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Estado de Minas

Noruega apura rede de propinas para Brasil


postado em 25/01/2016 15:37 / atualizado em 25/01/2016 15:42

Investiga��es na Noruega apontam para a suspeita de que cerca de R$ 140 milh�es tenham sido pagos em propinas para ex-diretores da Petrobr�s, agentes e autoridades no Brasil para permitir que empresas do pa�s escandinavo fechassem acordos com a estatal brasileira.

O envolvimento de empresas norueguesas na Lava Jato tem abalado a credibilidade do setor privado e da ind�stria do petr�leo, em grande parte respons�vel pela transforma��o da Noruega em um dos pa�ses mais ricos do mundo.

No centro da investiga��o est� a empresa Sevan Drilling. O Estado teve acesso a trechos confidenciais de uma investiga��o interna da empresa que aponta que, no total, 300 milh�es de coroas norueguesas (R$ 141 milh�es) podem ter sido enviadas para contas na Su��a, nas Ilhas Virgens Brit�nicas, no Panam� e em M�naco. A suspeita � de que parte importante desse dinheiro tenha sido usada para corromper a antiga dire��o da Petrobr�s.

Segundo a apura��o, a empresa Sevan Drilling teria usado Raul Schmidt Felippe Junior, representante da companhia no Rio de Janeiro, para fazer os pagamentos.

Uma auditoria conduzida pelo escrit�rio Selmer, em Oslo, concluiu que "� prov�vel que pagamentos ilegais tenham sido feitos para garantir contratos com a Petrobr�s". Eles seriam para a compra de instala��es para estocagem e navios, al�m de material para perfura��o das subsidi�rias Sevan Driller e Sevan Brasil. "Tais atos podem potencialmente representar um crime financeiro", indicou a auditoria.

No Brasil, Schmidt � apontado pela investiga��o da Lava Jato como "parceiro" de Jorge Zelada, ex-diretor da �rea de Internacional da Petrobr�s. Juntos, mantinham a empresa TVP Solar, com sede em Genebra. A suspeita � de que ele teria feito parte de opera��es para camuflar recursos desviados da estatal.

Origem


Tudo come�ou mais de uma d�cada antes da Lava Jato. Em 2001, a Sevan Marine foi criada, com o objetivo de construir plataformas para a explora��o de petr�leo na costa brasileira. No Brasil, a empresa formaria uma subsidi�ria com Raul Schmidt e outros dois empres�rios.

Em 2005, a Sevan comemorou o seu maior contrato, o que valorizou suas a��es na Bolsa de Oslo. Com a Petrobras, construiu a plataforma de Piranema, num acordo de onze anos que valeria � empresa norueguesa US$ 100 mil por dia. Mas parte das comiss�es, segundo as investiga��es, teria ido para uma empresa nas Ilhas Virgens Brit�nicas, a Etesco.

Em 2007, Schmidt deixou a Sevan e abriu sua pr�pria empresa. Mas, um ano depois, os noruegueses assinaram mais um contrato e colocaram a nova empresa de Schmidt, Global Offshore, como agenciadora para contratos da Petrobr�s em �guas brasileiras. O valor da comiss�o seria de 3% de contratos de US$ 975 milh�es. A partir de 2010, a Global Offshore Service assumiu os compromissos de comiss�es tamb�m da Etesco.

Internamente, os primeiros sinais de que a comiss�o poderia ter outro fim apareceram em 2010. Naquele ano, a Sevan Drilling e a Sevan Marine se separaram. Schmidt, por meio de seus advogados, enviou uma cobran�a por "comiss�es atrasadas".

Em Oslo, a empresa j� contava com um novo comando, da executiva Siri Hatlen. Ao receber a cobran�a do operador brasileiro, a nova companhia exigiu que Schmidt preenchesse um question�rio para garantir o destino do dinheiro. Mas os advogados do brasileiro se recusavam a preencher o documento e o pagamento das comiss�es foi interrompido.

"Nenhum pagamento foi feito pela Sevan Marine dentro do 'acordo de agente' depois de 2010", disse Siri Hatlen, ao receber o Estado em um escrit�rio no centro de Oslo.

Diante da eclos�o do caso no Brasil e a cita��o do nome da empresa nos documentos da Lava Jato, Hatlen conta que decidiu fazer sua pr�pria apura��o, apresentando um comunicado � Bolsa de Valores de Oslo e entregando sua auditoria "para as autoridades norueguesas".

Mas a Sevan admitiu que, em seu trabalho, n�o tinha o poder de determinar qual havia sido o destino das comiss�es depois que foram depositadas nas contas de Schmidt. Essa tarefa, inclusive a de saber se o dinheiro beneficiou partidos e pol�ticos, ficou com a Justi�a.

Os dados e o informe chegaram at� o gabinete da procuradora anticorrup��o da Noruega, Marianne Djupesland, uma celebridade no pa�s por revelar que, na sociedade considerada como uma das mais honestas do mundo, multinacionais estavam dispostas a pagar propinas no exterior para garantir contratos em diversos setores.

Em outubro de 2015, ela e Linn Eckhoff Dolva, agente da pol�cia, lideraram uma opera��o de busca e apreens�o em tr�s cidades diferentes do pa�s escandinavo, confiscando milhares de p�ginas de documentos e computadores na sede da Sevan Drilling. Djupesland ainda confirmou que diversos membros da dire��o da empresa foram interrogados, entre eles Jan-Erik Tveteraas, fundador da companhia e ex-CEO.

Ao receber a reportagem, em Oslo, a procuradora confirmou que o caso come�a a ser investigado. "Estamos ainda nos est�gios iniciais", disse. "Confiscamos dados em outubro e agora estamos trabalhando com o material", explicou. Sua estrat�gia � a de "seguir o dinheiro’ para determinar quem recebeu os recursos nos para�sos fiscais e por qual motivo. Por isso, j� iniciou uma colabora��o estreita com a for�a-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, e vai enviar cartas solicitando a coopera��o de outros pa�ses, como a Su��a.

"Estamos colaborando uma s�rie de pa�ses, inclusive o Brasil" disse Marianne. Ela e Linn trabalham com outras sete pessoas dedicadas ao caso da Petrobr�s. A suspeita � de que parte do dinheiro teria tido como destino o banco su��o Julius Baer, em nome de Zelada.


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