli votou pela abertura da a��o de impugna��o de mandato de Dilma. O processo pode culminar na cassa��o da presidente e do vice Michel Temer.
O Planalto tamb�m atribui a Toffoli um imbr�glio diplom�tico com a Venezuela. Em outubro, ele suspendeu a participa��o do TSE na comiss�o da Uni�o das Na��es Sul-americanas (Unasul), que acompanharia as elei��es parlamentares no pa�s, em dezembro. A justificativa foi a de que a Unasul rejeitara o nome do ex-ministro Nelson Jobim para chefiar a miss�o.
Auxiliares de Dilma asseguraram, por�m, que n�o houve veto a Jobim e que Toffoli agiu de forma precipitada. At� mesmo Lula ficou contrariado com o epis�dio. Respons�vel pela indica��o de Toffoli ao STF, Lula � um dos maiores cr�ticos da aproxima��o dele com Gilmar.
A afinidade entre os dois ministros do Supremo e do TSE come�ou a se revelar em mar�o passado. Por sugest�o de Gilmar, Toffoli mudou da 1.ª para a 2.ª Turma do STF, colegiado respons�vel pelos processos da Lava Jato. A transfer�ncia engessou o Planalto, que perdeu a chance de indicar um nome para compor a turma que julgaria os casos relacionados � corrup��o na Petrobras.
Hist�rico
Nos bastidores do governo, o coment�rio � que Toffoli n�o gosta de Dilma desde que teve de deixar a Casa Civil, em 2005. Ele era subchefe de Assuntos Jur�dicos quando a petista assumiu a pasta no lugar de Jos� Dirceu - abatido no esc�ndalo do mensal�o - e o exonerou. Na avalia��o do Planalto, o ministro quer mostrar total autonomia porque ficou na mira da m�dia pela liga��o com o PT, antes de integrar o STF.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Toffoli disse que "sempre" teve "posi��o de total independ�ncia" em rela��o ao governo. "N�o se trata de algo recente", afirmou, ao destacar que as decis�es no STF e no TSE s�o tomadas com base na Constitui��o e na legisla��o.
No ano passado, Dilma e Toffoli se reuniram duas vezes para discutir a proposta do Registro Civil Nacional. A portas fechadas, ele se queixou da dificuldade para agendar encontros com a presidente. Toffoli foi um dos cinco ministros do STF convidados para um jantar organizado por Dilma, no Pal�cio da Alvorada, em agosto, para celebrar o Dia do Advogado. A ideia era aproximar a presidente da c�pula do Judici�rio, mas participantes do encontro relataram que o clima era de pouca afinidade entre os dois lados.
No PT, a m�goa com Toffoli teve in�cio j� no julgamento do mensal�o, em 2012. Apesar de absolver Dirceu, com quem trabalhou, o ministro condenou o ex-presidente do partido Jos� Genoino.